domingo, 26 de abril de 2009

As Invasões Holandesas

As Invasões Holandesas ao Nordeste


Felipe II, ao assumir o poder com a União Ibérica, adotou medidas restritivas em relação ao comércio do açúcar brasileiro praticado pela Holanda. Os comerciantes holandeses, vendo-se proibidos ou limitados no lucrativo comércio açucareiro, decidiram invadir e ocupar o Nordeste do Brasil, que era o maior produtor mundial de açúcar. Em 1621, fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (WIC), para exercer o comércio e a colonização mediante a conquista.

●Bahia, 1624: a primeira invasão holandesa ocorreu em Salvador. Em 9 de maio, a cidade foi bombardeada, mas os holandeses foram expulsos, em 1625. Em 1627, voltaram e saquearam a Bahia, apresaram navios espanhóis carregados de prata proveniente do México, refizeram-se dos prejuízos e prepararam-se para atacar Pernambuco.

●Pernambuco, 1630: os holandeses não desistiram e, com uma esquadra de setenta navios, atacaram e dominaram Recife e Olinda apesar da tentativa de defesa do governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque que organizou a resistência no Arraial do Bom Jesus. Os holandeses encontravam dificuldades para vencer a resistência local porque não conheciam a região até que Domingos Fernandes Calabar passou a ajudá-los. Com ajuda de Calabar, os holandeses conseguiram conquistar o Rio Grande do Norte e a Paraíba até que, em 1635, dominaram o Arraial do Bom Jesus. Estava consolidado o domínio holandês do Nordeste. Agora, só era preciso encontrar um homem capaz de organizar a região dominada.

●O governo de Maurício de Nassau: após a ocupação do Nordeste, os holandeses decidiram enviar para a região um governador-geral que explorasse as terras ocupadas aumentando os lucros de seu país. A pessoa escolhida foi o nobre Maurício de Nassau, acionista da WIC, que permaneceria no Nordeste entre 1637 e 1644. Durante seu governo, Nassau promoveu diversas concessões, acalmou os senhores de engenho e ainda trouxe grande quantidade de escravos provenientes de Angola e São Tomé, na África. Muitos desses escravos, aproveitando-se dos momentos de desorganização, conseguiram fugir para Alagoas, onde formaram o Quilombo de Palmares.

Em 1641, Nassau já havia ampliado o domínio holandês ocupando a região do Sergipe ao Maranhão. Das catorze capitanias, sete estavam sob seu controle. Para garantir os lucros para a Holanda, Nassau passou a devolver os engenhos a seus antigos donos e a oferecer empréstimos a juros que garantissem a produção. Nassau trouxe vários artistas, cientistas e escritores que promoveram e registraram o embelezamento do Recife. Foram construídas pontes, palácios, fortificações, observatório astronômico. Suas reformas em Recife garantiram à cidade o apelido de Cidade Maurícia ou Mauricéia.

Apesar de ser protestante, Nassau deu liberdade de culto aos brasileiros. Com isso evitou atritos com a maioria católica da região nordestina. Apesar dessas medidas, Maurício de Nassau não conseguia superar as dificuldades de seu governo até porque gastara muito dos lucros da WIC por aqui mesmo.

Dentre as maiores dificuldades administrativas estava o fato de que os senhores de engenho não conseguiam saldar as dívidas que assumiram com os holandeses para recuperação dos engenhos. A Holanda não alcançava os lucros desejados, também porque era muito caro manter o governo de Nassau que precisava de moradia, salários e de um grande exército para manter o controle do Nordeste e a expansão militar.

Em 1640 terminou a União Ibérica. Portugal conseguiu se libertar da Espanha mas estava com sua economia arruinada. Por isso, procurou recuperar seus domínios coloniais, dificultando ainda mais o governo de Nassau que acabou sendo substituído por outro governo em 1644. O novo governo holandês, diferentemente de Nassau, começou a exercer grande cobrança sobre seus devedores no Brasil. Senhores de engenhos tiveram suas terras confiscadas e a liberdade religiosa não era mais observada.

A Insurreição Pernambucana

Os grandes proprietários estavam insatisfeitos com a WIC que insistia em cobrar a dívida e ainda impunha limites às práticas do catolicismo. Esses senhores de engenho endividados com os holandeses desejavam o fim dessa presença no Nordeste. Dois desses senhores, André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira lideraram a rebelião chamada Insurreição Pernambucana, que começou em 1645 e terminou em 1654. Além desses líderes destacaram-se o índio Felipe Camarão e o negro Henrique Dias.

Portugal, que firmara uma trégua de 10 anos com a Holanda permitindo a presença holandesa no Brasil, não poderia auxiliar abertamente a Insurreição. Mesmo assim ocorreu a primeira derrota dos holandeses no Monte das Tabocas (1645) com a ajuda da Bahia. No Monte dos Guararapes ocorreram duas batalhas decisivas em 1648 e 1649. Os holandeses estavam cercados, mas resistiam. Finalmente, em 1654, na Campina da Taborda os holandeses se renderam e Fernandes Vieira, vitorioso, entrou no Recife.

A maior consequência da Insurreição Pernambucana foi que Portugal perdeu seu maior aliado na empresa açucareira implantada no Brasil desde sua colonização. Os holandeses, durante o tempo em que trabalharam a cana de açúcar, adquiriram uma grande experiência que, após a expulsão do Nordeste, foram aplicar nas Antilhas (América Central). O resultado disso foi a concorrência que o açúcar brasileiro passou a sofrer com o açúcar produzido nas Antilhas levando o preço do produto a uma queda tão grande que a empresa açucareira foi se tornando inviável.

A crise portuguesa tornou-se ainda maior com a queda do preço do açúcar porque além de não contar mais com o financiamento holandês ainda sofria a concorrência com o açúcar produzido por eles na América Central. No final do século XVII, o açúcar entrou em decadência. O Nordeste passou a perder sua importância por não conseguir produzir mais riquezas e, por causa disso, Portugal passou a buscar ouro no interior da colônia. Ainda nesse século foram encontradas as primeiras jazidas de metais preciosos na região de Minas Gerais provocando uma verdadeira “corrida ao ouro”. Pessoas vinham de todas as partes: de outros países, de outras regiões do Brasil provocando profundas mudanças no Brasil colônia.

Fonte: Super Reforço

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