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04 de Setembro: Aniversário de emancipação política de Paulista (Pernambuco)



Paulista é um município brasileiro do estado de Pernambuco. Localiza-se no litoral norte pernambucano, sendo pertencente à Mesorregião Metropolitana do Recife e à Microrregião do Recife, distando 18 quilômetros ao norte da capital do estado. Ocupa uma área de 102,3 km², tendo 16,9786 km² desse total no seu perímetro urbano e 85,4 km² formando a zona rural do município.

Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 336 919 habitantes, ocupando a quinta colocação entre os municípios do estado de Pernambuco.

A temperatura média anual do município é de 25,8 °C, e suas vegetações nativas e predominante são a mata atlântica e a restinga. Aproximadamente 100% da sua população vive na zona urbana, e dispõe de 70 estabelecimentos de saúde, segundo dados do ano de 2009. Em 2010, seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi estipulado em 0,732, sendo considerado alto e acima do valor estadual, tendo o quarto maior índice entre os municípios do estado.

O início da ocupação das terras do atual município se deu em 1535, na época em que Paulista era parte do município de Olinda. Neste ano, o donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, doou ao seu cunhado, Jerônimo de Albuquerque, as terras de Paratibe como reconhecimento aos trabalhos prestados por ele à então colônia. Por volta de 1550, Jerônimo doa as terras ao português Gonçalves Mendes Leitão, que casara com sua filha. Mais tarde, lá se estabeleceram um engenho d'água com o nome Paratibe, uma capela dedicada a Santo Antônio e um sobrado, tendo a partir daí o início do povoado. Cinco anos após essas transformações, é fundado a freguesia. O auge do seu crescimento ocorreu em 1902, após a instalação da indústria de tecidos feita pelos Lundgren, uma família de origem sueca que se estabeleceu na cidade.

Nos dias atuais, o município de Paulista se destaca por ser um pólo diversificado de prestação de serviços e indústria têxtil e química, sendo a sede do grupo Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte. Na área da educação, o município possui duas importantes instituições de ensino superior: a Faculdade Joaquim Nabuco e a Faculdade de Saúde de Paulista, além de instituições de ensino técnico, como o Escola Técnica Senai e o SENAC. Com 14 km de faixa litorânea e uma das maiores reservas florestais do estado, as praias e o turismo ecológico são os principais movimentadores do setor de turismo na cidade. A cidade ainda abrange em seu território o Veneza Water Park, um dos maiores parques aquáticos do Brasil.



HISTÓRIA

O município de Paulista se situa na área da antiga propriedade Paratibe (nome também do rio que banha parte da cidade). As terras de Paratibe foram doadas pelo donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, a seu cunhado, Jerônimo de Albuquerque, como reconhecimento por serviços prestados à Capitania. Alguns anos após, pela década de 1550, Jerônimo de Albuquerque fez doação dessas terras, em dote, ao português Gonçalo Mendes Leitão, esposo de Dona Antônia de Albuquerque, sua filha com a índia tabajara Muíra-Ubi, que adotara o nome cristão Maria do Espírito Santo Arcoverde.

Nessas terras, Gonçalo Mendes Leitão ergueu um engenho-d’água, uma capela dedicada a Santo Antônio e um grande sobrado como residência, também outras obras importantes para um estabelecimento agrícola. Erguida a capela, no ano de 1559, coincidiu de passar por Pernambuco, a caminho da Bahia, o bispo eleito do Brasil, D. Pedro Leitão, irmão de Gonçalo Mendes. Hospedado na casa de seu irmão, em Paratibe, o bispo celebrou o ato solene da bênção da capela, cerimônia à qual compareceu Jerônimo de Albuquerque.

No final do século XVI, um dos filhos de Gonçalo Mendes Leitão fundou o Engenho Paratibe de Baixo que posteriormente passou a ser propriedade de João Fernandes Vieira, em seguida da sua viúva, Dona Maria César, que o vendeu ao mestre-de-campo Manuel Alves de Morais Navarro. Data dessa época (1689) a mudança do nome do engenho que passou a ser conhecido como “Engenho do Paulista”, tendo em vista o novo proprietário ser natural da Capitania de São Paulo, de onde partira no comando de tropas para a Campanha dos Palmares. O nome desse engenho deu origem ao topônimo municipal.

Um fato marcante na história de Paulista ocorreu em 20 de maio de 1817, quando o padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro, integrante da Revolução Pernambucana, suicidou-se ao ver a causa perdida. Seu cadáver, sepultado na capela do Engenho Paulista, foi desenterrado e mutilado; a cabeça, separada do tronco, foi levada para a capital do estado e colocada no pelourinho por ordem do almirante Rodrigo Lobo, comandante da esquadra enviada da Bahia pelo conde dos Arcos, para reprimir o levante.

O estouro do crescimento populacional de Paulista só começou a surgir com o início das operações da fábrica de tecidos, adquirida em 1904 pela família Lundgren, de imigrantes suecos. O distrito de Paulista foi criado pela Lei Municipal n° 219, de 28 de dezembro de 1907, subordinado ao município de Olinda. A Lei Estadual n° 1.931, de 11 de setembro de 1928, criou o município de Paulista, constituído por territórios desmembrados de Olinda (distritos de Paulista, Canoas, Nobre e Conceição), Igarassu (parte do distrito de Maricota, além dos engenhos Improviso e Regalado e propriedade Pitanga do Inglez) e São Lourenço da Mata (Engenho Utinga). Mas o município foi extinto pelos decretos n° 268, de 25 de novembro de 1930, e n° 56, de 23 de janeiro de 1931, sendo seu território reanexado ao município de Olinda. Foi elevado novamente à categoria de município, com a denominação de Paulista, pela Lei Estadual n° 11, de 4 de setembro de 1935, desmembrado de Olinda, com sede no antigo distrito de Paulista. Foi instalado no dia 12 do mesmo mês e ano.

Durante as primeiras sete décadas do século XX Paulista foi uma cidade típica industrial, até a decadência do parque têxtil tradicional. A partir dos anos 70, entretanto, um pólo industrial moderno, instalado no distrito industrial de Paratibe, deu outra feição ao município.


GEOGRAFIA

Relevo

Relevo constituído por tabuleiros, cuja altitude varia de 40 a 50 metros, próximo à planície costeira e até mais de 160 metros, na porção oeste, estendendo-se para o leste.


Meio ambiente

As matas localizam-se no interior da área urbana ou nas proximidades desta, que são: Mata do Janga, Mata Jaguarana e Mata dos Caetés. Estas matas são reservas ecológicas criadas pela Lei n˚ 9.989, de 13 de janeiro de 1987. Dessas três reservas, apenas a de Caetés foi implantada, em 1991 e sofreu mudança de categoria, transformando-se em Estação Ecológica pela Lei Estadual n˚ 11.622/98, buscando, principalmente, contribuir para a proteção dos recursos hídricos, realizar atividades de Educação Ambiental e investigação científica, além de proporcionar lazer à população local.

A Mata de Jaguarana localiza-se às margens da PE-015, próximo ao núcleo urbano central do Paulista, possui uma área de 332,28 hectares, correspondendo a 3,41% da área do município e encontra-se distribuída em três propriedades privadas.

A Mata de Caetés localiza-se na margem esquerda do Rio Paratibe, possui 150 hectares, correspondendo a 1,54% da área do Município. Toda a sua extensão pertence à propriedade pública, segundo dados da FIDEM*. O Município possui ainda outras matas, situadas nos seguintes bairros: Parque do Janga, Jaguarana, Mirueira e Paratibe.

Na faixa litorânea, nos terrenos submetidos à influência constante das marés, desenvolve-se a vegetação de mangue. Esse ecossistema desempenha uma importante função como filtro biológico e químico das águas contaminadas por resíduos industriais e Domésticos, além de servir como viveiro natural. Ainda na Planície Costeira, a ocupação urbana tomou o lugar da vegetação de praia, ali representada por espécies herbáceas.


Esporte

O grande nome da cidade é o Íbis Sport Club, que, apesar da fama de "Pior Time do Mundo" por ter ficado quase quatro anos sem vencer uma única partida de futebol na década de 1970, já disputou partidas contra os grandes do Recife (Sport, Santa Cruz e Náutico), e um dos seus maiores feitos foi a vitória contra o Náutico nos Aflitos em 2002 e contra o Santa Cruz no Arruda em 2023.

Alguns problemas financeiros e jurídicos quase levaram o clube a encerrar suas atividades profissionais em meados do ano 2000, mas o Pássaro Preto (como é conhecido) deu a volta por cima e através do Projeto Século XXI passou por grandes mudanças, eventualmente retornando à primeira divisão do Campeonato Pernambucano em 2022.

Um fato curioso com o município é que ao mesmo tempo em que teve o Íbis Sport Club em 1999 com a fama de ser o "Pior Time do Mundo", no mesmo ano teve também o jogador Rivaldo eleito como o "Melhor Jogador de Futebol do Mundo pela FIFA" que é nascido em Paulista-PE no ano de 1972.

Outros clubes que representaram a cidade foi o Paulistano Futebol Clube e o Unibol Pernambuco Futebol Clube, já extintos, que jogavam no Estádio Ademir Cunha.

 

TURISMO

Localizada no estado de Pernambuco, Paulista fica a 18 km da capital, Recife. A cidade possui uma das maiores reservas florestais do estado. As praias e o turismo ecológico são os principais movimentadores do turismo na cidade.

Paulista possui uma faixa litorânea com 14 km de extensão, onde se encontra um mar de águas mornas e azuis, uma vasta área de coqueirais e casarios rústicos, colônias de pescadores, hotéis, bares e restaurantes, ao longo das praias de Enseadinha, Janga, Pau Amarelo, Praia do Ó,  Conceição e Maria Farinha.

Na praia de Maria Farinha existe de um lado o mar e de outro o rio Timbó, que possui uma faixa que oferece aos visitantes diversos tipos de lazer náutico, além de agregar o maior parque náutico do país e belezas geográficas naturais. Além disso, a praia também favorece passeios de barco ou de catamarã de onde podem ser apreciadas as belezas dos mangues, o Porto Artur, os Pocinhos Naturais e a Coroa do Avião.

Paulista, já foi conhecida como “Cidade das Chaminés” e “Capital dos Eucaliptos“. Hoje, devido ao potencial turístico das suas praias, águas sempre mornas e de seu sol típico dos trópicos, é conhecida como “namorada do sol“.

 

1 – Praia da Enseadinha 


 

Primeira praia do município de Paulista, a Enseadinha sofre influência do Rio Paratibe, sua extensão aproximada é de 700m de praia ondulada a quebrada, com areias finas e douradas, apresentando pequenos trechos de vegetação rasteira com coqueiros espaçados. Suas águas são pouco profundas, com fraca intensidade das ondas e pequena intensidade da maré. No local existe uma área de desova de Tartarugas Marinhas, monitorada pelo IBAMA.

2 – Praia do Janga 

Praia do Janga - Paulista, PE

Praia tranquila de mediana extensão, é conhecida como um dos refúgios da cidade. De clima agradável, costuma receber um bom número de turistas durante a alta temporada. Com uma larga faixa de areia dourada, essa praia conta com mar calmo, de águas transparentes, que mais parece uma piscina natural. É propício para o banho, inclusive de crianças e idosos, e para a prática de esportes como caiaque e jet ski.

3 – Praia de Maria Farinha 

Praia de Maria Farinha, Pernambuco

Praia de grande beleza e litoral, é considerada um dos recantos da cidade. Seu clima agradável costuma atrair diversos turistas não só durante a alta temporada, mas também nos feriados e finais de semana. Conta com uma boa faixa de areia dourada, o mar é calmo e de águas transparentes. É propício para o banho e para a prática de esportes como vela e windsurf.

4 – Praia de Pau Amarelo 

Vista para a praia de Pau Amarelo – Foto de , - Tripadvisor

Considerada um dos pequenos recantos da cidade, essa praia possui um clima aconchegante, que encanta os diversos turistas que chegam durante a alta temporada. Conta com uma boa faixa de areia dourada e grossa, o mar é tranquilo, de águas transparentes, propício para o banho e principalmente para a prática de esportes náuticos, como vela e caiaque.

5 – Igreja de Santa Isabel 

Católicos iniciam festividades da Co-padroeira de Paulista, Rainha Santa  Isabel de Portugal - paulista.pe.gov.br

Rainha de Portugal Entre os anos de 1946 e 1950, os Lundgren, em homenagem à matriarca da família, D. Elizabeth Lundgren, construíram uma igreja que deveria ter o nome de Santa Elisabeth Regina. Entretanto, como não existe santa católica com este nome, o templo foi dedicado a Santa Isabel – Rainha de Portugal. A inauguração aconteceu em 29 de junho de 1950 com procissão e missa celebrada pelo bispo arquidiocesano. Hoje a Igreja de Santa Isabel é considerada Imóvel Especial de Preservação e patrimônio dos paulistenses.

6 – Igreja Nossa Senhora da Conceição 

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A Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi construída no ano de 1842, com pedra de pedreira em um grande terreno à beira mar. Seu estilo é colonial.

7 – Forte do Pau Amarelo ou Fortaleza de N. Sra dos Prazeres 

Conheça os pontos turísticos mais visitados de Paulista - PE

 

O Forte do Pau Amarelo, localiza-se na praia de Pau Amarelo e o imóvel, de propriedade da Prefeitura do Município de Paulista, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 24 de Maio de 1938.

8 – Rio Timbó 

História e natureza no passeio pelo Rio Timbó, em Paulista (PE) —  Ministério do Turismo

O passeio de barco ou de catamarã no Rio Timbó, é uma das atrações de lazer ecológico em Paulista. É possível contemplar a beleza dos mangues e conhecer um pouco da história da cidade. As ruínas de um antigo terminal portuário e o encontro do rio com o mar ficam marcados na memória das pessoas que visitam o local.

9 – Centro Histórico Consolidado 

Parque Aurora, o mais novo espaço de lazer de Paulista - paulista.pe.gov.br

Data do início do Século. O Centro Histórico Consolidado é formado pelas fábricas da Companhia de Tecidos Paulista, as Vilas Operárias, o Casarão e Jardim dos Coronéis e a Igreja de Santa Isabel, estes dois últimos construídos em Estilo Europeu, de tijolo aparente.

10 – Parque Aquático Temático Veneza Water Park 


 

Com toboáguas de vários formatos, além de piscinas, corredeiras, saunas, quadras sportivas, lanchonetes e restaurantes, o parque atrai centenas de visitantes para a cidade, sobretudo nos finais de semana.

 

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Revoltas em Pernambuco: Setembrada

Por conta de sua tradição republicana, Pernambuco festejou a abdicação de Pedro I. Ainda que portugueses comerciantes ou com cargos no governo defendessem o imperador, os republicanos queriam a liberdade dos confederados de 1824. Para tirar proveito da mudança, parte da tropa do Recife, decide fazer imposições.

À frente o capitão Francisco Inácio Ribeiro Roma, exigem a demissão de portugueses no governo, e o fim do monopólio do comércio pelos mesmos. De um lado, os legalistas, de outro, os revoltosos. O governo cede. Militares e civis desfilam pelas ruas de Recife, liderados pelo novo comandante de armas, coronel Francisco Jacinto Pereira. Em que pese a tensão, absolutistas transformam-se em restauradores, o comércio se mantém nas mãos dos portugueses, e persistem a escravidão e as poucas chances de trabalho para os homens livres.

O novo comandante militar, no entanto, convoca os oficiais militares afastados após a Confederação do Equador, restabelece-lhes o soldo e concede um adiantamento. Demite os portugueses dos postos de mando, diminui os gastos militares, melhora a qualidade da comida dos soldados e autoriza o julgamento dos presos de 1824. Mas os juízes, ligados aos donos de terras, libertam criminosos que logo formam a guarda pessoal dos latifundiários. Moços ricos praticam o estupro em mulheres de famílias pobres, e ficam impunes; sem falar no privilégio de não se submeterem ao serviço militar. Para conter a insatisfação, o brigadeiro Paula e Vasconcelos ordena o recolhimento e chamada nominal da soldadesca às 20h. Há atraso de soldos e castigos corporais. Às 21h de 14 de setembro de 1831, tem início a revolta popular dos soldados, a Setembrada. Sem o apoio dos oficiais, a cadeia é arrombada e os presos são libertados. Os escravos confraternizam-se com a tropa. A cidade está à mercê dos sediciosos. Há porém saques às lojas e bebedeira da soldadesca; os cronistas atribuem-nos à ausência de uma liderança precisa. Soldados aproveitam para abandonar as armas, e entregam-se ao prostíbulo. A maioria participa da sublevação.

Para combater a revolta, Paula e Vasconcelos junta civis e militares e parte de Afogados em direção ao Forte de Cinco Pontas. Seus chefiados defrontam-se com um grupo de 400 rebeldes. Dá-se o que o brigadeiro não espera: legalistas e revoltosos confraternizam aos gritos de “morte aos Colunas” e “fora os Colunas”; referem-se à organização Colunas do Trono e do Altar, que apoia o governo de Pedro I e o fim da Constituição de 1824. O brigadeiro recua para Afogados e segue para Boa Viagem. Consegue reunir 100 homens de cavalaria e 200 de infantaria. De volta a Afogados, ataca e obtém a rendição de revoltosos, que juram fidelidade aos governos regencial e provincial, e disposição para lutar contra a sublevação.

Outro ataque à Setembrada ocorre sob o comando do capitão-tenente Antônio Pedro de Carvalho, com “apoio de 50 estudantes, uns poucos milicianos de Recife, outros de Olinda e alguns paisanos.” Os rebeldes reagem junto com as forças do Arco do Bom Jesus. Os legalistas são derrotados e os rebeldes têm a adesão dos soldados da Fortaleza do Brum. Para ocupar as ruas, os soldados deixam a Fortalza, permitindo sua retomada pelas tropas da marinha.

Os 400 homens que partem de Olinda, à frente o comandante Borges Leal, recebem o reforço de mais 100, vindos do bairro de Casa Forte. Têm o apoio de civis que participaram da retomada da Fortaleza do Brum, e de estudantes do Curso Jurídico de Olinda. Os sublevados são sitiados no Palácio Velho, onde se concentra o bombardeio.

O historiador Manoel Correia de Andrade aponta três razões para a derrota da Setembrada: revolta espontânea, inexistência de exigências e objetivos políticos pouco definidos. Mesmo entre os protagonistas ouviam-se gritos de “viva Pedro II.”A revolta teve o apoio da Paraíba, do Maranhão, do Pará e do Piauí. Deixou 100 mortos entre os militares e dentre os civis, 30. Os derrotados foram enviados a Fernando de Noronha, a pedido de cônsules estrangeiros sentindo-se ameaçados.

Fonte: Portal Vermelho
 

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Revolução Pernambucana de 1817


A Revolução Pernambucana de 1817

Para sustentar o luxo da corte portuguesa no Rio de Janeiro, o governo aumentava os impostos. Em Pernambuco, o sentimento nativista crescia e com ele, o desejo de que houvesse um governo brasileiro para substituir o governo português.

Para agravar ainda mais a situação, em 1816 ocorreu uma grande seca em Pernambuco que afetou a lavoura de cana de açúcar e do algodão. Se antes disso já era difícil pagar os impostos exigidos pelo governo, agora era impossível. Era preciso fazer uma revolução para promover a libertação da dominação portuguesa.

A ideologia iluminista também havia se espalhado pelo mundo e provocado revoluções como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a independência de algumas colônias espanholas na América do Sul. Todos esses fatores acabaram por influenciar e a provocar a Revolução Pernambucana de 1817 que ultrapassou a fase de conjuração e chegou a atingir o poder.

Na Revolução Pernambucana houve a participação de sociedades secretas, intelectuais, padres e militares; no entanto os escravos estavam excluídos. O objetivo era proclamar uma república brasileira e expulsar o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

O movimento eclodiu em março de 1817 e obrigou o governador a buscar refúgio no Forte do Brum que, por não oferecer condições de defesa, levou o governador a render-se.

Os revoltosos permitiram que ele partisse para o Rio de Janeiro e, em seguida formaram o governo provisório que apresentou as seguintes propostas: proclamar a República, abolir alguns impostos e elaborar uma constituição que permitisse liberdade religiosa e a igualdade de todos perante a lei.

Em relação aos escravos, a Revolução Pernambucana estabeleceu que a abolição seria “lenta, regular e legal”, para não prejudicar os interesses dos senhores de engenho. Essa parte não era compatível com as idéias iluministas.

O governo provisório durou 75 dias, isto é, até que D. João mandasse suas tropas para cá com grande quantidade de armas, munições e navios. Os revolucionários renderam-se e seus líderes, como Domingos José Martins, padre Miguelinho, Domingos Teotônio Jorge, o padre João Ribeiro Pessoa e José Luís de Mendonça foram condenados à morte. Portugal mantinha seu poder a qualquer custo. Mesmo assim, outras revoltas surgiram em Pernambuco, mais tarde.

A Revolução Pernambucana de 1817, que tanto lutou contra o colonialismo, teve centros de debates políticos de onde partiram os ideais revolucionários. Um deles foi o Areópago de Itambé dirigido pelo padre Arruda Câmara que proibia a presença de estrangeiros nos seus debates internos. Outro importante foco divulgador das idéias emancipacionistas foi o Seminário de Olinda onde um de seus principais membros era o padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, conhecido como padre Miguelinho que participou da Revolução de 1817, sendo fuzilado pelas tropas do rei.

Pela presença dos membros da Igreja, a Revolução Pernambucana é também conhecida como Revolução dos Padres.

Pedro da Silva Pedroso, o Pardo do Recife: Soldado valente que tentou fazer do Brasil um país só de negros e mulatos

 


Em maio de 1817, no comando do Forte de Cinco Pontas, no Recife, o coronel Pedro Pedroso aguardava a chegada de um exército inimigo, que vinha da Bahia para botar abaixo a república proclamada em Pernambuco, dois meses atrás. Porém, o general Domingos Teotônio — então, à frente das tropas pernambucanas — decretou a retirada do Recife e ele não chegou a entrar em combate.

Em setembro de 1824, a situação se repetiu: Pedroso estava novamente pronto a lutar pelo Recife. Dessa vez, contudo, do lado oposto, marchando na armada despachada do Rio de Janeiro pelo imperador Pedro I contra mais um movimento libertário, lançado por antigos revolucionários de 1817: a Confederação do Equador. Mas ele não se achava um traidor, pois o seu projeto político era outro, acima e além da pendenga entre monarquistas e republicanos…

O PARTEIRO

“Negro, em festa de branco, é o primeiro que apanha e o último que come”. Nesse ditado popular se resumia toda a ideologia do “Pardo do Recife”, como Pedro Pedroso apelidara a si mesmo. A causa pela qual lutava era, em primeiro lugar, a sua gente, os pretos e mulatos escravizados ou livres, mas sempre desvalidos. E, em segundo lugar, os seus interesses pessoais, é claro, que ele também estava longe de ser santo — um São Benedito, se fosse o caso; mas, seguramente, santidade não era o seu forte.

Pobre, semiletrado, porém muito inteligente, enérgico e valente, ele abriu caminho na vida à custa do próprio esforço. Alistou-se como praça no regimento de Artilharia e chegou a capitão, o posto máximo que um mulato brasileiro podia aspirar no exército português. Tornou-se conhecido, respeitado, amado e temido no meio do povo. E, além de ser o xodó das escurinhas, também arrancava suspiros de muitas brancas “de família” que, por trás das gelosias, o viam passar pelas ruas, alto, bonito, elegante, com suas longas costelas e fartos bigodes, sempre montando cavalos magníficos.

No dia seis de março de 1817, Pedroso serviu de “parteiro” da Revolução. Quando o capitão José de Barros Lima — o “Leão Coroado” — recusou a ordem de prisão dada pelo brigadeiro português Manoel Barbosa e o matou, foi ele que tirou a espada ensanguentada das mãos do camarada para, empunhando-a, assumir o comando do Regimento de Artilharia do Recife. E, em seguida, proclamou o início do levante, logo apoiado pelos recifenses e depois por todo Pernambuco, pela Paraíba e pelo Rio Grande do Norte. Além disso, foi ele que, naquele dia, sem titubear, mandou fuzilar o coronel Tomás de Aquino, enviado pelo governador português Caetano Pinto para parlamentar com os militares rebelados, assim acabando com qualquer possibilidade de recuo do movimento.

DISCRIMINAÇÃO

Também foi Pedroso que, dias depois, já instalado o Governo Provisório de Pernambuco, invadiu a sala onde os cinco governadores estavam reunidos e ameaçou de morte um deles, o advogado José Luís Mendonça. Assim, forçou Mendonça a retirar uma proposta de buscar acordo com o príncipe D. João, que estava prestes a ser aprovada. Foi ele, ainda, que, com muita luta, conseguiu arrancar daquele governo o primeiro ato abolicionista já decretado no Brasil, concedendo alforria aos escravos que se alistassem no exército. E foi ele que, pessoalmente, treinou a primeira tropa de cativos assim libertos.

Finalmente, foi Pedroso que mais insistiu para que os inimigos da Revolução fossem tratados com rigor. Para dar exemplo ele até mandou, por conta própria, fuzilar três desertores da tropa em praça pública. Mas os governadores não o escutaram — foram frouxos, em sua opinião —, o movimento foi derrotado e o seu desencanto começou.

Com dezenas de outros patriotas, Pedroso foi preso e despachado para a Bahia, e lá sentiu a discriminação doer ainda mais, porque partia dos seus próprios companheiros. Os negros eram, de fato, os primeiros a apanhar e os últimos a comer, e não apenas nas festas dos brancos, mas até na cadeia, junto com eles!

Então ele perdeu o pouco respeito que ainda tinha pelos republicanos. Estes seriam até piores que os outros brancos, porque iludiam os pretos com falsas promessas. Ora, se eles praticassem a liberdade, a igualdade e a fraternidade que pregavam, a escravidão não teria cessado nos Estados Unidos quando aquele país ficou independente, em 1776? E por que ela não fora extinta nas colônias francesas, após a Revolução de 1789? Certos, para ele, estavam os negros do Haiti que, em 1804, mataram ou expulsaram todos os “caiados” daquela ilha!

Pela República em 1817 e contra ela em 1824

Após a anistia de 1821, mais segregação. Pedroso não foi libertado com os outros e sim enviado para Portugal, acusado de mandar matar o coronel Aquino. Mas foi perdoado e voltou para sua terra. E aqui estava, em fevereiro de 1822, quando foi procurado por Antônio de Menezes Drummond, agente do ministro José Bonifácio, que andava às turras com Gervásio Pires, então presidente de Pernambuco. Na época, Bonifácio defendia que o Brasil proclamasse a independência de Portugal e se tornasse um império, regido pelo príncipe D. Pedro. Mas Gervásio temia que, indo por esse caminho, o resto do país continuasse sendo oprimido e explorado pela corte do Rio de Janeiro, e vacilava em apoiar essa proposta.

Drummond não teve dificuldade em ganhar Pedroso para a sua causa com promessas de melhorias de vida para o povo e aumento de soldo para os militares. Então, com o prestígio popular que tinha, o Pardo agitou as tropas e as massas. E, em setembro, derrubou o governo de Gervásio, sendo premiado com o comando das tropas de Pernambuco.

Mas o novo governo, a “Junta dos Matutos”, formado por senhores de terras e escravos, também não nutria grande simpatia pelas causas abolicionistas e populares. E o Pardo, achando que as circunstâncias lhe eram favoráveis, resolveu dar um passo à frente. Ele sublevou o 3º e 4º regimentos, os “Bravos da Pátria” e os “Montabrechas”, formados por negros e mulatos, respectivamente, e no dia 21 de fevereiro de 1823 o Recife foi tomado pela malta de pele escura, dando vivas ao Haiti e recitando uma quadrinha que anunciava o fim de todos “marinheiros” (portugueses) e “caiados” (brancos) no Brasil.

A “Pedrosada”, porém, foi abafada, e Pedroso despachado para o Rio de Janeiro. E lá estava preso quando os pernambucanos rebelaram-se mais uma vez, em 1824, na Confederação do Equador. Então, sabendo da liderança que ele exercia sobre o povo pobre daquela província, D. Pedro I lhe ofereceu anistia e o comando das tropas de volta, em troca do seu apoio. E o Pardo do Recife aceitou participar de mais uma “festa de brancos”, ainda com a esperança de que um dia, no Brasil, os pretos e mulatos fossem os últimos a apanhar e os primeiros a comer. E nessa expectativa viveu até morrer de velhice, no Rio de Janeiro.

 

Fonte: Blog Diário de Pernambuco

 

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Herança afrodescendente em Pernambuco

O texto encontrado no site da Secretaria de Cultura de Recife, Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, resume bem o aspecto da herança em questão: “a herança africana, trazida por milhões de negros e negras vítimas do tráfico transatlântico, com uma enorme diversidade de grupos étnicos, fez do Brasil a segunda maior população de negros do mundo fora da África. Vivendo em condições desfavoráveis, essa população negra brasileira, ao longo de sua história, utilizou-se de mecanismos diversos para resistir à escravidão, que mesmo depois de um século abolida, faz amargar frutos que geram a necessidade de uma resistência permanente. Essa herança de luta está representada nas formas singulares de manifestações culturais, artísticas e religiosas. O sonho de liberdade e dignidade do povo negro expressa-se de forma marcante na dança, na música, nas artes plásticas, que tanto ajudou a preservar a memória ancestral do povo negro brasileiro. No Recife, as diversas manifestações culturais afro-brasileiras têm papel fundamental na rica cultura local. São de matrizes africanas, em sua grande maioria, as manifestações populares que colorem os quatro cantos desta cidade. (...)” 

Em oposição ao legado negativo da escravidão, existe uma herança afrodescendente positiva e riquíssima no estado de Pernambuco, que se manifesta sobretudo na cultura: música, dança, comida, etc. Nota-se, também, a influência afrodescendente na oralidade da fala pernambucana, recheada de vocábulos provenientes da africanidade linguística (banda, cachimbo, fubá e moloque, como exemplos), assim como alguns fenômenos linguísticos da oralidade e do português popular que são atribuídos à influência africana, como o apagamento do /r/ no final das palavras e a falta de concordância nominal, no português não padrão. Essas influências também ocorrem em outras regiões do Brasil, mas de forma diferenciadas localmente, muitas vezes. 

Muito dessa herança sobreviveu às perseguições e às discriminações, adaptando-se. Os terreiros de candomblé de Recife, para esquivarem-se da política de repressão do estado, transformaram- -se em sociedades carnavalescas, como o maracatu. Os negros, disfarçados de nobres, reverenciavam a "Corte Real", mas na verdade evocavam os seus deuses. E assim continuaram por décadas, resistindo e sendo discriminados. O Maracatu (Rural ou Urbano), que atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco, é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão.

Outro exemplo é o Frevo (Frevo de Rua, Frevo Canção ou Frevo de Bloco), que teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “frevura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano.

Além desses ritmos, podemos citar o forró (com influências também indígenas e europeias; baião, xote, xaxado e côco, que fazem parte do forró), o manguebeat (movimento de contracultura surgido em Recife, que mistura outros ritmos regionais, como maracatu, com hip hop, música eletrônica, etc) e a ciranda (um tipo de música e dança típica da Ilha de Itamaracá).





A Capoeira, trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exterminar Palmares (quilombo localizado na Capitania de Pernambuco, no território do atual estado de Alagoas), os escravos foragidos aplicavam os movimentos da capoeira como recurso de ataque e defesa. Em 1928, um livro estabeleceu as regras para o jogo desportivo de capoeira e ilustrou seus principais golpes e contragolpes. O capoeirista era considerado um marginal, um delinquente. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.

Na culinária pernambucana, o legado africano é encontrado em muitos pratos e temperos, com destaque para alguns produtos que de lá vieram e que hoje são elementos fundamentais na alimentação: a banana, o amendoim, o azeite de dendê, a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar, o coqueiro e o leite de coco, o quiabo, o caruru, o inhame, a erva-doce, o gengibre, o açafrão, o gergelim, a melancia, a pimenta malagueta, a galinha d’angola entre outros. Com a escassez da alimentação do escravo, os negros inventaram o pirão escaldado (massapê) e o mungunzá, por exemplo.

06 de Março - Data Magna de Pernambuco. O que significa a data?


Hoje, 6 de março, é comemorado em todo o estado de Pernambuco, o feriado da Data Magna, instituído pela Lei estadual nº 16.059/2017. Mas o que significa DATA MAGNA DE PERNAMBUCO?


A Data Magna de Pernambuco faz alusão à Revolução Pernambucana de 1817, considerada um marco na história do Brasil, onde o estado deu o primeiro passo para tornar o Brasil um país independente.


Durante 75 dias, Pernambuco se tornou independente do Brasil e da Coroa Portuguesa, com o apoio dos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.


A República, apesar de curta, deixou um legado inigualável. 


CARTA MAGNA OU DATA MAGNA DE PERNAMBUCO?


Muita gente se confunde com o termo utilizado para o feriado em Pernambuco, porém há diferenças nos termos.


Carta Magna é o nome atribuído a um documento que, na Idade Média, serviu para trazer limitações ao poder real em relação aos nobres.


Atuando como uma espécie de Constituição, ainda que esse conceito não fosse aplicado à época. Podendo se dizer que a carta magna é a Constituição do Estado.


Já a Data Magna é o marco que se refere aos movimentos libertários eclodidos em 6 de março de 1817.


(Fonte: TV Jornal)

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04 de Maio : Aniversário de Jaboatão dos Guararapes - Conheça a história da cidade


 

Jaboatão dos Guararapes é um município brasileiro do estado de Pernambuco, Região Nordeste do país. Está localizado na Região Metropolitana do Recife, situando-se a sul da capital do estado, da qual dista cerca de 18 km. Ocupa uma área de 258,7 km², estando 23,6 km² formando o perímetro urbano e os 233,7 km² restantes formando a zona rural do município. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020 sua população era de 706 867 habitantes, sendo, desta forma, o segundo município mais populoso do estado, além disso, a cidade é o maior município sem ser capital no norte- nordeste, sendo também, maior fora do eixo Rio-São Paulo.


As terras que formam o atual território municipal foram concedidas por Duarte Coelho, em 1566, a Gaspar Alves Purga e Dona Isabel Ferreira, com o objetivo de desenvolver a produtividade das terras. Numa extensão de uma légua, foi instalado o engenho São João Batista, o qual foi vendido em 1573 a Fernão Soares, cuja herdeira, Maria Feijó, foi casada com o português Antônio Bulhões, havendo a mudança do nome do engenho para Bulhões. O município foi fundado sob o nome de Jaboatão em 4 de maio de 1593 por Bento Luiz de Figueirôa, o terceiro proprietário do antigo Engenho São João Batista. A cidade é conhecida como "Berço da Pátria", por ter sido palco da Batalha dos Guararapes, travada em dois confrontos, em 1648 e 1649. Nesta batalha, pernambucanos e portugueses expulsaram os invasores holandeses do seu território. Em 1989, o município passou a chamar-se "Jaboatão dos Guararapes", parte em homenagem ao Monte dos Guararapes, local onde ocorreu a batalha, que foi parte da Insurreição Pernambucana e parte para barrar diversas tentativas de emancipação do Distrito de Prazeres, por este motivo a sede da prefeitura foi transferida do centro do município para o distrito de Prazeres, porém ao mudar o local da sede do município o nome deste deve ser mudado, por este motivo acrescentou-se o "dos Guararapes" ao antigo nome do município passando assim a Jaboatão dos Guararapes o mesmo ocorreu com a bandeira, foi acrescida do texto "dos Guararapes".



Jaboatão dos Guararapes destaca-se por sua indústria, possuindo o terceiro maior PIB industrial de Pernambuco e estando situado numa região estratégica de desenvolvimento econômico de Pernambuco, junto com as cidades de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, localizando no caminho entre Recife e o Porto de Suape, que é o principal polo de investimentos do estado. É cortado pelas principais rodovias do estado, a BR-101 (de norte a sul), a BR-232 (de leste a oeste) e o futuro Arco Metropolitano, que tem em seu projeto um traçado no sul do município. Juntamente com outros municípios da sua região, Jaboatão faz parte do Território Estratégico de Suape, criado pela Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) para delimitar a área de influência do Complexo Industrial e Portuário de Suape.


HISTÓRIA

Na época das capitanias hereditárias os donatários concediam lotes, em regime de sesmarias , para desenvolver a produtividade das terras. Em 1566 , por uma carta de sesmaria lavrada na vila de Olinda, Duarte de Albuquerque Coelho (segundo donatário de Pernambuco) concedeu a Gaspar Alves de Pugas uma légua de terras situadas nas margens do rio Jaboatão, judicialmente demarcadas em 1575. Grande parte dessa sesmaria foi vendida, em 15 de setembro de 1573, a Fernão Soares, que, juntamente com seu irmão, Diogo Soares, construiu o Engenho Nossa Senhora da Assunção (posteriormente Suassuna), o qual começou a moer em 1587. Gaspar Alves de Pugas ainda ficou com uma grande parte da sesmaria, na qual construiu o Engenho São João Batista (atual Usina Bulhões), que já estava em atividade em 1575. Em 1584 esse engenho foi comprado por Pedro Dias da Fonseca, que nove anos depois o revendeu aos portugueses Bento Luiz de Figueiroa e sua mulher, D. Maria Feijó de Figueiroa, ambos naturais da cidade do Porto. A escritura pública foi lavrada na vila de Olinda, no dia 4 de maio de 1593, considerada a data simbólica da fundação de Jaboatão. Eles se estabeleceram como terceiros proprietários do engenho, nas terras onde hoje se localiza o município de Jaboatão dos Guararapes.

 

Às famílias que para ali afluíram, oriundas principalmente de Olinda e do Recife, fugindo da invasão do corsário inglês James Lancaster (1591), Bento de Figueiroa doou terras para a construção de casas, na parte situada entre os rios Jaboatão e Duas Unas e na confluência dos mesmos, a título de aforamento perpétuo; a partir de então teve início o primeiro núcleo de população. Com o tempo, já desenvolvida a povoação, Bento de Figueiroa doou um terreno para erigir uma igreja, além de contribuir com donativos para a construção da mesma e terras para a constituição do seu patrimônio canônico. A igreja foi erguida sob a invocação de Santo Amaro e, em 1598, recebeu foros de paróquia. No mesmo ano foi criado um curato, por D. Antônio Barreiros, terceiro bispo do Brasil, anteriormente prior da Ordem de S. Bento de Avis; o curato foi provido em 1609. D. Maria Feijó de Figueiroa morreu no dia 12 de novembro desse mesmo ano e foi sepultada na capela-mor da igreja matriz, atendendo ao pedido que constava em seu testamento.
 
 
Navios holandeses / Crédito: Wikimedia Commons

No dia 21 de outubro de 1633 o povoado foi invadido e saqueado por 700 neerlandeses, os quais foram rechaçados pelas tropas comandadas pelo major Pedro Correia da Gama e pelo capitão Luiz Barbalho Bezerra. No município ocorreram dois fatos importantes da história pernambucana: as lutas contra o invasor holandês, travadas nos Montes Guararapes, nos dias 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1649. No segundo desses combates saiu ferido Henrique Dias, que morreu anos depois, em consequência dos golpes recebidos.

Segunda Batalha dos Guararapes

Em 20 de dezembro de 1962, pela lei 4692, o distrito de Cavaleiro foi desmembrado do município, emancipando-se como novo município. Em 20 de dezembro de 1963, pela lei 4964, o distrito de Muribeca dos Guararapes foi também desmembrado, formando o município de Guararapes. Mandados de segurança desfizeram esses desmembramento, voltando o município a se integrar totalmente.

 

Pela Lei Estadual nº 4, de 5 de maio de 1989, houve uma reestruturação, transferindo-se a sede administrativa para o então distrito de Guararapes e o município passou a denominar-se Jaboatão dos Guararapes. A mesma lei criou o distrito de Jaboatão onde antes era a sede municipal, integrado ao município de Jaboatão dos Guararapes, e anexou o território do distrito de Muribeca dos Guararapes ao distrito sede. A divisão territorial datada de 1 de junho de 1995 ratificou a divisão do município, que ficou constituído de três distritos: Jaboatão dos Guararapes (sede), Cavaleiro e Jaboatão, assim mantendo em divisão datada de 2005. No dia 11 de janeiro de 2008 a Lei Complementar nº 2 criou mais dois distritos: Curado e Jardim Jordão.

 

A importância dos Montes Guararapes no contexto nacional é reconhecida desde o seu tombamento, em 1961. Ratificando o valor histórico do sítio onde foram travadas as duas batalhas (1648 e 1649), foi criado o Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PHNG), homologado através do Decreto nº 68.527, de 19 de abril de 1971. O parque conta com uma área de 3,63 quilômetros quadrados, sendo que parte desse território está sob responsabilidade do Exército. O local também é sede da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, templo barroco que guarda os restos mortais dos heróis das lutas travadas no local.
 

Formação administrativa

Em 20 de março de 1764 um alvará criou o distrito de Jaboatão, subordinado a Recife; esse distrito seria elevado à categoria de vila em 24 de maio de 1873, por força da lei provincial 1.093. Essa configuração se manteve até 27 de junho de 1884, quando a lei provincial 1.811 elevou a vila à condição de cidade. Em 11 de setembro de 1928, já na República, com a Lei Estadual n.º 1.931, a cidade ganharia estatuto de município. O nome atual só viria em 5 de maio de 1989, quando a lei estadual n.º 4 rebatizou o município.

 

GEOGRAFIA 

 

Subdivisões

Compõem o município cinco distritos: Jaboatão dos Guararapes (sede), Cavaleiro, Jaboatão, Curado e Jardim Jordão.

 

Hidrografia

O município de Jaboatão dos Guararapes está incluído nos domínios dos Grupos de Bacias Hidrográficas de Pequenos Rios Litorâneos. Seus principais rios são os rios: rio Jaboatão e rio Tejipió. Os principais afluentes do rio Jaboatão são os rios Duas Unas, Zumbi, Palmeiras e Muribequinha. Seus principais açudes são: Palmeira, Mossaiba, Jangadinha, além da Barragem de Duas Unas.

 

Clima

O município tem o clima tropical, do tipo As´. Os verões são quentes e secos. Os invernos são amenos e úmidos, com o aumento de chuvas; as mínimas podem chegar a 15 °C. As primaveras são muito quentes e secas, com temperaturas que algumas ocasiões podem chegar aos 35 °C

 

Relevo

O município possui três tipos de relevo em seu território: as Planícies Costeiras, com trechos periódicos ou permanentemente inundados, com terraços marinhos com altitudes variando entre um e oito metros. Há, também, áreas com altitudes elevadas, podendo atingir mais de 100 metros na zona leste do município.

 

Vegetação

A cobertura vegetal nativa do município é a mata atlântica, composta por floresta perenefólia, floresta caducifólia e manguezal. Hoje resta menos de 3% da cobertura original. A atividade econômica relacionada à cana-de-açúcar foi o principal responsável pelo desmatamento.

Reserva florestal de Manassu

A reserva está localizada no Engenho Manassu e é uma das cinco áreas de reserva ecológica do município. A reserva constitui uma área de proteção integral, de acordo com o que diz um decreto estadual de 1987, que deveria estar sob a responsabilidade e proteção da Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos (CPRH). Devido ao impasse fundiária entre a Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o decreto ainda não foi validado. A reserva possui 264,24 hectares e é bastante rica em fauna e flora. A região da reserva é cortada pelos rios Manassu e Mussaíba, que nascem no município de São Lourenço da Mata e que são afluentes do rio Jaboatão. Eles encontram-se relativamente bem preservados.

Os impasses entre os dois órgãos citados atrapalham a fiscalização desse refúgio, que está, pouco a pouco, sendo destruído pela extração de madeira na época de festejos juninos. As principais espécies encontradas são: visgueiros, sucupiras, imbiribas, pau-ferro, urucuba, munguba, entre outras.

 

Solo

Os principais tipos de solos encontrados no município são: latossolo vermelho amarelo distrófico, podzólico vermelho amarelo, podzol hidromórfico, solos aluviais, areias quartzosas marinhas e solos indiscriminados de mangues.

 

Geologia

O município está incluído, geologicamente, na Província da Borborema, sendo constituído por complexo gnáissico-migmatítico, rochas plutônicas, grupo pernambuco (formação cabo), formação barreiras e depósitos quatemários.

 

Demografia

Jaboatão dos Guararapes é o segundo maior município de Pernambuco em população. Segundo a estimativa para 1 de julho de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sua população era de 697 636 habitantes, distribuídos numa área de 258,694 quilômetros quadrados, tendo, assim, uma densidade demográfica de 2 491,82 habitantes por quilômetro quadrado.
 

Religião

A cidade de Jaboatão dos Guararapes tem uma grande diversidade de igrejas e religiões. Na cidade, cerca de 44% são adeptos do catolicismo. Porém, também há uma grande porcentagem de evangélicos/protestantes na cidade (35,2%). Dentre as igrejas evangélicas, a Assembleia de Deus é a maior delas e possui o maior número de adeptos, 62 138. A Igreja Universal também está bem presente com 12 235 membros, a Congregação Cristã no Brasil com 8 315, a Igreja Batista com 8 236, e a igreja Deus é Amor com 6.944. Entre outros grupos cristãos sem relação com evangélicos/protestantes ou católicos, estão os de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que conta com cerca de 11647 membros, e as Testemunhas de Jeová com cerca de 15877. Também destaca-se a Igreja Batista Central do Jaboatão (IBCJ), que é a igreja independente com maior quantidade de membros, aproximadamente 6 000. Os Espíritas são cerca de 50 mil pessoas, e também há na cidade comunidades de Religiões Asiáticas (como Budismo e Hinduísmo), muçulmanos e Candomblecistas.

 
ECONOMIA

Segundo dados sobre o produto interno bruto dos municípios, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística referente ao ano de 2013, a soma das riquezas produzidos no município é de R$ 13 217 350 000,00 reais (o 2° maior do estado). Sendo o setor de serviços o mais representativo na economia jaboatonense, somando R$ 6 452 834 000,00 reais. Já os setores industrial e da agricultura representam R$ 2 409 224 000,00 reais e R$ 23 836 000,00 reais, respectivamente. O produto interno bruto per capita do município é de R$ 19 410,36 (o 8° maior do estado).

Serviços

Com um diversificado setor comercial que representa mais de 50% do produto interno bruto do município, a cidade apresenta grandes bairros comerciais como Cavaleiro, Jaboatão Centro, e Prazeres. No bairro de Piedade, encontra-se um dos maiores e mais movimentados shoppings de Pernambuco, o Shopping Guararapes. 

 

Indústria

Jaboatão localiza-se entre o Recife e o Porto de Suape: por isso, possui um importante distrito industrial. Estão instaladas, no município, fábricas como a da Coca-Cola, da Unilever, da Arno, da Basf e da Vitarella. Jaboatão também é um importante centro logístico, destacando-se o Centro de Distribuição da Rede Wal-Mart e a Nestlé, possui várias transportadoras entre elas a Rapidão Cometa. Jaboatão receberá a fábrica de Novartis, a empresa suíça que seria instalada no Polo Farmacoquímico e de Biotecnologia em Goiana (PE), vai ser instalada em Jaboatão dos Guararapes. A construção da fábrica de vacinas terá um investimento de 300 milhões de dólares estadunidenses (480 milhões de reais) e vai gerar cerca de 120 postos de trabalho.

 

CULTURA

Turismo

Possui grande infraestrutura Hoteleira, detém relevante patrimônio cultural, mas faltam políticas públicas para desenvolver a atividade turística.

Praias

Jaboatão tem três praias, sendo elas:

  • Barra de Jangada: sua extensão é de aproximadamente 400m em praia quebrada, é considerada regular para banho. Localizada entre a Praia de Candeias ao norte e a Praia do Paiva no Cabo de Santo Agostinho ao sul, suas águas são pouco profundas com média intensidade de ondas. Ainda em Barra de Jangada existe a Ilha do Amor, uma praia de vegetação intocada que fica próxima à costa ligada a Praia do Paiva por um istmo de terra.
  • Candeias: sua extensão é de aproximadamente 3 quilômetros em praia de trechos quebrados e trechos ondulados. Localizada entre a Praia de Piedade ao norte e a Praia de Barra de Jangada ao sul, Candeias é uma das praias mais bonitas da cidade, seu calçadão é bem localizado com áreas de esporte e lazer, conta com vários restaurantes em seu entorno.
  • Piedade: sua extensão é de aproximadamente 4,5 quilômetros de praia quebrada. Localizada entre a Praia de Boa Viagem, ao norte, e a Praia de Candeias, ao sul, com ondas de média densidade ocorrendo erosão em alguns trechos, é a praia mais procurada da cidade nos fins de semana. Em sua orla, encontram-se os melhores hotéis da cidade, além de boates, bares e restaurantes. Foi divulgado recentemente que sua orla passaria por grandes reformas.
 
Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora

Foi construída em 1660, possivelmente edificada como pagamento de promessa após a invasão holandesa. Em 1670 foi criada sua irmandade com rico patrimônio canônico. É uma capela maneirista que passou para a propriedade da Ordem dos Beneditinos, depois de sofrer reformas. Chama atenção o belo jardim que a circunda. Passou a condição de Paróquia em 2013, anteriormente fazendo parte da paróquia vizinha, Nossa Senhora das Candeias. Como paróquia, possui quatro comunidades: Nossa Senhora do Loreto, Nossa Senhora da Conceição, Divino Mestre e São Sebastião.

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Fica no povoado de Muribeca. Erguida no século XVII, durante a invasão holandesa, foi depredada e transformada em fortaleza. Em 1781, foi reconstruída pelo proprietário do Engenho Santo André, Felipe Campelo. A igreja destaca-se do conjunto por sua proporção e imponência.

 
Santuário Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora / Gruta de Nossa Senhora de Lourdes

O santuário foi construído em 1915, pelo padre italiano Antônio Villar, a pedido de Dom Bosco. Foi erguido sobre um monólito, no Antigo Engenho Suassuna. É de estilo romântico com forma externa bizantina e lá se encontra a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, com 4m de altura. O santuário está vinculado à Basílica de São Pedro, no Vaticano, e concede às pessoas que o visitam as mesmas indulgências da Basílica. Em 1918, deu-se a inauguração da escadaria de 52 degraus que leva à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, sobre a qual foi erguida a Igreja.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

No local mais antigo da cidade, há, hoje, uma praça. E é lá que foi erguida, no século XVII, a Igreja votiva à Nossa Senhora do Rosário, que possui lindos vitrais.

Igreja de Santo Amaro

Foi erguida em 1598, quando os proprietários do Engenho São João Batista doaram o terreno para sua construção. Em 1691, a igreja, já bastante avariada e distante do povoamento, foi transferida para o local atual. É uma das áreas mais elevadas da cidade, o que lhe confere posição de destaque.

Igreja de Nossa Senhora do Livramento

Construída no fim do século XVIII, tem o interior adornado por falsas janelas. Como a maioria das igrejas do município, é um atrativo urbano. 

 
Parabéns a todos os jaboatonenses!
 

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Fontes:

Batalha de Casa Forte


O combate de 17 de agosto de 1645, que ficou conhecido como a Batalha de Casa Forte, em alusão ao local onde foi travado, uma das mais notáveis vitórias pernambucanas contra o domínio holandês.

Após a derrota imposta ao exército holandês pelo Exército Patriota na Batalha das Tabocas no dia 3 de agosto de 1645, em Vitória de Santo Antão, a tropa batava, na sua marcha de volta ao Recife, acampou no engenho Casa Forte pertencente a Anna Paes.

No dia 16 de agosto, o comandante da tropa holandesa, Coronel Henrique Hous (Van Haus), enviou o Major Carlos Blaer com um destacamento para fazer uma revista nas casas do povoado da Várzea onde residiam as famílias de chefes revolucionários pernambucanos e prender suas mulheres.

A missão voltou no mesmo dia, com várias prisioneiras, entre as quais Isabel de Góis, mulher de Antônio Bezerra, Ana Bezerra, sogra de João Fernandes Vieira, e Maria Luisa de Oliveira, mulher de Amaro Lopes, que foram encarceradas na casa-grande do Engenho.

Comunicado o fato ao exército patriota, que se encontrava nas proximidades de Tejipió, os chefes João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, arregimentaram seus homens e partiram para socorrer as damas pernambucanas.

Marchando sob pesada chuva e enfrentando as más condições dos caminhos, conseguiram atravessar o rio Capibaribe, na altura do Cordeiro, até alcançar e cercar o engenho de Anna Paes, na manhã do dia 17 de agosto.

Pegos de surpresa pela fúria dos pernambucanos, os holandeses se refugiaram na casa-grande e colocaram as mulheres prisioneiras nas janelas que foram escancaradas.

O comandante da tropa pernambucana, interpretando o ato como um sinal de capitulação, ordenou um cessar fogo e enviou um oficial para negociar a rendição dos holandeses.

O emissário foi morto covardemente na frente da tropa, o que indignou a todos. Esquecendo que entre os inimigos estavam as mulheres dos chefes, os patriotas atacaram com ferocidade os holandeses e com sede de vingança atearam fogo na casa.

Cercado e sufocado pela fumaça, o comandante da tropa flamenga, Coronel Henrique Hous, empunhando uma bandeira branca e o cabo de uma arma, em sinal de rendição, capitulou junto com a sua tropa.

A derrota custou aos holandeses 37 mortos, muitos feridos e mais de 300 prisioneiros, além de grande quantidade de armamento, cavalos e víveres.

A perda na tropa pernambucana foi pequena, as reféns foram liberadas e os feridos levados para os engenhos de Apipucos e São João da Várzea.

Os prisioneiros holandeses foram enviados para a Bahia. O Coronel Henrique Hous partiu da Bahia para Portugal no dia 6 de fevereiro de 1646, chegando à Ilha Terceira onde foi encarcerado no castelo de São João até dia ida para Lisboa. Tendo se recusado a servir Portugal, foi enviado para a Holanda. Regressou depois a Pernambuco e foi morto na Batalha de Guararapes, em abril de 1648.


Fonte: CPOR/Recife

Gripe espanhola: 100 anos da epidemia mais letal da história recente

Hospital militar de Emergência,no Kansas, Estados Unidos, durante uma pandemia de gripe Espanhola. Crédito: U.S Army (Crédito: U.S Army)
Hospital militar de Emergência,no Kansas, Estados Unidos, durante uma pandemia de gripe Espanhola. Crédito: U.S Army

Há 100 anos, o Recife parou. As escolas cancelaram as aulas. Os clubes derrubaram a agenda de programações. As igrejas suspenderam as missas. Nas ruas, não se via quase ninguém. Quem não estava agonizando em casa ou chorando as perdas repentinas, estava com medo. O mundo se abateu diante da pandemia mais letal de que se tem conhecimento na história recente: a gripe espanhola, responsável por contaminar um terço da população do planeta e matar 5% dela. Capaz de provocar mais mortes do que as que aconteceram em combate nas duas grandes guerras mundiais. Em um século, essa história provocou avanços na medicina, mas muitas lições não aprendidas ficaram pelo meio do caminho e podem ser determinantes para a gravidade de novos episódios como esse. 

No fim de agosto de 1918, os primeiros casos de gripe espanhola começaram a ser reportados no mundo. As pessoas apresentavam dores de cabeça, febre, calafrios, vomitavam sangue, tinham perturbações nos nervos cardíacos, infecções no intestino, nos pulmões e nas meninges. Primeiro foram Estados Unidos e Europa, em seguida a doença se alastrou para a Ásia e as Américas. Em setembro daquele ano, chegou ao Brasil com navios que aportavam em cidades portuárias como Salvador e Rio de Janeiro.

No Recife, a doença teria desembarcado com dois passageiros acometidos que estavam no vapor Piauhy no dia 24 de setembro, segundo notícia publicada no Pequeno Jornal e  recontada na dissertação “Recife, uma cidade doente: a gripe espanhola no espaço urbano recifense”, do historiador Alexandre Caetano Silva. “Em outubro, aconteceu o apogeu da gripe. A cidade parou, as pessoas não podiam sequer acompanhar os enterros dos parentes. Naquele mês, chegaram a morrer 100 pessoas por dia na cidade. Há relatos de que, à noite, os únicos sons ouvidos eram de tosse e do martelar dos caixões”, conta o pesquisador.

Em um mês, a gripe provocou 1,8 mil mortes que se têm conhecimento, 70% da mortalidade da cidade naquele mês. Estima-se, entretanto, que tenham sido pelo menos o dobro de vítimas. Cerca de 120 mil doentes, numa capital que tinha 220 mil pessoas. A gripe espanhola foi provocada pelo vírus da influenza H1N1, que se tornou famoso sobretudo depois da pandemia de 2009. E porque ele deixou esse rastro?

É que o vírus da gripe tem uma capacidade altíssima de recombinação e adaptação para burlar o sistema imune, explica o pesquisador do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CpqAM/Fiocruz) Lindomar Pena. Segundo ele, o “segredo” está no significado da sigla que nomeia o agente infeccioso. “O vírus da influenza tem vários tipos, A até D. O mais importante para os humanos, causador de todas as pandemias, é o A. Além disso, tem um genoma de oito segmentos e duas proteínas principais em sua ‘casca’: a neuroaminidase (N) e a hemaglutinina (H). O N tem 11 subtipos e o H 18 subtipos, que podem se recombinar.”

Até 2005, pouco se sabia, entretanto, mais detalhes que pudessem ter explicado tantas mortes. Parte das respostas vieram depois que o corpo de uma vítima foi recuperado no Alaska e o vírus foi “ressuscitado” em laboratório. “Descobriu-se que ele, por si só, é extremamente letal. Tem uma capacidade de infectar células de maneira eficiente e se espalhar pelo corpo”, explica Lindomar Pena. Isso, associado ao fato de que naquela época não existiam antibiótico, esquema de notificação ou vacina, muito menos hospitais suficientes para receber todos os doentes, contaram na soma da tragédia.

Do mesmo jeito que veio, a epidemia se foi e no fim de outubro de 1918 a vida cotidiana começou a se reorganizar nas cidades. No Recife, o episódio fomentou a consciência de caráter social para a atuação do estado nas políticas públicas de saúde. Depois dela, vieram outras três pandemias mundias de gripe, sem a mesma gravidade. Entre os especialistas, é unanimidade que uma próxima virá, mas não é possível prever quando. A dúvida é: a sociedade está mais preparada e alerta?

Vírus da gripe não deve ser subestimado

Aquela máxima de “é só uma gripe” deveria ser revista, dizem os especialistas. A influenza é, historicamente, subestimada de maneira errônea pela população. Não bastasse o fato de ser muito adaptável, o vírus tem como hospedeiros – o que os mantém na natureza – as aves aquáticas. Nela, ocorrem mutações que podem chegar a aves terrestres, suínos, humanos, mamíferos voadores, equinos e caninos. Não se pode erradicá-lo, apenas controlá-lo e tratá-lo. Por isso, dentro desse contexto, a vacina tem importância como fator de prevenção e, sobretudo, para evitar que os casos se agravem e levem à morte.

“O vírus pandêmico de 2009, por exemplo, tinha genes de aves, de humanos e de suínos, algo que até então não tinha acontecido”, explica Lindomar Pena. O vírus de 2009, inclusive, é como se fosse um “primo distante” do vírus de 1918. A última epidemia, diante desse caráter imprevisível, provocou uma mudança na forma de monitoramento da gripe. “Em 2012, percebeu-se que era importante não só monitorar a H1N1, mas os outros tipos. Ampliou-se a definição de caso e a notificação ficou mais sensível”, explica a gerente de Prevenção e Controle das Doenças Imunopreveníveis da SES-PE, Ana Antunes.

Em 2009, por exemplo, Pernambuco teve 200 casos de H1N1, com nove mortes. Atualmente, a vigilância da gripe é feita a partir da notificação de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRGA). Isso significa que os casos mais graves, de internamento, que apresentem sintomas de infecção respiratória, são notificados em todos os hospitais. Desses, se investiga se é gripe ou não. Em Pernambuco, há também quatro hospitais sentinelas para monitorar os casos leves. Além do monitoramento feito em UTIs sentinelas. Os dados que saem desse monitoramento anual servem para gerar informações de quais os tipos de vírus da gripe que estão circulando no ano vigente e ajudam a Organização Mundial da Saúde (OMS) a estimar quais circularão no ano seguinte.

Essa informação é fundamental para a produção da vacina. “Um tipo circula mais ou menos dois anos. Até 2009, só se vacinavam os idosos. Isso também mudou e foram incluídos outros grupos de risco, como imunossuprimidos, gestantes, crianças, profissionais de saúde”, lembra Ana Antunes. Tanto ela como Lindomar ressaltam que a vacina é segura, a despeito dos boatos. Neste ano, foram vacinadas 2,4 milhões de pessoas no estado. Pernambuco tem 98 casos de A(H1N1) confirmados, com 15 óbitos. “Neste ano, temos dois tipos de vírus, H1N1 e H3N2, circulando simultaneamente, o que pode influenciar para termos mais casos e óbitos do que no ano anterior. Também temos uma curva de Síndrome Respiratória maior. Em setembro, teremos uma reunião nacional com o Ministério da Saúde e vamos analisar esse quadro”, disse Ana Antunes.

Populações vulneráveis são principais acometidas em situação epidêmica até hoje

Na época em que a gripe espanhola chegou ao Recife, a cidade vivia um momento de transformação urbana. Influenciada pelas reformas urbanas dos países europeus, a capital pernambucana fazia desaparecer do seu centro históricos locais como a praia do Brum e a praça Santos Dumont para dar lugar a largas avenidas. Também nesse período, o município recebia uma massa formada por ex-trabalhadores da agricultura de exportação e ex-escravos. Quando a pandemia chegou, veio à tona o debate sobre a influência da baixa qualidade de moradia e de saneamento na disseminação da doença.

“Em nome do progresso, foram iniciadas reformas no Rio de Janeiro que basearam as mudanças no Bairro do Recife com a desculpa da modernização. A partir de 1911, houve a destruição dos imóveis indiferentes às demandas judiciais”, diz o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Carlos Miranda. As camadas mais carentes da sociedade foram as mais afetadas pela pandemia de gripe espanhola no Recife. Era pessoas que viviam em locais insalubres, com compartimentos mal divididos sem luz e iluminação, diz Alexandre Caetano, em sua pesquisa.

Vieram à tona nos jornais de oposição da época, como A Província, denúncias sobre os canais sujos da cidade, a proliferação de mosquitos, em detrimento do cuidado de limpeza com as ruas e avenidas centrais. Um século depois, o Recife ainda não deu conta dessa mudança e esses problemas ainda permanecem determinantes na forma como se espalham as doenças.

“Quando foram implantados os primeiros sistemas de água e esgoto no Brasil, as primeiras áreas atendidas foram os centros comerciais das cidades e as de população mais rica. O contexto brasileiro de iniquidade social, para além de suas características naturais de temperatura e umidade, determina socialmente a vulnerabilidade das populações mais pobres às emergências ou reemergências, e mesmo ao convívio, com a endemização de doenças”, explica o pesquisador André Monteiro, engenheiro sanitarista da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pequisador do Aggeu Magalhães.

Um exemplo disso foram as recentes epidemias de zika e chikungunya, lembra o pesquisador, cuja população mais atingida foi a que vive em áreas de morro e sem condições de saneamento. A doméstica Severina Silva, 54 anos, sofre até hoje com as dores da chikungunya. “Eu tive, minha filha também. Passei um mês de cama e meu joelho ainda dói. Por aqui, pouca coisa mudou. Quando chove, ainda alaga tudo, tem muito mosquito”, conta ela, que é moradora do bairro do Pilar, um dos que estavam sempre no topo do ranking de notificações entre 2015 e 2016, quando houve a epidemia.

O índice de cobertura de esgotamento sanitário no Recife é de 45%, diz a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Hoje, a cidade é uma das 15 incluídas no programa Cidade Saneada, uma parceria público-privada que pretende ampliar essa cobertura em 90% em 19 anos. O projeto já recuperou 150 unidades operacionais existentes. Bairros como Ipsep e Imbiribeira receberam o sistema. Estão em andamento obras nos Torrões. As próximas áreas contempladas serão Cordeiro, Arruda, Boa Viagem e Setúbal. Com a finalização dessas obras, a cobertura será ampliada para 55%. Nos próximos 10 anos, a meta é ampliar para 85%.