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Literatura Brasileira no Exterior: os 12 autores nacionais mais lidos no mundo



Ao contrário do que muitos podem pensar, nem só de Paulo Coelho vive a literatura brasileira no exterior. Ainda que, de fato, o escritor tenha entrado para o Livro dos Recordes, o Guinness Book, com sua obra O Alquimista – o livro mais traduzido do mundo (69 idiomas) – outros autores também conquistaram os leitores estrangeiros e vêm alcançando reconhecimento também em outros países. Mas conseguir que um livro seja publicado em outra língua está longe de ser um processo simples e exige muito mais do que talento na escrita.
Segundo o escritor Milton Hatoum, em entrevista ao Portal Literal, apenas 3% dos livros lançados todos os anos nos Estados Unidos são traduções de obras estrangeiras. Além das dificuldades com a tradução, as diferenças culturais também costumam fazer com que o enredo de um livro torne-se desinteressante para o público leitor de outro país. Agnes Krup, diretora da agência literária Sanford J. Greenburger Associates, concorda com a afirmação em entrevista à revista Veja e afirma que “mesmo que um editor americano esteja interessado e por dentro de determinada cultura estrangeira, outras pessoas participarão da escolha dos livros, como o diretor de vendas, o de marketing e o de publicidade, gente que provavelmente não fala uma palavra de outro idioma. Eles não vão apoiar um projeto que torne o trabalho deles mais difícil”. Talvez seja por esse motivo, a proximidade da língua, que alguns países europeus, sobretudo a França, são mais receptivos a traduções de obras brasileiras que os norte-americanos.
No entanto, nomes recentes no mercado literário brasileiro têm desafiado essa tendência e mostrado um avanço significativo na valorização de nossos livros no exterior. Dentre eles, podemos citar o escritor Bernardo Carvalho, que lançou o livro Nove Noites em 11 países e a escritora Patrícia Melo que com o livro Elogio da Mentira já está presente em pelo menos 20 países. Eduardo Spohr, escritor do livro A Batalha do Apocalipse, e Daniel Galera, autor de Mãos de Cavalo, também são apostas de sucesso, assim como o jornalista e estreante no universo literário Edney Silvestre. Seu primeiro romance, Se Eu Fechar os Olhos Agora, será publicado em pelo menos seis países. Mais veterano, Milton Hatoum já teve obras traduzidas para 17 idiomas e exibe na página principal de seu site, as capas de seus livros publicados no exterior.
Outra grande oportunidade para a literatura brasileira no exterior é a Feira de Frankfurt, na Alemanha, o maior evento internacional de livros do mundo que, em 2013, terá o Brasil como o grande destaque. Provavelmente, diversas editoras estarão à procura de autores brasileiros, repetindo a façanha de 1994, quando nosso país também foi destaque na feira e, depois do evento, o número de traduções de livros nacionais aumentou substancialmente, levando a literatura brasileira ao patamar de livros mais traduzidos na Alemanha (sede do evento). No entanto, no final dos anos 90, a falta de continuidade nos incentivos governamentais fez com que o ritmo da presença brasileira no exterior diminuísse consideravelmente.
Mas esse ano, diante da importância do evento de 2013, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, apresentou o programa federal de estímulo à internacionalização da literatura brasileira. O Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior prevê o investimento de pelo menos R$ 12 milhões ao longo dos próximos dez anos. Entre as várias iniciativas do programa, destaca-se um substancial aumento nos valores das bolsas de tradução e no apoio à reedição de obras de autores nacionais no exterior.
Para o escritor e jornalista norte-americano Benjamin Moser é preciso que o país divulgue mais sua cultura literária no exterior se quiser reconhecimento internacional. “Acho que o Brasil poderia fazer muito mais para promover a literatura brasileira internacionalmente. As pessoas fora do Brasil têm uma ideia muito vaga do país. Acho que desde Carmen Miranda não tem mudado muito”, afirma Moser que, em 2009, publicou Clarice, biografia de Clarice Lispector.
Mas, afinal, quem são os autores nacionais mais lidos no exterior? Em 2009, o projeto Conexões Itaú Cultural organizou o Mapeamento da Literatura Brasileira no Exterior. Já são mais de 192 autores mapeados e dentre eles, vários gêneros literários. Mas os clássicos parecem continuar sendo preferência internacional. Conheça a galeria dos 12 escritores mais lidos no exterior, com base nesse estudo.

Machado de Assis

Considerado o maior nome da literatura brasileira, Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de julho de 1839. Ele também foi jornalista, poeta, dramaturgo e contista. O autor de Memórias póstumas de Brás Cubas  e Quincas Borba deixou ainda um legado muito importante para escolas literárias dos séculos XIX e XX.


Clarice Lispector

Naturalizada brasileira, Clarice Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia. Uma das mais importantes do século XX, sua obra é marcada por cenas cotidianas simples e tramas psicológicos. Entre os livros mais importantes da carreira da autora estão A hora da estrelaLaços de família A paixão segundo G.H. Em 1961 e 1978, a escritora ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura.


Guimarães Rosa

Nascido em 27 de junho de 1908, João Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores do país e atuou também como médico e diplomata. Seus romances e contos são ambientados no sertão brasileiro, além de receberem influências dos ditos populares e regionais. A literatura do autor é marcada por neologismos, realismo mágico, invenções linguísticas e regionalismo. Entre as obras de Guimarães Rosa estão Sagarana e Grande Sertão Veredas.


Jorge Amado

Conhecido por retratar temas sociais em suas obras, o escritor baiano Jorge Amado foi um dos autores mais adaptados para o cinema e televisão. O autor de Capitães de Areia também explorava características nacionais como o folclore, crenças e sensualidade. Entre as premiações conquistadas pelo escritor está o Prêmio Camões.


Graciliano Ramos

Graciliano Ramos foi escritor, jornalista e professor. Ele nasceu em Alagoas, em 1892, e começou na literatura com o romance Caetés, em 1933. No ano seguinte, o escritor publicou São Bernardo e, em 1936, Angústia. Publicado após a sua morte, Memórias do cárcere revela algumas experiências pessoais da vida de Graciliano. Mas a obra mais significativa do autor foi Vidas secas.


Milton Hatoum

Romancista, tradutor e professor, Milton Hatoum nasceu em Manaus, no dia 19 de agosto de 1952. Em suas obras, Hatoum costuma falar sobre lares desestruturados com uma leve tendência política. Ele é considerado um dos maiores escritores vivos no Brasil. Com Dois irmãos, o autor venceu o Prêmio Jabuti. O livro foi ainda adaptado para a televisão.


Chico Buarque

Nascido no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944, Chico Buarque é um dos principais nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Músico, dramaturgo e escritor, já lançou mais de 80 discos. Na literatura, venceu o Prêmio Jabuti e reúne uma vasta obra, como os livros BudapesteLeite derramado e O irmão alemão.


Carlos Drummond de Andrade

Considerado por muitos críticos o poeta mais brasileiro mais importante de todos os tempos, Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Ele também foi contista e cronista, além de ser um dos principais escritores da segunda geração do Modernismo no Brasil. Em 1968, venceu o Prêmio Jabuti.


Rubem Fonseca

Com mais de 20 livros publicados, Rubem Fonseca lançou romances, contos e crônicas, o escritor ficou conhecido por suas narrativas velozes e cosmopolitas, repleta de violência, erotismo e irreverência. Diversas obras do autor foram adaptados, com sucesso, para a televisão e para o cinema, como Feliz ano novoAgostoBufo & Spallanzani e Lúcia McCartney.


Oswald de Andrade

Oswald de Andrade foi um escritor, ensaísta e dramaturgo, mais conhecido por sua contribuição no movimento modernista brasileiro. Filho único, estudou Ciências e Letras no Ginásio de São Bento. Em 1909, teve seu primeiro artigo publicado no Diário Popular e dois anos depois fundou sua própria revista, chamado O Pirralho. Em 1924, lançou um dos mais importantes manifestos do movimento no jornal Correio da Manhã, o Manifesto Pau-Brasil.


Mário de Andrade

Poeta e musicólogo, Mário de Andrade nasceu em 9 de outubro de 1893, em São Paulo. Sua principal obra, Macunaíma foi lançada em 1928 e reflete seus estudos sobre folclore, etnografia e cultura do Brasil. Antes de morrer, em 1945, trabalhou como crítico de arte, diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e foi nomeado professor catedrático da então Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro.


Moacyr Scliar

Moacyr Scliar, médico e escritor, nasceu em Porto Alegre no dia 23 de Março de 1937. Ele publicou mais de 70 livros entre contos, romances, ensaios e literatura infantojuvenil. As obras de maior sucesso foram Guerra no Bom FimO Centauro no JardimA Majestade do Xingu. Moacyr Scliar foi o sétimo ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras.


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