Somos um povo enfático, até exagerado às vezes. Por isso, palavras que expressam intensidade estão na boca do povo. A palavra “meio” é uma delas e merece atenção.
É muito comum no dia a dia o uso de “estou meia cansada, meia distraída, meia louca, meia triste”. Isso ocorre principalmente às mulheres por causa da concordância feminina.
Alguém desatento logo diria que “meia triste” é uma meia, aquela que usamos no pé, com fragrância prejudicada, com odor negativo, com fedor, ou seja, com o popular chulé. Meia triste só pode ser isso. A mulher, se não está completamente feliz, deve dizer “Estou meio triste”.
A dúvida existe porque “meio” tem mais de um uso. Atente-se à diferença:
Meio = numeral fracionário. Virá vinculado a um substantivo e concorda normalmente: meia-noite, meia garrafa, meia folha.
Meio = advérbio de intensidade. Virá vinculado a um adjetivo e não se flexiona: meio cansada, meio distraída, meio louca, meio triste.
Para sair de vez da dúvida, pense na palavra muito: se muito não varia, meio também não. Compare:
Ela estava muito feliz.
Ela estava meio feliz.
A mulher era muito rápida.
A mulher era meio rápida.
Embora o sentido seja diferente, o uso é igual e, por isso, serve de comparação. Diga com tranquilidade: “Ela estava meio triste, mas depois ficou muito feliz”. Mas “meia triste” nunca mais.
Fonte: Exame
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