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A visão inovadora de Nelson Rodrigues


Nelson Rodrigues

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."

Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912 e foi o quinto filho de uma prole de 14. É considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros.

Suas obras são polêmicas e retratam a realidade da vida, talvez por esta razão ele seja alvo de críticas boas e ruins.

Entre os anos de 1941 e 1943, escreveu duas peças teatrais: “A mulher sem pecado” e “Vestido de Noiva”.

Levou uma vida cheia de tristezas: perdeu 3 irmãos, o pai, seu filho foi preso e sua filha nasceu cega, surda e muda. O próprio Nelson foi internado várias vezes com tuberculose.

As amarguras, podridões e tragédias da vida foram transformadas em peças e livros.

Usou uma linguagem simples e inovou os textos teatrais, por isso é considerado um renovador do teatro brasileiro.
Características da obra

O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair da situação difícil em que estava. Assim, escreveu "A mulher sem pecado…", sua primeira peça. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero literário predileto, e suas peças seguiram essa predileção, pois as mesmas são como romances em forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo realista. Não é à toa que foi considerado um novo Eça. De fato, a prosa de Nelson era realista e, tal como os realistas do século XIX, ele criticou a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento.

Sendo esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson não deixou de inovar tal como fizeram os modernos. O autor transpôs a tragédia grega para o sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras daquela, mas com um tom contemporâneo. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua gênese em obras do século XIX, como "O Primo Basílio", e se desenvolveu grandemente na obra do autor pernambucano. Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura brasileira.

Escreveu 17 peças, vários contos e 9 romances.
Obras

Peças
-Vestido de noiva (1943)
-A falecida (1953)
-Os sete gatinhos (1958)
-Boca de ouro (1959)
-Beijo no asfalto (1960)
-Toda nudez será castigada (1965)

Romances
- Meu destino é pecar (usando o pseudônimo Suzana Flag)
-O homem proibido (Suzana Flag).
-A mentira (Suzana Flag).
-Asfalto selvagem
- O casamento

Contos
-Cem contos escolhidos – A vida como ela é…
-A vida como ela é – O homem fiel e outros contos
-O óbvio ululante
Frases

A coleção de pérolas rodrigueanas daria para encher uma enciclopédia. Ruy Castro organizou, para a Editora Companhia das Letras, um volume que reúne, sob o título de Flor de Obsessão, as “mil melhores frases” do homem. Se quisesse, reuniria três mil, como estas vinte e três:

  1. “O brasileiro é um feriado”.
  2. “O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um rajá, isto é, um líder que o monte”.
  3. “Sou a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os achaques das múmias”.
  4. “Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf”.
  5. “O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”
  6. “Na vida, o importante é fracassar”
  7. “A Europa é uma burrice aparelhada de museus”.
  8. “Hoje, a reportagem de polícia está mais árida do que uma paisagem lunar. O repórter mente pouco, mente cada vez menos”.
  9. “Daqui a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de "a mais cínica das épocas". O cinismo escorre por toda parte, como a água das paredes infiltradas”.
  10. “Sexo é para operário”.
  11. “O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História”.
  12. “A pior forma de solidão é a companhia de um paulista”.
  13. “Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”.
  14. “As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”.
  15. “Todo tímido é candidato a um crime sexual”.
  16. “Todas as vaias são boas, inclusive as más”.
  17. “O presidente que deixa o poder passa a ser, automaticamente, um chato”
  18. “Não gosto de minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e minha voz, uma incompatibilidade irreversível”.
  19. “Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Saenz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte”.
  20. “O adulto não existe. O homem é um menino perene”.
  21. "Não vou para o inferno, mas não tenho asas"
  22. "O óbvio também é filho de Deus."
  23. "O dinheiro compra até amor sincero."

Curiosidades


  • -Foi um dos melhores cronistas do país
  • -Era torcedor do Fluminense
  • -Trabalhou nos grandes jornais esportivos cariocas
  • -Algumas de suas obras foram assinadas com o pseudônimo Suzana Flag
  • -Com quase 14 anos, já era repórter policial do jornal “A Critica” fundado pelo seu pai.
  • -Em 1920, ganhou um concurso de redação na sua escola, o tema de sua história falava sobre adultério.
  • -Sua carreira jornalística começou em dezembro de 1925 como repórter policial
  • -As obras de Nelson Rodrigues foram adaptadas para a TV: Engraçadinha – seus amores seus pecados virou série na Rede Globo no início dos anos 90. A protagonista foi interpretada por Alessandra Negrini (fase jovem) e Claudia Raia (fase adulta).
  • -A vida como ela é também foi apresentada no Fantástico, mais ou menos na mesma época.
  • -Nelson Rodrigues morreu em 21 de dezembro de 1980 de trombose e insuficiência respiratória e circulatória, depois de ter sofrido 7 paradas cardíacas.
* Recife, 23 de agosto de 1912
+ Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980
Fontes: InfoEscola e Wikipédia

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