Nascido em Montpellier, na França, em 1798, Auguste Comte desenvolveu sua filosofia e seus estudos sociais no contexto pós Revolução Francesa, pós primeira fase da Revolução Industrial e no contexto de surgimento da Ciência Moderna.
Auguste Comte considerava a estrutura social do momento em que vivia marcada pela desordem. O pensador afirmava que a sociedade encontrava-se em ebulição e em completo caos. Para que o estado de confusão e desordem acabasse, Comte defendia que era necessário estudar essa nova sociedade a partir do uso de fundamentos da razão.
Comte propôs um modelo racional para colaborar com a mudança no pensamento social e, a partir daí, criou a Filosofia Positiva. Por pensar em um novo modelo de observação e interpretação das relações sociais, Auguste Comte é considerado um dos precursores da Sociologia e seus trabalhos sobre a nova ordem social influenciaram a obra do sociólogo Èmile Durkheim.
Comte e o positivismo
A filosofia positivista adota critérios racionais, históricos e sistemáticos para entender as transformações sociais. Sendo assim, o uso exclusivo de elementos religiosos e naturais deve ser descartado por aqueles que desejam pensar a nova sociedade pós Revolução Francesa. A partir desse novo modelo de pensamento é possível, então, propor mudanças que gerem a ordem e coesão social.
A nova ciência fundada por Comte, primeiramente chamada de física social, posteriormente Sociologia, propõe o uso de observação, experimentação, estudos, comparação e de classificação a partir de métodos. Com isso, busca estabelecer que os fenômenos sociais devem ser explicados em termos sociais e não exclusivamente naturais e religiosos.
Pode-se afirmar que o modelo positivista de análise social busca conhecer para prever, prever para prover. O conhecimento racional positivista procura conhecer a realidade social para, com isso, prever acontecimentos gerados a partir da ação social do homem e, então, apresentar possíveis soluções racionais.
De acordo com Comte, a sociologia tem como um de seus objetivos a reconciliação entre pontos estáticos e dinâmicos na sociedade, e isso é caracterizado pela relação entre a ordem e o progresso.
O progresso está sempre subordinado à ordem, ou seja: para que exista progresso é preciso existir a ordem. O progresso é objetivo a ser atingido, sem que exista a necessidade de desordenar e abalar o sistema social.
O pensamento positivista de Comte influenciou o pensamento dos republicanos no Brasil e foi usado, inclusive, na bandeira nacional que contém a frase “Ordem e Progresso”.
Lei dos três estados de Comte
Com base nas ideias positivistas, Comte criou e fundamentou as três Leis dos estados. O autor afirmava que as sociedades passariam por três estados de pensamento, com algumas características fortes e dominantes.
Os três estados são: o teológico, o metafísico e o positivo.
Estado teológico
Os fenômenos sociais são explicados através de ações divinas. O estado teológico subdivide-se em três fases:
- Animismo ou fetichismo: dar a seres naturais as mesmas características humanas;
- Politeísmo: a vontade de vários deuses determina o acontecimento de todas as coisas no mundo;
- Monoteísmo: a vontade de apenas um deus determina e controla todos os acontecimentos.
Estado Metafísico
Os acontecimentos são explicados a partir de abstrações teóricas. O estado metafísico é o intermediário entre o pensamento teológico e o pensamento positivista.
Estado Positivo
Estado científico, onde as explicações e pensamentos são elaborados com base na razão. Neste estado, os acontecimentos dependem somente da ação racional e evolução mental da racionalidade humana.
A partir do desenvolvimento da teoria dos três estados, Comte eleva a sociologia à categoria de evolução máxima entre as ciências, pois a considera a ciência do todo sobre os elementos e, portanto, a mais evoluída porque tem como objeto o homem e as relações que este estabelece.
Fonte: Manual do Enem