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Especial Os 10 homens mais importantes da História do Brasil #4: José Bonifácio

José Bonifácio – O pai da pátria
 
 

Na independência, Bonifácio tinha quase 60 anos. Vinha de uma longa carreira, a maior parte dela na Europa. Estudou direito e filosofia natural na Universidade de Coimbra, onde entrou em 1783, e tornou-se um dos mais respeitados cientistas do Império Português, tratando principalmente de química e mineralogia. Em 1808, quando as tropas de Napoleão invadiram Portugal, ele não veio ao Brasil junto com a corte portuguesa. Ficou lá para defender o país que considerava seu: tornou-se comandante do Batalhão Acadêmico, uma milícia formada por estudantes e professores. A iniciativa aparentemente quixotesca teve alguns sucessos, como a tomada do Forte de Santa Catarina das forças napoleônicas, no primeiro ano da guerra. Os franceses nunca conseguiriam dominar totalmente o país.À primeira vista, pode parecer uma imensa “zebra” que um homem que nunca governou o país nem deixou uma obra extensa esteja em posição tão alta na lista. Mas os historiadores têm razão. José Bonifácio é o nosso “pai da pátria”, como lembra Mary del Priore. Ele representa para o Brasil o que Benjamin Franklin é para os Estados Unidos: um filósofo-cientista que conseguiu moldar um novo país às suas ideias. “Além de ter antecipado temas importantes para o destino do Brasil, como a abolição, a independência econômica, a organização da Marinha, a preservação da natureza e a redistribuição de terras, foi o brasileiro mais inteligente de seu tempo”, diz a historiadora Isabel Lustosa.

Assim, foi como um patriota português que José Bonifácio voltou ao Brasil em 1819. Com a perspicácia de cientista, começou a desvelar vários planos para o país: o fim da escravidão, a criação de escolas públicas, a preservação ambiental e a reforma agrária, confiscando propriedades improdutivas. Ele só se tornou adepto da independência na última hora, defendendo a representatividade igualitária dos brasileiros nas cortes de Lisboa – mas as cada vez mais claras intenções portuguesas em tornar o Brasil novamente colônia o fizeram aderir ao movimento. Quando dom Pedro I decidiu ficar no Brasil, ele chamou José Bonifácio para ocupar o cargo de ministro de Negócios do Império – jamais um brasileiro havia ocupado posto tão alto. No ano seguinte, com seu irmão Martim Francisco, foi um dos membros da Assembleia Constituinte, liderando o bloco dos liberais. Com a Assembleia propondo tornar o imperador uma figura simbólica, sem poder nenhum, dom Pedro I a dissolveu em 12 de novembro de 1823, outorgando uma Constituição liberal, mas que mantinha o imperador como chefe do Poder Executivo. Perseguido, o velho pai da pátria foi exilado para a França. Mas esse não seria seu fim.

Em 1828, os irmãos Andrada puderam voltar ao Brasil. Dom Pedro I enfrentava uma crise de popularidade aqui e problemas externos em Portugal. Quando abdicou da coroa e foi para a Europa, em 1831, deixou a José Bonifácio o cargo de tutor oficial de seus filhos. Assim, a formação intelectual de dom Pedro II, um dos pontos mais notáveis do monarca, deve seu início a José Bonifácio. O “lider ilustrado da independência do Brasil”, como define o professor Lincoln Secco, da USP, merece ser chamado de “pai da pátria”.

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