quinta-feira, 5 de maio de 2022

Arteriosclerose, aterosclerose, arteriolosclerose e esclerose calcificante da média de Monckeberg: qual a diferença?

Esta fotografia mostra uma placa aterosclerótica (ateroma; veja seta) visível em uma artéria.


 A aterosclerose é um quadro clínico no qual depósitos irregulares de material gorduroso (ateromas ou placas ateroscleróticas) se desenvolvem nas paredes das artérias de médio e grande porte, levando a um fluxo sanguíneo reduzido ou bloqueado. 

  • A aterosclerose é causada por lesão repetida nas paredes das artérias.
  • Muitos fatores contribuem para essa lesão, incluindo hipertensão arterial, tabagismo, diabetes e níveis elevados de colesterol no sangue.
  • A obstrução dos vasos sanguíneos resultante de aterosclerose é uma causa comum de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
  • Muitas vezes, os primeiros sintomas são dores ou cãibras quando o fluxo sanguíneo não consegue suprir as demandas de oxigênio dos tecidos.
  • Para prevenir a aterosclerose, as pessoas precisam parar de fumar, melhorar sua dieta, praticar exercícios físicos regularmente e manter o controle de sua pressão arterial, nível de colesterol e diabetes.
  • A progressão da aterosclerose para essas complicações de risco à vida, como um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, requer tratamento emergencial.


Nos Estados Unidos e na maioria dos outros países desenvolvidos, a aterosclerose é a principal causa de doença e morte. Em 2016, a doença cardiovascular, principalmente doença arterial coronariana (aterosclerose que afeta as artérias que fornecem sangue ao coração) e acidente vascular cerebral (aterosclerose que afeta as artérias que se dirigem ao cérebro), causou quase 18 milhões de mortes no mundo inteiro, tornando a aterosclerose a causa principal de morte em âmbito mundial.


A aterosclerose pode afetar as artérias de médio e grande porte do cérebro, coração, rins, outros órgãos vitais e pernas. Trata-se do tipo mais importante e mais comum de arteriosclerose.
 

Arteriosclerose

Arteriosclerose, que significa endurecimento (esclerose) das artérias, é um termo geral para várias doenças em que a parede de uma artéria torna-se mais espessa e menos elástica. Existem três tipos:

  1. Aterosclerose
  2. Arteriolosclerose
  3. Arteriosclerose de Mönckeberg


Aterosclerose, o tipo mais comum, significa endurecimento relacionado a placas, que são depósitos de materiais gordurosos. Ela afeta as artérias de médio e grande porte.

Arteriolosclerose significa endurecimento das arteríolas, que são pequenas artérias. Ela afeta principalmente as camadas internas e intermediárias das paredes das arteríolas. As paredes engrossam, estreitando as arteríolas. Como resultado, os órgãos abastecidos pelas arteríolas afetadas não recebem sangue suficiente. Os rins são afetados frequentemente. Esse distúrbio ocorre principalmente em pessoas que têm hipertensão arterial ou diabetes. Qualquer uma destas doenças pode afetar as paredes de arteríolas, resultando em espessamento.

A arteriosclerose de Mönckeberg afeta artérias de pequeno a médio porte. Ocorre o acúmulo de cálcio dentro das paredes das artérias, o que as torna rígidas, mas sem estreitamento. Esse distúrbio essencialmente inofensivo geralmente afeta homens e mulheres com mais de 50 anos.

 


Causas da aterosclerose

O desenvolvimento da aterosclerose é complicado, mas o evento primário parece estar relacionado a lesões sutis e repetidas no revestimento interno das artérias (endotélio) através de vários mecanismos. Esses mecanismos incluem

  • Tensões físicas decorrentes de fluxo sanguíneo turbulento (como o que ocorre no local em que as artérias se ramificam, principalmente em pessoas que têm hipertensão)
  • Tensões inflamatórias envolvendo o sistema imunológico (como quando as pessoas fumam cigarros)
  • Anormalidades químicas na corrente sanguínea (como colesterol alto ou nível alto de açúcar no sangue como ocorre no diabetes mellitus)
  • Infecções por algumas bactérias ou vírus (como Chlamydia pneumoniae ou citomegalovírus) também podem aumentar a inflamação no revestimento interno da artéria (endotélio) e levar à aterosclerose.


Formação de placas
A aterosclerose começa quando a parede da artéria lesionada cria sinais químicos que fazem com que certos tipos de leucócitos (monócitos e células T) se adiram à parede da artéria. Essas células se movem para a parede da artéria. Nessa região, elas são transformadas em células espumosas que coletam colesterol e outros materiais gordurosos e desencadeiam o crescimento de células do músculo liso na parede da artéria. Com o tempo, essas células espumosas carregadas de gordura se acumulam. Elas formam depósitos irregulares (ateromas, também chamados de placas) com uma cobertura fibrosa no revestimento da parede da artéria. Com o passar do tempo, há o acúmulo de cálcio nas placas. As placas podem se espalhar por todas as artérias médias e grandes, mas elas geralmente começam onde as artérias se ramificam.

Fatores de risco para aterosclerose

Alguns fatores de risco para a aterosclerose podem ser modificados (consulte também Prevenção de doença arterial coronariana).

Os fatores de risco modificáveis incluem

  •     Tabagismo
  •     Níveis altos de colesterol no sangue
  •     Hipertensão arterial
  •     Diabetes
  •     Obesidade
  •     Sedentarismo
  •     Baixo consumo diário de frutas e legumes


Os fatores de risco que não podem ser modificados incluem

  •     Ter histórico familiar de aterosclerose precoce (ou seja, ter um parente próximo do sexo masculino que desenvolveu a doença antes dos 55 anos ou uma parente próxima que desenvolveu a doença antes dos 65 anos)
  •     Idade avançada
  •     Ser do sexo masculino


Há muitos fatores de risco que ainda estão sendo estudados, como níveis elevados de proteína C reativa (uma proteína inflamatória) no sangue, níveis elevados de alguns componentes do colesterol, como apolipoproteína B ou lipoproteína (a), e fatores psicossociais (como ansiedade ou baixo nível socioeconômico).

Sintomas de aterosclerose

Os sintomas dependem

  1.     De onde a artéria afetada está localizada
  2.     De a artéria afetada ter sido estreitada gradualmente ou bloqueada subitamente


Sintomas de estreitamento gradual

Com o estreitamento gradual, a aterosclerose geralmente não causa sintomas até que o interior de uma artéria esteja estreitado em mais de 70%.

O primeiro sintoma de uma artéria estreitada pode ser dor ou cãibra nos momentos em que o fluxo de sangue não pode suprir a necessidade de oxigênio dos tecidos. Por exemplo, durante o exercício, uma pessoa pode sentir dor ou desconforto no tórax se o suprimento de oxigênio para o coração for insuficiente. Esta dor torácica (angina) desaparece dentro de minutos após a pessoa interromper o esforço. Enquanto caminha, uma pessoa pode sentir cãibras nas pernas (claudicação intermitente), pois o fornecimento de oxigênio para os músculos da perna é inadequado. Se as artérias que fornecem sangue a um ou ambos os rins sofrerem estreitamento, podem ocorrer insuficiência renal ou pressão arterial perigosamente elevada.
  

Sintomas de bloqueio arterial súbito

Se as artérias que irrigam o coração (artérias coronarianas) forem bloqueadas repentinamente, pode ocorrer um ataque cardíaco. A obstrução das artérias que irrigam o cérebro pode causar um acidente vascular cerebral. A obstrução das artérias das pernas pode causar gangrena de um dedo do pé, do pé ou da perna.

 

Diagnóstico de aterosclerose

  1.     Exames de sangue para pesquisar fatores de risco para aterosclerose
  2.     Exames de imagem para detectar a presença de placas perigosas


A forma como a aterosclerose é diagnosticada depende de a pessoa estar tendo sintomas.
  

Pessoas com sintomas

As pessoas que têm sintomas que sugerem uma artéria bloqueada devem realizar testes para identificar a localização e a extensão do bloqueio. São utilizados testes diferentes, dependendo do órgão que parece estar envolvido. Por exemplo, se os médicos suspeitam de um bloqueio de uma artéria no coração, eles costumam fazer um eletrocardiograma (ECG), exames de sangue para verificação da presença de substâncias (marcadores cardíacos) que indicam lesão cardíaca e, às vezes, um teste de esforço ou cateterismo cardíaco.

As pessoas com artérias ateroscleróticas em um órgão muitas vezes têm aterosclerose em outras artérias. Portanto, quando os médicos descobrem um bloqueio aterosclerótico em uma artéria — por exemplo, na perna — eles costumam fazer testes para procurar bloqueios em outras artérias, como as do coração.

Os médicos também testam certos fatores de risco em pessoas que têm uma obstrução aterosclerótica. Por exemplo, eles medem os níveis de glicose, colesterol e triglicérides no sangue. Os médicos também costumam fazer esses testes como parte do exame anual de rotina em adultos.

Como algumas placas nas artérias são mais propensas a se desprenderem e desencadearem a formação de um coágulo do que outras, os médicos às vezes fazem testes para procurar essas placas perigosas. Nenhum teste é definitivo, mas os médicos estão usando angiografia por tomografia computadorizada (TC), ultrassonografia intravascular (que usa uma sonda de ultrassom instalada na ponta de um cateter inserido dentro de uma artéria) durante os procedimentos de cateterismo cardíaco e angiografia coronariana, bem como uma série de outros exames por imagem e exames de sangue.

 

Pessoas sem sintomas (triagem)

Em pessoas que têm alguns fatores de risco para aterosclerose, mas não apresentam sintomas, os médicos costumam realizar exames de sangue para medir os níveis de glicose, colesterol e triglicérides no sangue. Os médicos também costumam fazer esses testes como parte do exame anual de rotina em adultos.

Alguns médicos recomendam exames de imagem para procurar obstrução aterosclerótica em pessoas que apresentam fatores de risco, mas não apresentam sintomas, como parte de uma estratégia de prevenção. Esses testes incluem uma TC de feixe de elétrons do coração e ultrassonografia das artérias no pescoço (carótidas). A TC também pode ser usada para detectar placas endurecidas (calcificadas) nas artérias coronarianas. O resultado desse exame é, às vezes, chamado de pontuação de cálcio. Uma ultrassonografia das artérias carótidas pode detectar espessamento da parede arterial, o que sugere aterosclerose. No entanto, muitos médicos acreditam que esses testes raramente influenciam o aconselhamento que eles dariam com base em outros testes mais facilmente reconhecidos e nos fatores de risco da pessoa.

 

Prevenção e tratamento de aterosclerose

  •     Alterações no estilo de vida reduzem o risco de complicações
  •     Às vezes medicamentos


Para ajudar a prevenir aterosclerose, as pessoas precisam

  •     Seguir uma dieta saudável
  •     Exercício
  •     Perder peso
  •     Parar de fumar
  •     Reduzir os níveis de colesterol LDL
  •     Reduzir a pressão arterial
  •     Reduzir os níveis de glicose no sangue
  •     Às vezes, tomar medicamentos, tais como uma estatina


Manter uma dieta saudável pode ajudar a diminuir o risco de aterosclerose. Uma dieta pobre em gorduras saturadas, carboidratos refinados e álcool e rica em frutas, legumes, verduras e fibras diminui o risco de doença cardiovascular. Dieta saudável e exercícios podem promover a perda de peso se uma pessoa estiver com sobrepeso ou obesa.

As pessoas que fumam devem parar. As pessoas que param de fumar têm apenas metade do risco das pessoas que continuam fumando, independentemente de quanto tempo elas fumaram antes de pararem de fumar.

As pessoas que têm hipertensão arterial devem reduzir sua pressão arterial recorrendo a mudanças no estilo de vida e medicamentos. As pessoas que têm diabetes devem manter um controle rigoroso de seu açúcar (glicose) no sangue.

As pessoas que têm alto risco de desenvolverem aterosclerose também podem se beneficiar de certos medicamentos. Entre os medicamentos úteis estão as estatinas, que diminuem o colesterol (mesmo se os níveis de colesterol estiverem normais ou apenas discretamente elevados) e, em alguns casos, aspirina ou outros medicamentos antiplaquetários (medicamentos que impedem que as plaquetas se agrupem e formem bloqueios nos vasos sanguíneos). A aspirina e outros medicamentos antiplaquetários podem causar sangramento; portanto, esses medicamentos devem ser tomados apenas se os pacientes estiverem em alto risco de aterosclerose. Alguns medicamentos usados ​​para tratar a hipertensão arterial e alguns usados para tratar diabetes também ajudam a reduzir o risco de aterosclerose.

 

Tratamento das complicações da aterosclerose

Quando a aterosclerose se torna grave o suficiente para causar complicações, as próprias complicações devem ser tratadas. As complicações incluem

  •     Angina
  •     Ataque cardíaco
  •     Arritmias cardíacas
  •     Insuficiência cardíaca
  •     Doença renal crônica
  •     Acidente vascular cerebral
  •     Cãibras nas pernas (claudicação intermitente)
  •     Gangrena


Fonte: MSD

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