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O racha do PT de Pernambuco – Como sempre acontece no partido, para chegar às causas, siga o lixo!

A direção nacional do PT anulou as prévias do partido feitas para decidir quem será o candidato à Prefeitura de Recife. O atual prefeito, João da Costa, venceu Maurício Rands, que acusou irregularidades na composição do colégio eleitoral. O comando do PT nega que tenha havido fraude, mas cancelou o processo mesmo assim, o que é fabuloso.

Quem encostar o peito no coração do PT de Recife vai entender direitinho o PT Nacional. De cabo a rabo. O ex-prefeito por dois mandatos João Paulo fez o seu sucessor em 2008, João da Costa, contra a vontade de lideranças graúdas do estado — o atual senador Humberto Costa entre eles. Poucos meses depois, criador e criatura estavam rompidos. Na origem, como é frequente no PT desde os primórdios, estava uma empresa de coleta de lixo. É incrível como petismo e lixo costumam se estreitar num abraço insano.

Quando Costa assumiu, o contrato com a empresa Qualix, que fazia o serviço desde 1985, estava vencendo. Ele prorrogou emergencialmente o contrato para ter tempo de fazer nova licitação. O problema, e aí a convivência com o ex começou a desandar, é que resolveu dar uma xeretada nos valores. O que circulou nos meios políticos da cidade é que não gostou muito do que viu. Havia o que poderia se chamar, como direi?, sobrepreço… Depois de um barafunda legal, a coleta terminou com a Queiroz Galvão. A partir daí, a cúpula do PT — João Paulo, o antecessor; Humberto Costa e Maurício Rands — começa o trabalho sistemático de desestabilização do “companheiro”.

De fato, a popularidade de João da Costa não anda lá essas coisas. Não é exatamente o preferido do governador Eduardo Campos (PSB) e enfrenta a oposição interna aberta dos petistas graúdos, embora todos eles tenham aliados e cupinchas pendurados na Prefeitura. Há até rancores que nascem de assuntos mais subalternos, como a negativa do prefeito de demitir uma certa funcionária que havia sido contratada em razão de talentos extracurriculares de que desfrutava um figurão do partido. Quando o casal rompeu, o gajo pediu a cabeça da moça. O prefeito não entregou. Por que não dou nomes? Porque sei que é verdade, mas não posso provar. Por que conto mesmo assim? Porque envolve dinheiro público. Sigamos.

É evidente que João da Costa tinha o direito natural de disputar a reeleição, a exemplo do que acontece com todos os que estão em primeiro mandato. A justificativa oficial para haver a troca é a sua impopularidade, que não é maior do que era a de João Paulo ao fim do primeiro mandato, e ninguém tentou defenestrá-lo por isso. A briga, que começou no lixo, se estendeu a outros interesses envolvendo os grupos petistas na cidade.

Rands ganhou uma pasta no governo de Eduardo Campos, que não esconde a simpatia por seu nome e dá a entender que a frente que mantém com o PT pode se desfazer na cidade caso o candidato seja mesmo João da Costa. Rands tentou impugnar alguns delegados na votação das prévias, que obtiveram na Justiça o direito de votar. Ele acusa, então, o adversário interno de ter “judicializado” a disputa, atropelando a instância partidária. Vocês sabem, né? Para o PT, o partido está acima do Poder Judiciário…

Então se chegou a esta situação esdrúxula: queimado desde sempre muito cedo com os caciques do partido em razão do… lixo!, João da Costa passou a ser hostilizado. Tentaram convencê-lo a desistir da disputa e entregar de mão beijada da vaga a Rands, candidato da cúpula do PT de Pernambuco, do PT Nacional e de Campos. Ele se negou a ir para o sacrifício e decidiu disputar as prévias. Venceu. A direção do PT nega que tenha havido fraude, mas cancelou o processo mesmo assim. Se for legal, cancelou por quê?

Desde as primeiras administrações municipais petistas, uma pista continua válida para chegar ao coração do partido: siga o lixo!

PS: No debate das prévias, sobrou baixaria para todo lado. A única coisa que os petistas deixaram de debater foram os problemas de Recife.


PT cancela prévia no Recife e define sobre João da Costa na terça



O PT oficializou o cancelamento da prévia para a escolha do pré-candidato da legenda à prefeitura de Recife, que seria no domingo. A decisão sobre quem vai representar o partido na disputa do executivo municipal da capital pernambucana deve sair na terça-feira, data para a qual foi convocada uma reunião extraordinária da Comissão Executiva para discutir a homologação da candidatura do atual prefeito, João da Costa.

Segundo a assessoria de imprensa do partido, João da Costa passou a ser o único candidato das prévias, tornando-as sem sentido, depois que o deputado federal licenciado Mauricio Rands desistiu da disputa. Rands seguiu a orientação recebida do partido na terça-feira, de abandonar a disputa em prol do senador Humberto Costa, nome que era consenso na legenda. O atual prefeito, no entanto, manteve-se firma na decisão de buscar a reeleição.

A definição sobre o cancelamento da prévia saiu de uma reunião na noite de quarta-feira, após o anúncio da desistência de Rands, com presença do presidente do diretório da capital pernambucana, Oscar Barreto, o secretário nacional de organização, Paulo Frateschi, e o secretário nacional de assuntos institucionais, Vilson de Oliveira.

Com o cancelamento da escolha, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, cancelou sua ida nesta-sexta feira a Recife, segundo sua assessoria. Os secretários nacionais, até a noite de quinta-feira, ainda estavam na capital pernambucana.

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