João Goulart: O Presidente das Reformas e da Resistência
João Goulart, o Jango, presidiu o Brasil entre setembro de 1961 e março de 1964, em um dos períodos mais conturbados da história republicana. Marcado por uma polarização ideológica intensa, seu governo foi repleto de desafios econômicos, sociais e políticos, culminando em sua deposição pelo golpe militar de 1964. Vamos aprofundar os detalhes desse governo transformador e conturbado.
Chegada ao Poder: Uma Posse Conturbada
A posse de João Goulart como presidente foi resultado de uma sucessão turbulenta. Após a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961, setores militares e conservadores tentaram impedir Jango, vice-presidente eleito, de assumir o cargo devido às suas inclinações políticas nacionalistas e sua proximidade com sindicatos e movimentos sociais.
Como solução, instituiu-se um regime parlamentarista como meio de limitar seus poderes. Nesse sistema, Jango governava sob a supervisão de um primeiro-ministro. Contudo, em janeiro de 1963, um plebiscito restabeleceu o presidencialismo, devolvendo-lhe os plenos poderes e reforçando sua autoridade.
As Reformas de Base: Transformar o Brasil
O ponto central do governo de João Goulart foram as Reformas de Base, um ambicioso programa de mudanças estruturais que buscava modernizar o Brasil e reduzir as desigualdades sociais e econômicas. Entre as principais reformas propostas estavam:
Reforma Agrária: Proposta de redistribuição de terras improdutivas, afetando latifúndios, para combater a concentração fundiária e promover a inclusão social.
Reforma Educacional: Ampliação do acesso à educação básica, combate ao analfabetismo e fortalecimento do ensino técnico.
Reforma Tributária: Proposta para tornar o sistema tributário mais progressivo, aliviando os impostos das classes mais baixas e aumentando a tributação sobre grandes fortunas.
Reforma Urbana: Melhoria das condições de moradia e infraestrutura nas cidades, com maior regulação de aluguéis e investimento habitacional.
Reforma Eleitoral: Ampliação do direito ao voto, incluindo analfabetos e setores marginalizados da população.
Essas reformas geraram grande apoio popular entre trabalhadores rurais, urbanos, estudantes e sindicatos. No entanto, a oposição de setores conservadores, como latifundiários, empresários e elites urbanas, foi feroz. Essas forças acusavam Jango de tentar implementar um programa socialista no Brasil, aumentando a polarização social e política.
Crise Econômica e Pressões Políticas
Durante o governo de Jango, o Brasil enfrentou uma grave crise econômica. A inflação alcançou patamares superiores a 70% ao ano, enquanto o déficit público e a estagnação econômica enfraqueceram o apoio ao governo. As medidas de controle econômico propostas pelo governo não conseguiram conter o agravamento da situação.
Além disso, a crescente polarização política tornou-se evidente. Manifestações como o Comício da Central do Brasil, em março de 1964, reuniram milhares de pessoas em apoio às reformas de Jango, enquanto as Marchas da Família com Deus pela Liberdade mobilizaram setores conservadores contra o governo.
Golpe Militar de 1964: O Fim do Governo
Em 31 de março de 1964, uma coalizão entre militares, empresários, setores conservadores e apoio internacional dos Estados Unidos depôs João Goulart, acusando-o de conduzir o Brasil rumo ao comunismo. O golpe marcou o início da ditadura militar, que durou até 1985. Jango exilou-se no Uruguai e posteriormente na Argentina, onde permaneceu até sua morte, em 1976.
O Legado de João Goulart
O governo de João Goulart deixou um legado marcante de luta por mudanças estruturais e de exposição das tensões sociais, políticas e econômicas do Brasil da época. Embora tenha sido deposto, suas propostas e sua trajetória continuam a inspirar debates sobre desenvolvimento, democracia e justiça social no país.
Jango é lembrado como um presidente que tentou implementar reformas profundas em um período de grande resistência e como uma figura central em um dos momentos mais turbulentos da história política brasileira.
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