Oscar Niemeyer – O arquiteto do futuro
A cena se repetiu várias vezes na última década: quando alguém perguntava ao centenário arquiteto sobre sua inspiração, ele se punha a desenhar mulheres nuas. “A forma segue o feminino”, dizia Oscar Niemeyer, que desafiou ao longo de toda a vida a tendência internacional por torres fálicas e caixotões angulosos. Dessa maneira algo folclórica, argumentava o “arquiteto mais importante do Brasil”, de acordo com Andrea Casa Nova Maia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no que parece ser um consenso quase universal, mesmo entre seus piores detratores.
Em 1934, quando pegou seu diploma de arquiteto, a maior novidade era o chamado estilo internacional, que é fácil de reconhecer: são as típicas torres corporativas, sem qualquer ornamento e com janelas de vidro reflexivo. Niemeyer começou na profissão como adepto do estilo: seu primeiro trabalho importante, o Palácio Gustavo Capanema, projetado em 1939 e concluído em 1943 como sede do Ministério da Educação e Saúde, parece à primeira vista uma típica caixa modernista. Mas pequenas “heresias” entregam o autor: as caixas-d’água são curvas, e um mural de azulejos decora o vão do prédio – decoração era palavrão para os modernistas de então. Concluído no mesmo ano, a pedido do então prefeito Juscelino Kubitschek, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, revela de uma vez por todas as formas curvilíneas que fariam sua fama para sempre.
As duas obras lançaram o brasileiro ao estrelato internacional – que não pode ser subestimado. Em 1939, ele projetou a sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, junto com um de seus inspiradores, o suíço Le Corbusier. Por duas vezes, ele foi convidado a dar aulas em universidades americanas, primeiro em Yale, em 1946, e depois em Harvard, em 1953. Em ambas, seu visto de trabalho foi barrado por ser abertamente comunista – e isso custaria ao Brasil seu exílio por quase todo o período militar, amargamente instalado na capital que, em grande parte, ele havia desenhado. “Niemeyer representa bem a ânsia de progresso técnico e social, com reconhecimento mundial. Suas contradições – pouco interesse pelo passado e pelas liberdades individuais – retratam bem o Brasil”, afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Até Niemeyer, a tendência no Brasil era imitar o que se passava no exterior, às vezes de forma literal – concluído em 1939, o Edifício Altino Arantes, em São Paulo, é uma quase cópia do Empire States, com um terço do tamanho do original. Passou-se então a imitar Niemeyer.
E não só aqui: existe até um nome em inglês para a arquitetura que remete a ele: googie, um estilo futurista que foi usado em cassinos de Las Vegas, em aeroportos e até lava-rápidos nos anos 50 e 60. A arquitetura brasileira acabou no desenho animado Os Jetsons, série na qual todos os prédios pareciam ter sido transplantados de Brasília: “A arquitetura é claramente inspirada em profissionais que trabalharam no estilo moderno da metade do século 20, como John Lautner e Oscar Niemeyer”, escreveu o especialista em ficção científica Matt Novak, da Fundação Smithsonian, ao tratar do desenho animado. O estilo pode ter saído de moda, mas, graças a Niemeyer, houve um dia em que o Brasil realmente foi o país do futuro.
Em 1934, quando pegou seu diploma de arquiteto, a maior novidade era o chamado estilo internacional, que é fácil de reconhecer: são as típicas torres corporativas, sem qualquer ornamento e com janelas de vidro reflexivo. Niemeyer começou na profissão como adepto do estilo: seu primeiro trabalho importante, o Palácio Gustavo Capanema, projetado em 1939 e concluído em 1943 como sede do Ministério da Educação e Saúde, parece à primeira vista uma típica caixa modernista. Mas pequenas “heresias” entregam o autor: as caixas-d’água são curvas, e um mural de azulejos decora o vão do prédio – decoração era palavrão para os modernistas de então. Concluído no mesmo ano, a pedido do então prefeito Juscelino Kubitschek, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, revela de uma vez por todas as formas curvilíneas que fariam sua fama para sempre.
As duas obras lançaram o brasileiro ao estrelato internacional – que não pode ser subestimado. Em 1939, ele projetou a sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, junto com um de seus inspiradores, o suíço Le Corbusier. Por duas vezes, ele foi convidado a dar aulas em universidades americanas, primeiro em Yale, em 1946, e depois em Harvard, em 1953. Em ambas, seu visto de trabalho foi barrado por ser abertamente comunista – e isso custaria ao Brasil seu exílio por quase todo o período militar, amargamente instalado na capital que, em grande parte, ele havia desenhado. “Niemeyer representa bem a ânsia de progresso técnico e social, com reconhecimento mundial. Suas contradições – pouco interesse pelo passado e pelas liberdades individuais – retratam bem o Brasil”, afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Até Niemeyer, a tendência no Brasil era imitar o que se passava no exterior, às vezes de forma literal – concluído em 1939, o Edifício Altino Arantes, em São Paulo, é uma quase cópia do Empire States, com um terço do tamanho do original. Passou-se então a imitar Niemeyer.
E não só aqui: existe até um nome em inglês para a arquitetura que remete a ele: googie, um estilo futurista que foi usado em cassinos de Las Vegas, em aeroportos e até lava-rápidos nos anos 50 e 60. A arquitetura brasileira acabou no desenho animado Os Jetsons, série na qual todos os prédios pareciam ter sido transplantados de Brasília: “A arquitetura é claramente inspirada em profissionais que trabalharam no estilo moderno da metade do século 20, como John Lautner e Oscar Niemeyer”, escreveu o especialista em ficção científica Matt Novak, da Fundação Smithsonian, ao tratar do desenho animado. O estilo pode ter saído de moda, mas, graças a Niemeyer, houve um dia em que o Brasil realmente foi o país do futuro.
Fonte: Aventuras na História