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A Primeira Guerra Mundial



 "A Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais fizeram diferentes nações entrar em choque.

O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental, ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de 10 milhões de mortos. Os desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra acontecesse."



CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

As causas da Primeira Guerra Mundial são extremamente complexas e envolvem uma série de acontecimentos não resolvidos que se arrastavam desde o século XIX: rivalidades econômicas, tensões nacionalistas, alianças militares etc.

De maneira geral, os principais fatores que contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial foram:

  •     disputas imperialistas;
  •     nacionalismos;
  •     alianças militares;
  •     corrida armamentista.

"Na questão imperialista, o enfoque pode ser dado ao temor que a ascensão da Alemanha gerou em nações como Rússia, França e Grã-Bretanha. Os alemães haviam passado pelo processo de unificação na segunda metade do século XIX e, após isso, lançaram-se à busca de colônias para seu país. Isso prontamente chamou a atenção da França, por exemplo, que via seus interesses serem prejudicados com o fortalecimento alemão.

A questão dos nacionalismos envolveu diferentes nações. A Alemanha encabeçava um movimento conhecido como pangermanismo. Esse movimento nacionalista servia como suporte ideológico para o Império Alemão defender os seus interesses de expansão territorial no começo do século XX. O pangermanismo ainda se expressava nas questões econômicas, pois os alemães pretendiam colocar-se como a força econômica e militar hegemônica da Europa.

Na questão nacionalista, havia também o revanchismo francês. Essa questão envolvia os ressentimentos que existiam na França a respeito do desfecho da Guerra Franco-Prussiana, conflito travado entre Prússia e França em 1870 e 1871. A derrota francesa foi considerada humilhante, principalmente por dois fatores: a rendição ter sido assinada na Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes, e pela perda da Alsácia-Lorena. Após o fim desse conflito, a Prússia autoproclamou-se como Império Alemão.

A questão nacionalista mais complexa envolvia os Bálcãs, região no sudeste do continente europeu. No começo do século XX, os Bálcãs eram quase inteiramente dominados pelo Império Áustro-Húngaro, que estava em ruínas por causa da multiplicidade de nacionalidades e movimentos separatistas que existiam em seu território.

A grande tensão nos Bálcãs envolvia a Sérvia e a Áustria-Hungria na questão referente ao controle da Bósnia. Os sérvios lutavam pela formação da Grande Sérvia e, por isso, desejavam anexar a Bósnia ao seu território (a Bósnia era parte da Áustria-Hungria desde 1908 oficialmente). Esse movimento nacionalista de sérvios era apoiado pela Rússia por meio do pan-eslavismo, ideal em que todos os eslavos estariam unidos em uma nação liderada pelo czar russo.

Tendo em vista todo esse quadro de tensão e rivalidades, as nações europeias meteram-se em um labirinto de alianças militares, que acabou sendo definido da seguinte maneira:

  •     Tríplice Entente (Potências Unidas): formada por Rússia, Grã-Bretanha e França.
  •     Tríplice Aliança (Potências Centrais): formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália.


Esses acordos militares incluíam cláusulas secretas de cooperação militar caso uma nação fosse atacada por outra nação adversária. Por fim, toda essa hostilidade deu a garantia para todas as potências e chefes de Estado na Europa de que a guerra era apenas questão de tempo. Por essa razão, as nações europeias iniciaram uma corrida armamentista com o objetivo de se fortalecer para o conflito que ocorreria.

DEFLAGRAÇÃO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial iniciou o primeiro grande conflito internacional do século vinte. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, e de sua esposa, a arquiduquesa Sofia, em Saraievo, no dia 28 de junho de 1914, desencadeou as hostilidades que começaram em agosto de 1914 e se prolongaram por várias frentes durante os quatro anos seguintes.

 

Arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, a arquiduquesa Sofia.

Para fins de estudo, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é dividida em 3 fases:

  1. Guerra de Movimento (1914)
  2. Guerra de Posição ou de Trincheiras (1915-1917)
  3. Segunda Guerra de Movimento/Fase Final (1918)

 

1ª Fase: Guerra de Movimento (1914)


 

Nos primeiros meses da guerra, a estratégia de movimentação de tropas foi amplamente utilizada para tomada de posições no front.

Os alemães se movimentaram rapidamente e em poucas semanas estão a menos de 50 km de Paris. Por sua parte, o general francês Joffre, consegue rechaçar o avanço na sangrenta batalha do Marne, em 1914.

A estratégia da guerra seguia os moldes do século XIX: um ataque da carga de cavalaria, acompanhada pela infantaria. No entanto, os tempos haviam mudado e não se mostrou eficiente diante das posições defendidas por metralhadoras pela cobertura da artilharia.

Aos poucos, os exércitos adotaram o mecanismo de trincheiras cavadas ao longo de toda a frente de combate.

 

2ª Fase: Guerra de Posição ou de Trincheiras (1915-1917)


 

A segunda fase da guerra foi marcada pela Guerra de Trincheiras ou de Posição.

Sem conseguir romper as linhas de defesa inimigas, os beligerantes desejam conservar a qualquer preço as posições conquistadas.

As trincheiras são, portanto, uma estratégia defensiva, inicialmente adotada pelos exércitos alemães, foi utilizada também pelos aliados.

As trincheiras eram verdadeiros complexos defensivos compostos por túneis e valas. Ali, durante meses, milhares de soldados lutavam, comiam e dormiam, abrigados dos tiros.

Contudo, estavam expostos aos projéteis de artilharia, armas químicas e ataques aéreos, além das intempéries e doenças causadas pelo ambiente insalubre. A cada duas semanas os soldados que ficavam nas trincheiras eram trocados pelos da retaguarda.

À frente das trincheiras, o terreno era coberto com estacas e uma proteção de arame farpado. Poucas centenas de metros separavam as linhas inimigas formando entre elas um terreno acidentado.

Deste modo, muitos soldados sucumbiram presos às cercas de arame, alvejados por metralhadoras ou tiros de canhões. Os feridos só podiam ser resgatados à noite e, mesmo assim, era uma operação muito perigosa.

Foi o período mais sangrento da guerra, onde as batalhas duravam semanas ou até meses, com a perda e retomada de posições e um saldo grande de baixas para ambas as partes. Igualmente, não se verificou conquistas de posições significativos para os beligerantes.

Essa estratégia manteve-se eficaz até a utilização de tanques de guerra, pelos ingleses, em 1916, quando conseguiram romper as defesas das trincheiras.

 

1917


 

O ano de 1917 é um marco na guerra.

Ocorre a Revolução Russa onde o Imperador Nicolau II e sua família são presos. O novo governo, de orientação socialista, decide-se retirar-se do campo de batalha assinando o Tratado de Brest-Litovski com os alemães.

Igualmente é o ano que os Estados Unidos entra na guerra ao lado das Potências Aliadas.

 

3ª Fase: Segunda Guerra de Movimento/Fase Final (1918)


 

Com a ajuda dos Estados Unidos, os Aliados voltam a ter a iniciativa da guerra. Mesmo assim, os exércitos ainda enfrentam batalhas duríssimas onde as baixas de ambos lados são enormes.

Apesar das conquistas alemãs, que tiraram a Rússia bolchevique da Guerra no final de 1918 e cujas tropas chegaram aos portões de Paris em meados do ano seguinte, os exércitos dos Poderes Unidos conseguiram vencer o exército alemão no rio Marne. A partir de então, eles avançaram persistentemente em direção às linhas alemãs na Frente Ocidental, de 8 de agosto a 11 de novembro de 1918, operação que ficou conhecida como “A Ofensiva dos Cem Dias".

As Potências Centrais começaram a se render, iniciando-se pela Bulgária e pelo Império Otomano [atual Turquia e Oriente Médio], em setembro e outubro, respectivamente. Em 3 de novembro, as forças austro-húngaras assinaram uma trégua próximo a Pádua, na Itália. Na Alemanha, em Kiel, a rebelião dos marinheiros da marinha daquele país desencadeou uma grande revolta nas cidades costeiras alemãs e nas principais áreas municipais de Hannover, Frankfurt em Main e Munique. Conselhos de trabalhadores e soldados, baseados no modelo soviético, incitaram a eclosão da chamada "revolução alemã"; foi estabelecida a primeira "república de conselhos" (Räterrepublik) sob a liderança do Social-Democrata Independente (USPD), Kurt Eisner, na Bavária. O forte Partido Social-Democrata (SPD) Alemão, sob a direção de Friedrich Ebert, viu aqueles novos conselhos como elementos desestabilizadores e defendeu a opinião popular alemã que clamava por uma reforma parlamentar e pela paz.

 

ARMISTÍCIO


 

Em 9 de novembro de 1918, em meio à agitação difundida entre a população e abandonado pelos comandantes do seu exército, o Imperador (Kaiser) Guilherme II abdicou do trono alemão. No mesmo dia, Philipp Scheidemann, representante do SPD, proclamou a república na Alemanha, com um governo provisório liderado por Friedrich Ebert. Dois dias depois, os representantes alemães, liderados pelo representante do Partido Católico Central (Zentrum), Matthias Erzberger, se reuniram, em um trem na Floresta de Compiègne, com uma delegação das vitoriosas Potências Unidas, lideradas pelo Marechal-de-Campo francês Ferdinand Foch, o comandante geral das forças unidas, e a Alemanha aceitou os termos do armistício.

Às 11 horas do dia 11 de novembro (11/11) de 1918, os combates na Frente Ocidental cessaram. A "Grande Guerra", como seus contemporâneos a denominavam, havia terminado mas o enorme impacto do conflito nas esferas internacionais, políticas, econômicas e sociais ainda seria sentido por décadas.

 

PERDAS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


 

A Primeira Guerra Mundial foi uma das guerras mais destrutivas da história moderna. Quase dez milhões de soldados morreram como resultado das lutas, um número que excedeu, em muito, as perdas militares de todas as guerras dos cem anos anteriores em conjunto. Embora seja difícil fazer uma estimativa precisa do número de baixas, calcula-se que aproximadamente 21 milhões de homens foram feridos em combate.

O grande número de perdas para todos os participantes do conflito deveu-se, em parte, à introdução de novos armamentos, como a metralhadora e o emprego de gás, e também à incapacidade dos líderes militares de ajustarem suas táticas à natureza cada vez mais mecanizada da guerra. A política de atritos, especialmente na Frente Ocidental, custou a vida de centenas de milhares de soldados. No dia 1º de julho de 1916, a data em que houve o maior número de baixas em um único dia, só o exército britânico ,no rio Somme, perdeu cerca de 57.000 soldados. A Alemanha e a Rússia tiveram o maior número de baixas militares: cerca de 1.773.700 e 1.700.000 mortos, respectivamente. A França perdeu dezesseis por cento de suas forças mobilizadas, a mais alta taxa de mortalidade em relação ao número de tropas em combate.

Nenhum órgão oficial manteve registros cuidadosos das perdas civis durante os anos de guerra, mas estudiosos garantem que pelo menos 13.000.000 de não-combatentes também morreram como resultado direto ou indireto das hostilidades. Houve também um enorme aumento na mortalidade de militares e civis no fim da Guerra com a chegada da "Gripe Espanhola", a epidemia de gripe mais letal da história. Milhões de pessoas foram expulsas ou deslocadas de suas residencias na Europa e na Ásia Menor como resultado do conflito. As perdas de propriedades e de indústrias foram catastróficas, principalmente na França e na Bélgica, areas onde os combates foram os mais intensos.

Sem conseguir o apoio popular e dos seus próprio oficiais, o Kaiser Wilhelm II teve que aceitar os termos de rendição. Diante da revolta Espartaquista, que eclodiu em Berlim, o Kaiser renuncia e se retira à Holanda.

A paz foi assinada em 11 de novembro de 1918 pondo fim a quatro anos de sangrentos conflitos.

 

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Referências:

SILVA, Daniel Neves. "Primeira Guerra Mundial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm. Acesso em 02 de junho de 2023. 

United States Holocaust Memorial Museum. “Introduction to the Holocaust.” Holocaust Encyclopedia. https://encyclopedia.ushmm.org/content/en/article/introduction-to-the-holocaust. Accessed on June 02, 2023.

BEZERRA, Juliana. Fases da Primeira Guerra Mundial. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/fases-da-primeira-guerra-mundial/. Acesso em: 2 jun. 2023



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