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"Super Mario Bros" estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta-feira (5); confira a crítica

 


Adaptar um jogo de videogame se provou um campo de minas explosivas. É difícil lembrar de cabeça algum título que tenha rendido uma boa experiência como obra da sétima arte, seja para os fãs de longa data, o público mais casual, ou ambos. Logo vem à mente o recente “The Last of Us”, aclamada série da HBO adaptando o jogo homônimo da Naughty Dog - mas este por si só já trazia consigo uma cinematografia inerente.

Como adaptar um tradicional jogo de plataforma, que não é exatamente conhecido por ter um roteiro ou personagens com arcos pré-estabelecidos, e sem manchar a imagem de uma das propriedades intelectuais mais amadas de todos os tempos? É com essa bagagem que o novo “Super Mario Bros” chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quarta-feira (5) - e ele até consegue carregá-la.

Quem for aos cinemas esperando uma grande história, está indo ao filme errado. A franquia dos irmãos encanadores da Nintendo nunca foi realmente conhecida por seus roteiros, sendo até hoje uma resistência dos formatos mais tradicionais de jogo, ainda que traga inovações no gênero com títulos como “Mario Odyssey”, do Nintendo Switch.

E o longa se apropria desse mesmo fio condutor narrativo simples para guiar sua aventura. Após descobrir um cano que leva a outros mundos, Mario se encontra no Reino dos Cogumelos, e precisa da ajuda da princesa Peach para salvar seu irmão, Luigi, perdido no Reino das Sombras, dominado pelo conquistador Bowser. Peach, por sua vez, também está à procura de aliados para salvar seu reino, o que coloca ambos no mesmo caminho.

O filme conhece seu público, o que não é de se espantar pela escolha da Nintendo de se juntar ao estúdio responsável por sucessos como a série “Meu Malvado Favorito” e “Minions”. Até para manter os enxutos 90 minutos de duração, o filme não investe muitos esforços ou tempo para unir os heróis ou até criar conflitos além do superficial entre os personagens que todos já conhecem e esperam ver juntos.

Bowser é o único que chacoalha essa noção, ganhando uma camada cômica além do sequestrador de princesa (surpreendentemente preocupado com consentimento), e roubando a cena com números musicais - afinal, não é para menos que o ator e cantor Jack Black tenha sido escalado para dar vida ao vilão no idioma original.

Os personagens não apenas terem personalidade, mas também uma dinâmica divertida de se acompanhar é um entre os dois principais méritos do longa, sendo o outro o de incorporar as mecânicas e elementos dos múltiplos jogos da franquia a um mundo vivo, se tornando ainda mais encantador por não ser apenas cenário, acertadamente se permitindo abraçar sua própria fantasia - uma vantagem de se optar por animação ao invés de live-action. Cada cena parece um nível diferente do game, com cenários cheios de plataformas, ‘power-ups’ e criaturas familiares da franquia, raramente sem propósito.

Os heróis estão constantemente em movimento, pulando de uma sequência de aventura para a outra sem muito respiro. Esse ritmo tão acelerado é uma consequência da história rasa, mas é proposital. O longa não parece querer muito mais além de emular a mesma experiência obtida com os videogames da franquia.

“Super Mario Bros” não é um espetáculo, mas está muito longe de ser o desastre que foi a sua primeira adaptação para live-action nos anos 1990, ou até outros filmes mais recentes inspirados em games. O longa mira no público infantil, e deve acertar em cheio, mas sendo também uma ida agradável ao cinema para o restante da família.

E quem é fã também já sabe que não deve esperar uma revolução no ‘storytelling’, mas apenas se deixar levar pela experiência. A mitologia tomando vida aliada às versões orquestradas da trilha sonora original e várias outras homenagens certamente vão lacrimejar os olhos dos mais nostálgicos.

 

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Fonte: Folha de Pernambuco

Por Guilherme Anjos

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