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Índios Ianomâmis

Infanticídio entre os Yanomami | Atini

Os ianomâmis, Yanomami, Yanoama, Yanomani ou Ianomami são índígenas caçadores-agricultores que habitam o Brasil e a Venezuela. Compõe-se de quatro subgrupos: Yanomae, Yanõmami, Sanima e Ninam. Cada subgrupo fala uma língua própria: juntas, elas compõem a família linguística ianomâmi. A tribo Ianomâmi é a sétima maior tribo indígena brasileira, com 15 mil pessoas distribuídas em 255 aldeias relacionadas entre si em maior ou menor grau. A noroeste de Roraima, estão situadas 197 aldeias que somam 9 506 pessoas e a norte do Amazonas, estão situadas 58 aldeias que somam 6 510 pessoas.

Etimologia
"Yanomami" é uma palavra criada pelos antropólogos a partir da expressão ianomâmi yanõmami thëpë, que significa ser humano, por oposição a yaro (animal de caça), yai (ser invisível ou sem nome) e napë (inimigo, estrangeiro, branco, não yanomâmi).

Localização
No Brasil, as aldeias yanomâmi ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9 419 108 hectares, pouco mais de 2 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro: a Terra Indígena Yanomami. Na Venezuela, os ianomâmis ocupam a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, com 8,2 milhões de hectares. A área total ocupada pelos ianomâmis no Brasil e na Venezuela é de 192 000 quilômetros quadrados. Abrange a região entre as bacias dos rios Orinoco e Amazonas.

Em sua maior parte, o território está coberto por densa floresta tropical úmida. O território é bastante acidentado, principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraíma, onde se tem a maior concentração da população ianomâmi no Brasil. Os solos são, em sua grande maioria, extremamente pobres e inadequados à agricultura intensiva. O Pico da Neblina, o ponto culminante do Brasil, está localizado dentro da Terra Indígena Yanomâmi e do Parque Nacional do Pico da Neblina, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Sociedade
As aldeias, que podem ser constituídas por uma ou várias casas (malocas), mantêm, entre si, vários níveis de comunicação, desenvolvendo-se relações econômicas, matrimoniais, rituais ou de rivalidade. As suas malocas são casas comunitárias circulares chamadas yano ou shabono que podem acomodar até 400 pessoas. As áreas centrais das casas são o espaço para festas e rituais. Os homens se ocupam principalmente da caça, enquanto as mulheres se dedicam à agricultura (banana, milho, mandioca, batata, frutas, tabaco, algodão) e à coleta de castanhas, larvas, mariscos e mel. A pesca é exercida tanto pelos homens como pelas mulheres. Não existem chefes nas aldeias ianomâmis: todas as decisões são tomadas por consenso.

Religião
A religião ianomâmi baseia-se na visão pelos pajés de espíritos chamados xapiripë, através da ingestão de um rapé alucinógeno chamado yakoana ou yãkõana (Virola sp.). Festas também costumam ser celebradas para marcar acontecimentos como a coleta da pupunha e os funerais (festa do reahu).

História
Por volta do ano 1000, os ancestrais dos atuais yanomâmis ocuparam as cabeceiras do rio Orinoco e a serra Parima. Por volta de 1300, começou o processo de diferenciação das atuais quatro línguas da família ianomâmi. Até o fim do século XIX, os ianomâmis só mantinham contato com os grupos indígenas vizinhos. A partir do início do século XX, começaram a entrar em contato com não-indígenas: extrativistas, missionários, soldados, funcionários do Serviço de Proteção ao Índio etc.

Ameaças: rodovia, garimpo, doenças, violência
A década de 1970 foi marcada por grandes projetos do governo do Brasil que tiveram grande impacto sobre os ianomâmis: a construção da rodovia BR-210, programas de colonização pública e o projeto Radambrasil, que detectou importantes jazidas minerais no território ianomâmi.

A descoberta dessas jazidas levou a uma grande invasão garimpeira no período de 1987 a 1992, atraída pelas reservas de ouro, cassiterita e tantalita, com a ocorrência estimada de 1 500 a 1800 mortes entre a população ianomâmi, em função de doenças e de atos de violência causados por 45 mil garimpeiros que invadiram suas terras. Visando a proteger a população ianomâmi dos garimpeiros, em 25 de maio de 1992, a terra indígena ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor. Mas, em julho de 1993, garimpeiros invadiram uma aldeia Yanomami e assassinaram a tiros e golpes de facão 16 indígenas, entre eles idosos, mulheres e crianças. O episódio ficou conhecido como o Massacre de Haximu e foi o primeiro caso julgado pela Justiça brasileira no qual os réus foram condenados por genocídio.

Em 2004, os ianomâmis brasileiros fundaram a associação Hutukara (termo que significa "a parte do céu do qual nasceu a terra") para defender seus direitos. Em 2011, foi a vez de os ianomâmis venezuelanos criarem sua própria associação, a Horonami.

Em novembro de 2014, a pedido da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Associação do Povo Ye’kwana do Brasil (Apyb), uma equipe de pesquisadores visitou 19 aldeias e coletou 239 amostras de cabelo dos indígenas, priorizando os grupos mais vulneráveis à contaminação por mercúrio: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram coletadas 35 amostras de peixes, que são a base da alimentação desse grupos. O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias Yanomami e Ye’kwana. Na comunidade Yanomami de Aracaçá, na região de Waikás, 92% do total das amostras apresentaram alto índice de contaminação. Essa comunidade, entre todas as pesquisadas, é a que tem o garimpo mais próximo. Na região do Papiú, onde foram registrados os menores índices de contaminação — 6,7% das amostras analisadas — , há menor presença de garimpeiros.

Fonte: Wikipédia

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