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14 personagens de "Novo Mundo" que são reais: histórias que inspiraram novela

Esta matéria foi postada originalmente no site VIX: https://www.vix.com/pt/tv/585783/14-personagens-de-novo-mundo-que-sao-reais-historias-que-inspiraram-novela 

Em “Novo Mundo”, o romance entre Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede) tem como cenário o Brasil Imperial. Apesar de o casal ser fictício, a trama conta a história dele com a ajuda de figuras reais da história nacional.

Alguns nomes, como os que fizeram parte da Família Real portuguesa, são bem famosos, mas há outros que você pode nem imaginar que também existiram de verdade. Veja quem são eles.


Personagens de “Novo Mundo” inspirados em pessoas reais

Dom Pedro I (Caio Castro)

O primeiro imperador do Brasil interpretado por Caio Castro é uma das figuras mais famosas da história nacional. Assim como retratado na novela, Dom Pedro era popular entre o povo e teve a vida marcada também pelos inúmeros casos amorosos.

Atores vivem personagens históricos em 'Novo mundo'. Compare - Patrícia  Kogut, O Globo

Leopoldina (Leticia Colin)

Primeira esposa de Dom Pedro, Maria Lepoldina casou-se sem conhecer o príncipe regente - e passou por maus bocados com o temperamento dele. Vinda da Áustria, a imperatriz se encantou com o Brasil e é considerada pelos historiadores como uma das grandes responsáveis pelo processo de independência do país.

Letícia Colin como arquiduquesa Leopoldina em Novo Mundo (Foto: Globo e reprodução)

Domitila (Agatha Moreira)

Assim como Dom Pedro, Domitila também tinha uma vida amorosa movimentada, foi amante do imperador e chegou a se casar com ele. Figura controversa na história, foi nomeada como dama de companhia de Leopoldina, viscondessa e, por fim, marquesa de Santos, título com que ficou mais conhecida.

Dom João VI (Leo Jaime)

Rei de Portugal e Algarves, é retratado de forma caricaturada quase sempre (assim como em “Novo Mundo”), apesar de ser considerado um dos principais mentores do Brasil moderno. O pai de Dom Pedro I teve uma vida familiar cheia de conflitos e morreu envenenado aos 58 anos.

Carlota Joaquina (Débora Olivieiri)

O gênio forte que vemos na personagem de Débora Olivieri também está retratado na história. Mãe de Dom Pedro I, a rainha de Portugal e Algarves era detestada pela corte e pelo povo. Carlota não escondia o desgosto pelo Brasil e, ao chegar, participou de várias conspirações contra o reinado do marido, Dom João VI.

José Bonifácio (Felipe Camargo)

Um dos grandes operadores da Independência do Brasil, José Bonifácio passou de ministro a opositor de Dom Pedro I. Chegou a ser exilado na França, mas voltou ao Brasil para ser tutor de Dom Pedro II, após a abdicação do pai.

Novo Mundo: a verdade sobre José Bonifácio, o patriarca da Independência –  Rainhas Malditas

Narcisa (Márcia Cabrita)

Esposa de José Bonifácio, a irlandesa tem poucos registros históricos, mas foi documentada como uma esposa leal e muito presente na trajetória do marido. Em “Novo Mundo” é retratada como uma companheira mais linha dura, mas não há indícios desta personalidade.


Dom Miguel (Daniel Rangel)

Irmão mais novo de Dom Pedro I e protegido da mãe, Miguel não era muito popular entre a nobreza, apesar de querido pelo povo. Teve conflitos com o pai, o Rei Dom João VI, durante toda a vida e chegou até a ser proibido de voltar a Portugal.

Avilez (Paulo Rocha)

Uma das principais vozes contra a independência do Brasil, o general português Jorge de Avilez queria que Dom Pedro voltasse para Portugal. Chegou a ser destituído do cargo e preso, mas fez as pazes com o governo e ganhou o título de Conde.

Jorge de Avilez Zuzarte de Sousa Tavares - WikipediaPaulo Rocha as General Jorge de Avilez Juzarte de Sousa Tavares | Beautiful  people, Fashion, Mens tops

Chalaça (Romulo Estrela)

Francisco Gomes da Silva, conhecido como Chalaça, foi político e confidente de Dom Pedro I. Quase se tornou sacerdote, mas acabou vindo para o Brasil junto com a corte. Na novela, Domitila envolve-se com ele para chegar até imperador, mas entre pesquisadores, não há muitos registros sobre esse romance.

Felício (Bruce Gomlevsky)

Os registros sobre Felício, primeiro marido de Domitila de Castro, são bem parecidos com o personagem da novela: historiadores apontam que ele era um homem violento, que espancava e abusava da esposa. Os dois tiveram três filhos e se divorciaram em 1824.


Francisco (Alex Morenno)

Irmão de Domitila, Francisco não teve muitos detalhes de sua vida documentados. Sabe-se que era um dos cavalheiros da Câmara Imperial e major reformado do Exército.


Maria Benedita (Larissa Bracher)

Irmã de Domitila, Benedita foi baronesa consorte de Sorocaba. Na novela, vive brigando com a irmã e os registros históricos dão conta de que, assim como Domitila, também foi amante de Dom Pedro I.


Noémi (Luiza Michelletti)

Uma das mais ilustres amantes do imperador, Noémi Thierry foi uma artista francesa por quem Dom Pedro I se apaixonou antes da chegada de Leopoldina ao Brasil. Noémi teve o primeiro filho do monarca e precisou fugir, ainda grávida, para o nordeste, sob ameaças de Carlota e Leopoldina.

Fonte: VIX

'Novo Mundo': o que a novela 'inventou' na história da independência?

Novo Mundo - Edição Especial

Esta matéria foi postada originalmente no site UOL: https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2020/04/11/real-vs-ficcao-o-que-a-novela-novo-mundo-tem-de-historico.htm

Exibida originalmente em 2017, "Novo Mundo" foi recentemente reprisada na TV Globo na faixa das 18h, no lugar de "Éramos Seis". A decisão, inédita, foi tomada após a paralisação das gravações na emissora devido à pandemia coronavírus. O que você lembra da novela? 

O folhetim histórico escrito por Theresa Falcão e Alessandro Marson narra um conto de amor em tempos de independência do Brasil, desde a viagem da austríaca Maria Leopoldina (Letícia Colin) ao país para se casar com o futuro imperador Dom Pedro 1º (Caio Castro).

Tudo ali aconteceu de verdade? Não. Estamos falando de uma mais história alternativa da televisão, que serviu de mote para mais um capítulo da série do site UOL "Real vs. Ficção". Veja abaixo. 

Os protagonistas existiram? 

Não. Anna Millman (Isabelle Drummond), uma referência à protagonista do livro "Anna e o Rei", e Joaquim Martinho (Chay Suede) são fictícios. Isabelle já afirmou em entrevista, no entanto, que Anna, professora de português de Leopoldina que escreve o diário da independência na novela, é inspirada na tutora das filhas da monarca.

Maria Leopoldina foi atacada por piratas na viagem ao Brasil? 

Não. Na novela, a arquiduquesa tem a embarcação atacada pelo bando do pirata Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco) e é salva por Joaquim (Chay Suede). Na realidade, ela foi escoltada por uma esquadra de guerra. Outro fato não mencionado na novela: o embarque na Itália atrasou devido à Revolução Pernambucana. É igualmente fictícia a passagem da nau por Salvador, mostrada no folhetim.

Leopoldina era viciada em bilhar? 

Não há registro de que ela fosse viciada em jogos, nem de que o navio em que viajou tivesse uma mesa de sinuca. Em "Novo Mundo", a princesa austríaca não só tinha o hábito de se distrair com a sinuca como era uma jogadora habilidosa.

Leopoldina ganhou uma festa antes do embarque para o Brasil? 

Sim, mas ela não aconteceu na véspera, como é mostrado na novela. Segundo historiadores, o evento aconteceu meses antes, já que não havia tempo hábil para a jovem viajar de Viena à Florença, onde embarcaria, com os meios de transporte disponíveis na época.

Foi Leopoldina quem assinou a Independência do Brasil? 

Sim. No dia 2 de setembro de 1822, quando era princesa regente do Brasil. E Dom Pedro estava de fato em São Paulo quando as ordens de Portugal chegaram. Com o incentivo de José Bonifácio, ela acionou ministros, votou e assinou o decreto. A maior parte do processo de independência também é bastante fiel aos livros de História.

Leopoldina e Dom Pedro perderam um filho bebê? 

Sim. Depois da primogênita Maria 2ª de Portugal, o casal teve dois filhos homens que herdariam a coroa, mas que morreram prematuramente: Miguel, que morreu no parto, e João Carlos, que viveu por menos de 1 ano e é mostrado na novela —mas como segundo herdeiro, não terceiro.

E eles foram vítima de uma maldição? 

Não que seja verdade, mas a lenda explorada na trama de fato existia e tinha nome: "Maldição dos Braganças". Teria começado no reinado de Dom João 4º, quando ele supostamente agrediu um franciscano que havia lhe pedido esmola. O frade então teria jogado uma praga ao rei, dizendo que jamais um primogênito viveria o bastante para chegar ao trono.

Domitila (Agatha Moreira) teve um caso com Chalaça (Romulo Estrela)? 

Não. Trata-se apenas de uma uma especulação que circulou por causa de um romance dos anos 1920 sobre a personagem. Na novela, a futura marquesa de Santos, que era amante de Dom Pedro, tem um affair com Chalaça, amigo do monarca. Ela, por sinal, conheceu Dom Pedro seis meses depois do que é mostrado na novela.

Domitila foi o único caso extraconjugal de Dom Pedro? 

Não. Diferentemente do que é mostrado no roteiro de "Novo Mundo", o príncipe teve várias amantes. Com a futura marquesa de Santos, inclusive, chegou a trocar cartas eróticas. 

Já existiam óculos escuros naquela época? 

Sim. Obviamente, Thomas, vilão interpretado por Gabriel Braga Nunes, não era um viajante no tempo. Segundo historiadores, europeus já usavam o acessório para se proteger do sol forte do clima tropical.


Fonte: UOL

Independência do Brasil

Independência do Brasil: processo histórico culminado com a proclamação de Dom Pedro I.
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência.

A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações do mundo.

Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida no bolso de nossas elites.

Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da administração de Lorde Protetor do exército inglês.

Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contexto que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia.

Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.

A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal.

Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro I à líder da independência brasileira.

No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da independência organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político.

Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo de independência conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.

Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.

Autor: Rainer Sousa - Graduado em História
Fonte: Brasil Escola

Especial Os 10 homens mais importantes da História do Brasil #3: Dom Pedro I

Dom Pedro I – O herói de dois países


É piada velha no Brasil lembrar um detalhe patético – e irrelevante – da independência, que o imperador passava mal dos intestinos. Mas ninguém pode negar o intenso teor nas palavras “Independência ou morte”. E morte houve: a pouco falada Guerra de Independência se estenderia até 1824, deixando 1 800 baixas. É relativamente pouco diante do que enfrentaram os vizinhos hispânicos. Portugal não empenhou todas suas forças em impedir que alguém de sua casa imperial fosse rei do novo país. Pedro, assim, se tornou o “artífice da forma conciliatória de nossa independência”, como afirma o professor Lincoln Secco, da USP.O primeiro imperador do Brasil fazia o que queria. Em 9 de janeiro de 1822, por causa de suas amizades e do amor ao lugar no qual havia passado a maior parte da vida, decidiu não embarcar para Portugal, onde nasceu e era o primeiro na linha de sucessão. Recusando um trono europeu, preferiu tornar-se o único monarca da América. Aliás, recusou dois tronos: a Grécia, que conquistou a independência do Império Otomano em 1820, havia proposto a Portugal que lhes enviasse o herdeiro para fundar uma nova monarquia.

O imperador também era radical nas ideias. Nascido após a Revolução Francesa, no que era uma das últimas monarquias absolutistas da Europa, tornou-se adepto do liberalismo – ideologia então revolucionária, e, vale lembrar, esposada pelo maior inimigo de Portugal, a França de Napoleão Bonaparte. Foi por esses ideais que, afinal, havia sido criado no Brasil, após a fuga da corte portuguesa diante das tropas napoleônicas, em 1808. Ele poderia tentar, como seus ancestrais, governar como monarca absoluto – e não faltavam brasileiros que apoiassem a ideia. Em vez disso, fez questão que o Brasil tivesse uma Constituição, em grande parte inspirada na Carta da França revolucionária. A Constituição de 1824 foi outorgada depois que ele cassou a Assembleia Constituinte, que se recusou a dar poder político ao imperador. A Assembleia estabelecia uma separação de poderes e um governo indireto do imperador, por meio de ministros apontados por ele.

A impulsividade de Pedro I acabaria levando à sua queda. No ano da independência, havia se tornado amante de uma fidalga paulista, a divorciada Domitila de Castro. Ele não fez questão de ocultar o romance – dando à amante o título de Marquesa de Santos, um dos mais altos da nobreza. Isso chocou visitantes estrangeiros e alienou sua esposa, a austríaca Maria Leopoldina. Amada pelos brasileiros, a imperatriz morreu em 1826, sob suspeita (falsa) de violência doméstica. Os políticos o viam como um personagem autoritário e lançavam suspeitas sobre seus laços com Portugal. O libertador do Brasil abdicou do trono em 1831.

Pedro foi a Portugal para lutar contra seu irmão, dom Miguel IV, que havia tomado o poder em 1828, num golpe absolutista. Com a vitória de Pedro, garantiu-se a liberdade constitucional em Portugal. Para a historiadora Isabel Lustosa, “Pedro I foi personagem fundamental para o processo de implantação do liberalismo político no Brasil e em Portugal”. Atacado pela tuberculose, morreu como herói de dois países no mesmo quarto onde nasceu 35 anos antes.

A organização da Independência Brasileira

Gonçalves Ledo, José Bonifácio e Januário da Cunha: alguns dos articuladores da nossa independência.
Em 1820, os portugueses organizaram a chamada Revolução Liberal do Porto. Nesse advento, lideranças políticas lusitanas formaram uma assembleia que exigia o retorno de D. João VI para a elaboração de uma nova carta constitucional. Desde 1808, este monarca se encontrava em terras brasileiras e havia transformado a cidade do Rio de Janeiro na nova capital do império. Temendo perder a condição de rei de Portugal, D. João VI voltou à Europa para participar das discussões que pretendiam mudar a situação política de Portugal. As Cortes Portuguesas, nome dado à assembleia que havia tomado o poder, tinham intenção de modernizar o regime político de seu país. Contudo, sob o ponto de vista econômico, tinham o expresso interesse de recolonizar o Brasil e dar fim aos privilégios assegurados pela administração joanina. Ao saber das intenções políticas das Cortes, as elites brasileiras se organizaram em um partido que pretendia viabilizar a organização de nossa independência. Entre as várias opções de projeto, os membros do Partido Brasileiro preferiram organizar uma transição política sem maiores levantes populares na qual o Brasil fosse controlado por um regime monarquista. Para tanto, se aproximaram de D. Pedro I, que ocupava a função de príncipe regente, e seria empossado como futuro imperador. A explicação para o tom conservador desse projeto de independência se manifestava na própria origem social de seus representantes. Na maioria, os partidários de nossa autonomia definitiva eram aristocratas rurais, funcionários públicos e comerciantes que figuravam a elite econômica local. Por isso, vemos que a possibilidade de organização de um movimento popular ou o fim do regime escravocrata foi indiscriminadamente descartada por esse grupo político. Entre os principais integrantes destaca-se a atuação de Gonçalves Ledo, Januário da Cunha Barbosa e José Bonifácio de Andrada e Silva. Esse último, praticante da maçonaria, conseguiu reunir vários membros da elite nas reuniões de sua loja maçônica, incluindo o próprio príncipe regente Dom Pedro I. Outra importante ação desse partido foi a organização de um documento, com mais de oito mil assinaturas, que pedia pela permanência de D. Pedro I no Brasil. A realização dessa e outras ações políticas, que sugeriam a permanência de Dom Pedro I no poder, foram determinantes para que a independência alcançasse esse modelo conservador. Nos primeiros meses de 1822, o regente confirmava seu apoio à independência ao assegurar sua permanência no Brasil no “Dia do Fico”. Logo em seguida, baixou o “Cumpra-se”, decreto que estabelecia que nenhuma lei portuguesa seria válida no Brasil sem a autorização prévia do regente. Temendo as possíveis pretensões políticas de D. Pedro I, as Cortes de Portugal enviaram um documento em que ameaçavam o envio de tropas que trariam o príncipe regente à força para o Velho Mundo. Mediante a represália, os membros do partido brasileiro aconselharam D. Pedro I a proclamar a independência imediatamente, antes que os conflitos com as tropas portuguesas transformassem nossa independência em um movimento popular. Dessa forma, percebemos que a elite agrária e os demais membros das classes dominantes do Brasil conduziram habilmente o nosso processo de independência. Mesmo alcançando a condição de nação soberana, boa parte da população se viu atrelada às mesmas práticas e instituições que garantiam os privilégios dos mais poderosos. Sendo assim, o nosso “7 de setembro” se transformou em uma ruptura cercada por uma série de problemáticas continuidades. Autor: Rainer Sousa - Graduado em História Fonte: Brasil Escola