Índios Xavantes

Xavante.jpgO povo indígena brasileiro xavante, autodenominado A'uwe ("gente") ou A'wẽ Uptabi ("povo verdadeiro"), pertence linguisticamente à família linguística jê, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê. Sua língua é chamada akwén ou aquém (também grafada "acuen"). A população xavante soma, atualmente, cerca de 15 315 indivíduos distribuídos em 12 terras indígenas - todas elas localizadas no leste do estado de Mato Grosso e Goiás.

Oito delas estão homologadas e registradas; duas encontram-se em processo de identificação; uma está reservada e registrada e uma está identificada e aprovada mas sujeita a contestação.

Atualmente, a população xavante no Brasil está em crescimento. Em 2009, era de aproximadamente 10 000 pessoas. Em 2010, segundo a Fundação Nacional de Saúde, era de 15 315 pessoas. Tinham, como atividade predominante até a segunda metade do século XX, a caça, a pesca e a coleta de frutos e palmeiras. Formam, junto com os índios xerentes, um conjunto etnolinguístico conhecido na literatura antropológica como acuen ou aquém, pertencente à família linguística jê, do tronco macro-jê.

Pintam-se com jenipapo, carvão e urucum, tiram as sobrancelhas e os cílios, usam cordinhas nos pulsos e pernas e a gravata cerimonial de algodão. O corte de cabelo e os adornos e pinturas são marcadores de diferença dos xavantes em relação aos outros, transmitida através dos cantos pelos ancestrais e partilhados com todo o povo da aldeia.

História
Houve tentativas de integração com a sociedade brasileira em meados do século XIX, mas optaram por distanciar-se, migrando entre 1830 e 1860 em direção ao atual estado do Mato Grosso, onde viveram sem serem intensivamente assediados até a década de 1930. Em 1982, o cacique xavante Mário Juruna tornou-se o primeiro indígena brasileiro a se eleger deputado federal no país. Na década de 1990, os xavantes tiveram várias experiências novas com os "estrangeiros", como: um intercâmbio realizado com a Alemanha; a implementação de um projeto de educação bilíngue; e uma parceria musical com a banda de heavy metal Sepultura em seu álbum "Roots".

Distribuição
A região onde vivem hoje tem grande rede hidrográfica formada pelas bacias dos afluentes dos rios Culuene e Xingu e das Mortes e Araguaia. É dessa região de floresta tropical, mato e savana, com árvores baixas e altas, que os índios retiram o alimento e os materiais para seus artesanatos, armas, instrumentos musicais e as ocas, dispostas em forma circular. Ali, também buscam caças, frutos, palmeiras e pescados.

Devido à atual ocupação da região pelas culturas da soja e do gado, bem como outras monoculturas agrícolas, o uso de pesticidas e a diminuição das matas, seu modo de vida ligado à caça e à coleta tem mudado bastante. Muitas vezes, a "caça" e a "coleta" são deslocadas da mata para as cidades vizinhas, onde vão adquirir alimento e coisas dos "estrangeiros".

Tradições e rituais
Na literatura antropológica, os xavantes são conhecidos principalmente por sua organização social de tipo dualista, ou seja, trata-se de uma sociedade em que a vida e o pensamento de seus membros estão constantemente permeados por um princípio dual, que organiza sua percepção do mundo, da natureza, da sociedade e do próprio cosmos como estando permanentemente divididos em metades opostas e complementares.

Sua tradição tem uma maneira própria de ser transmitida e transformada, através de relatos, rituais e ensinamentos. A escrita é uma necessidade para qual o povo xavante se adaptou, com o intuito de reivindicar seu espaço na sociedade nacional e internacional. Os xavantes têm uma organização supostamente dualista e essa percepção da vida como um todo divide tudo permanentemente em metades opostas e complementares, mas há outras formas de divisão coletiva e organização das relações, como em trios ou quartetos. Esta é a chave da cultura dos xavantes. Existe também a corrida de buriti, denominada de uiwede, uma corrida de revezamento em que duas equipes de gerações diferentes correm cerca de 8 quilômetros, passando um tora de palmeira de buriti de cerca de 80 quilogramas de um ombro para o outro até chegarem ao pátio da aldeia.

Desde pequenos, os meninos formam grupos de idade semelhante. A primeira cerimônia pública de que os meninos participam é o ói'ó, em que os meninos demonstram sua coragem, seus medos, sua fraquezas através da luta com clavas. Quando chega o tempo certo, os mais velhos decidem a entrada dos meninos no Hö (casa tradicional, especialmente construída numa das extremidades do semicírculo da aldeia, para a reclusão dos wapté durante o período de iniciação para a fase adulta), onde os meninos vão viver reclusos por cinco anos. Todo menino xavante, de 10 a 18 anos, passa por esse período de reclusão de cinco anos na casa dos solteiros, onde o jovem permanece sem contato com a tribo. Nesse período, o jovem fica todo o tempo no Hö. Ele só deixa a casa para rituais e para atividades fora da aldeia, como caça e pesca.

O ritual de furo de orelha acontece quando os wapté saem definitivamente do Hö, ou seja, na passagem da adolescência para a vida adulta. Após os cinco anos, acontece, na aldeia, a festa chamada Danhono, onde a orelha dos jovens é furada, sendo o furo preenchido com um cilindro de madeira que os xavantes acreditam ser indutor de sonhos. Atualmente, os xavantes jovens criaram uma analogia entre esses cilindros e as antenas: os cilindros seriam como "antenas" que captam os pensamentos dos ancestrais xavantes durante os sonhos. Após o ritual, os jovens passam a ser considerados adultos e voltam ao convívio social com a tribo.

Destaca-se, também, ultimamente, a grande popularidade da prática do futebol entre os xavantes.

Fonte: Wikipédia

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