Origem da Filosofia
A palavra filosofia é de origem grega (philosophia) e significa "amor à sabedoria". Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores, inseridos num contexto histórico de sua época, buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, sendo que os sophos (sábios em grego) buscaram formular, no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então, através da mitologia.
Os principais períodos ou escolas filosóficas e suas características:
1. A Filosofia grega Pré-Socrática
Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a ideia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos átomos.
2. Período Clássico Grego
Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensador Sócrates.
Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos, Protágoras, Pródico e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem (retórica), pensar e manifestar suas qualidades artísticas.
Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as ideias de Sócrates através dos relatos deixados por Platão.
Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as ideias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.
Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos.
Aristóteles: um dos principais filósofos da Grécia Antiga. |
3. Período Pós-Socrático
Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia.
Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura.
Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer. Além de Epicuro, podemos citar os seguintes filósofos desta corrente filosófica: Hermarco (filósofo grego), Filonides (filósofo grego) e Lucrécio (filósofo e poeta romano).
Estoicismo: os sábios estoicos como, por exemplo, Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento. Outros filósofos representantes desta corrente filosófica são: Zenão de Cítio (fundador do estoicismo), Cleantro e Epicteto.
Epicteto: um dos principais representantes do Estoicismo. |
4. Pensamento Medieval
O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as ideias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus.
A partir do século XI até o século XV, uma nova linha de pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de ideias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi São Tomás de Aquino, que criou o Tomismo (filosofia tomista).
Tomás de Aquino: um dos grandes representantes da filosofia medieval. |
5. Pensamento Filosófico Moderno (do século XVII ao XIX)
Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo (homem no centro do Universo). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a base de todo conhecimento.
A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo.
No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke.
Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência comprovada.
O Iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau.
Rousseau: importante filósofo iluminista francês. |
O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento.
Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores.
Ainda neste contexto, Friedrich
Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade,
representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento,
para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou
cultural.
6. Filosofia Contemporânea
Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e Gyorgy Lukács. A Antropologia ganha importância e influencia o pensamento do período, graças aos estudos do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, um dos principais nomes do Estruturalismo.
A fenomenologia, descrição das
coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior representante
em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância nas reflexões
de Jean-Paul Sartre, o criador do Existencialismo.
É importante citarmos também o surgimento, no começo da década de 1920 na Alemanha, da Escola de Frankfurt. De base marxista, teve como principais representantes os filósofos Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas.
Podemos destacar também a filósofa alemã Hannah Arendt e seu importante trabalho de análise e crítica dos regimes totalitários, presentes na obra Origens do Totalitarismo (1951).
Movimentos filosóficos, abordagens, áreas e escolas filosóficas contemporâneas e principais filósofos representantes:
Existencialismo
Principais filósofos: Frantz Fanon e Jean-Paul Sartre.
Pós-estruturalismo
Principais filósofos: Michel Focault, Gilles Deleuze e Jean-François Lyotard.
Escola de Frankfurt
Principais filósofos: Jürgen Habermas, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse.
Desconstrução
Principais filósofos: Jacques Derrida.
Semiologia
Principais filósofos: Roland Barthes.
Filosofia Analítica
Principais filósofos: Mari Midgley, Richard Wollheim e Paul Feyerabend.
Teoria do Contrato Social
Principais filósofos: John Rawls.
Filosofia da Ciência
Principais filósofos: Thomas Kuhn e Isabele Stengers.
Pós-modernismo
Principais filósofos: Jean-François Lyotard.
Universalismo
Principais filósofos: Noam Chomsky.
Pragmatismo
Principais filósofos: Richard Rorty.
Feminismo
Principais filósofos: Luce Irigaray, Hélène Cixous e Júlia Kristeva.
Pós-colonialismo
Principais filósofos: Edward Said.
Etnografia
Principais filósofos: Henry Odera Oruka.
Marxismo
Principais filósofos: Slavoj Zizek.
Utilitarismo
Principais filósofos: Peter Singer e Richard Brandt.
Você sabia?
É comemorado em 15 de novembro o Dia Mundial da Filosofia.
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