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Índios Pataxós

Pintura de índio Pataxó de Porto Seguro (Foto: Reprodução de TV)
Pintura de índio pataxó (Foto: Reprodução de TV)

Originário da Aldeia de Barra Velha (conhecida como Aldeia Mãe), área indígena do Monte Pascoal, e distribuído em várias aldeias por diversos municípios (Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro), o povo pataxó sempre foi guerreiro. Desde os tempos da invasão portuguesa, por volta de 1500, lutam para se firmar em um lugar e preservar história, cultura e língua, costumes e tradições que foram se perdendo desde que os pataxós foram juntados a tribos Maxacalis e Botocurus em uma aldeia de onde não podiam sair.

“Em 1861, os povos foram aldeados à força em Bom Jardim, atual Reserva Barra Velha, que fica perto do Monte Pascoal. Depois, houve um grande massacre e muitos índios fugiram para não serem mortos”, conta a índia Nitynawã Pataxó, cacique de sua tribo.

Conhecida pelos índios mais velhos (que preferem não tocar no assunto) como “Fogo de 51”, a matança aconteceu em 1951, na aldeia de Barra Velha. Segundo a história da tribo, contada pelo índio Edmundo Santos Pataxó em um texto disponível no site da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, cidade onde está a maior concentração de pataxós no sul da Bahia, foi causada por policiais militares do estado. Meninas foram estupradas e homens, espancados. Muitos precisaram se submeter à escravidão porque ficaram sem opção. Oito anos antes, o governo havia criado o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal e expulsou os índios que viviam nesse território. Começara aí a dispersão dos pataxós em pequenos povoados.

“Muitos decidiram ficar na mata tentando preservar a cultura. Meus parentes são alguns desses. Temos muitos jogos e rituais, o da Lua Cheia, o do casamento, o do batismo... Estamos agora tentando recuperar a língua Patxohã. Já catalogamos mais de duas mil palavras e montamos um dicionário, mas está dentro da comunidade porque precisamos que os anciãos aprovem a pesquisa”, conta Nitynawã.

Assim como os rituais de canto e dança (o Awê é o mais famoso), a pintura e a medicina baseada em plantas (raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas etc), a preservação da língua é um dos trabalhos que Nitynawã executa ao lado das irmãs Jandaya e Nayara dentro da escola bilíngue montada na Reserva da Jaqueira. No mesmo ano em que a Reserva da Jaqueira foi fundada, em 1998, a Terra Indígena Coroa Vermelha, localizada ao sul do Estado da Bahia, foi homologada. Ela compreende uma área de 1493 hectares nos municípios de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro e é reservada ao usufruto de cerca de uma população pataxó. Nessa mesma área, o turismo também virou alternativa para a economia do povo, que já tinha a pesca, o artesanato e o manejo de piaçava como atividades:

“Para conseguir viver e conseguir preservar a mata e os povos, precisamos abrir para os de fora e fazermos turismo desde 2000. A agricultura é mais para consumo, e faz tempo que não matamos animais. Hoje, temos aqui onça-pintada, jaguatirica. Trabalhamos essa consciência porque senão daqui a pouco não teríamos mais animais.”

A cultura pataxó (retirada do site da Prefeitura Municipal de Porto Seguro):

Canto e dança: O Awê significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. A dança e o canto são instrumentos de comunhão entre os pataxós e a natureza. Através do canto e da dança, o povo adquire energias da terra, do ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas que formam a natureza.

Pintura: A pintura corporal é um bem cultural de grande valor. Representa parte da história do povo, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. A pintura corporal é usada em festas tradicionais na aldeia como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, proteção. Há pintura para rosto, braço, costas e pernas. As pinturas são específicas para homens e mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e significados.

Alimentação: A base é a pesca, frutos e raízes. A mandioca, sem dúvida, é o alimento preferido. É dela que os pataxós fazem a bebida sagrada conhecida como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna (farinha). Inhame, batata, amendoim, taioba etc também são cultivadas. Um outro alimento muito apreciado é o peixe preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.

Artesanato: O artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece, como madeiras, sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu etc. Alguns artesanatos são feitos de barro, como o pote, a talha e a panela. Outros são feitos de cipó, como o caçuar e o cesto. E ainda há aqueles feitos com uruba, como a peneira e o leque. Alguns artesanatos estão relacionados à proteção espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.

Plantas medicinais: O conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas etc. permite que os pataxós desenvolvam a medicina baseada em plantas. A resina da amesca, por exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também para afastar as coisas negativas do corpo.


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