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Entenda a crise dos refugiados na Europa

Corpo de criança refugiada afogada aparece em praia de resort turco
A crise dos refugiados na Europa - que ganhou destaque na imprensa mundial com a foto do menino sírio Ayslan Kurdi que morreu na tentativa de sua família de encontrar um país que os abrigasse - tem crescido em ritmo acelerado desde o começo deste ano. Assim como Ayslan, sua mãe e seu irmão que buscavam um novo lugar para viverem devido à guerra em seu país, milhares de pessoas morreram em busca de refúgio, seja por via marítima ou terrestre. 

Imigrantes e refugiados morrem na Europa ao fugir pelo mar.

Mediterrâneo

No primeiro semestre do ano, 1.867 pessoas morreram ao tentar cruzar o Mediterrâneo na tentativa de alcançar a Itália ou a Grécia. Apenas no mês de abril foram registradas 1.308 mortes, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Ao todo, um número recorde de 137 mil pessoas fizeram a travessia nesse período, o que representa um aumento de de 83% em relação aos primeiros seis meses de 2014.

Um terço dos homens, mulheres e crianças que alcançaram as costas da Grécia ou da Itália desde o início do ano é oriundo da Síria, palco de uma guerra civil desde 2011.

Síria

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), o Acnur aponta que a piora nas condições de vida na Síria e nos países vizinhos está forçando milhares de sírios a arriscar tudo em viagens perigosas para a Europa.

A porta-voz do Acnur, Melissa Fleming citou o aumento de ataques com foguetes e morteiros na capital síria Damasco, o crescimento da explosão de veículos em grandes cidades como Lattakia, Aleppo, Homs, Hassakeh e Qamishli, e o bombardeio pesado em Zabadani e na zona rural de Damasco.

Entre as consequências do conflito, o comunicado cita a desvalorização da moeda - a libra síria perdeu 90% de seu valor ao longo dos últimos quatro anos e as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos do país com itens como eletricidade e água.  “ A eletricidade está disponível durante poucas horas do dia, quando existe. Muitas regiões lutam contra a escassez de água. Mais da metade da população vive em extrema pobreza”, diz o texto.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para refugiados (Acnur), 4,08 milhões de refugiados sírios se encontram nos países vizinhos, sendo que a maioria vive fora dos campos formais. Uma avaliação do Acnur na Jordânia, onde mais de 520 mil sírios estão vivendo fora dos campos de refugiados do país, mostrou que 86% das pessoas em áreas urbanas e rurais estão agora vivendo abaixo da linha da pobreza.

Já no Líbano  70% das famílias de refugiados sírios vivem muito abaixo da linha de pobreza nacional - um aumento de 50% em 2014. 

Alemanha

Pela via terrestre, o principal destino dos refugiados tem sido a Alemanha, localizada a uma distância de 3,7 mil quilômetros. O vice-chanceler e ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, anunciou nesta quinta-feira (10), que o país já recebeu, este ano, 450 mil refugiados, dos 800 mil previstos em 2015. Só nos primeiros oito dias de setembro, a Alemanha recebeu 37 mil pedidos de asilo, enquanto em agosto foram registrados 105 mil.

No trajeto feito de trem, os refugiados chegam na Hungria vindos da Sérvia e de lá seguem para a Áustria com destino à  Alemanha.Neste mês, 22 mil migrantes chegaram à Hungria pela fronteira com a Sérvia. Nesta quarta-feira, o chefe do Estado-Maior da Hungria, general Tibor Benko, anunciou que o exército iniciou um exercício militar chamado "ação decisiva" com o objetivo de preparar os soldados para uma possível missão na fronteira com a Sérvia, no sul do país.

Nesta quinta-feira (10), a Áustria anunciou a interrupção por tempo indeterminado das ligações ferroviárias com a Hungria, devido ao “congestionamento em massa da rede provocada pelo fluxo sem precedentes de imigrantes”, afirmou a empresa austríaca responsável pela linha. 

Brasil

Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, o número de refugiados no Brasil praticamente dobrou nos últimos quatro anos, passando de 4.218, em 2011, para 8.400, em 2015.Entre 2010 e o fim de 2014, o número de reconhecimentos de refúgio aumentou 1.240%. Em agosto de 2015, o governo registrou 12.668 pedidos de refúgio, que aguardam avaliação. 

As principais causas dos pedidos de refúgio são violação de direitos humanos, perseguições políticas, reencontro de famílias e perseguição religiosa. Os sírios formam o maior contingente de refugiados no país, com 2.077 pessoas, seguidos pelos angolanos (1.480), colombianos (1.903), congoleses (844) e libaneses (389).

Fonte: EBC

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