Copa do Mundo 1950 - Brasil

ESCOLHA DA SEDE

Desde 1938 o Brasil pleiteava ser sede de Mundial. A Alemanha também. Veio a Segunda Guerra. Duas Copas não foram realizadas - 1942 e 1946. No Congresso pós-Guerra da Fifa, em 1946, os alemães, semidestruídos, retiraram sua candidatura. Apenas o Brasil a manteve. E um país sul-americano voltava a ser o centro das atenções no futebol. Antes marcado para 1949, o torneio acabou adiado por um ano.

OS ESTÁDIOS

No Congresso da Fifa em Luxemburgo, A CBD encantou a Fifa quando apresentou a intenção de construir o maior estádio do mundo, com capacidade para 155 mil pessoas. A inauguração oficial do Maracanã, no Rio de Janeiro, aconteceu oito dias antes do começo da Copa, em 16 de junho de 1950. E o estádio acabou sendo palco da grande final, que teve contornos de tragédia para os brasileiros. Os outros foram todos remodelados.

AS ELIMINATÓRIAS

A Segunda Guerra deixou marcas profundas em alguns países, o que tornou impossível a participação no Mundial no Brasil. Hungria, Tchecoslováquia e Polônia não tiveram condições. A Alemanha foi proibida pela Fifa de jogar. Com tudo isso, houve 32 inscritos nas eliminatórias, dos 72 países filiados. Brasil, como sede, e Itália, como último campeão, estavam classificados automaticamente. Argentina, Áustria, Bélgica, Birmânia, Colômbia, Equador, Filipinas e Peru desistiram durante as eliminatórias.  Dos 16 que restaram, Escócia, Índia e Turquia abriram mão das vagas. França, Irlanda e Portugal, convidados para serem os substitutos, declinaram. E o Mundial ficou com apenas 13 seleções, entre elas a Inglaterra, finalmente estreando em Mundiais.

O MASCOTE

Somente a partir de 1966 as Copas passaram a ter mascotes.

Ghiggia comemora gol do uruguai contra o Brasil- Maracanã - Copa do Mundo 1950 (Foto: Agência AP )
Ghiggia comemora gol da vitória do Uruguai sobre Brasil na final de 1950 e cala o Maracanã (Foto: Agência AP )


O CAMPEÃO

Com base no Nacional e Peñarol, as duas principais equipes do país, a Celeste Olímpica chegou ao Brasil bem desacreditada. Ninguém poderia imaginar que, pouco depois faria o Brasil inteiro chorar de tristeza na final. O caminho para provocar o Maracanazo começou fácil. Na primeira fase, pegou o grupo 4, o mais fácil, apenas com a Bolívia. E aplicou goleada por 8 a 0, no Independência. Depois, na outra fase, os quatro classificados se enfrentaram. O Uruguai empatou com a Espanha por 2 a 2 e ganhou de virada da Suécia por 3 a 2. Precisava vencer o Brasil para levar o bicampeonato. E conseguiu, por 2 a 1

O ARTILHEIRO

Ademir Marques de Menezes era veloz dominando a bola. Habilidoso. Sempre difícil de ser marcado. E chutava maravilhosamente bem.. O Queixada foi o artilheiro da Copa, com 9 gols. Só não balançou as redes no empate por 2 a 2 com a Suíça, ainda na primeira fase, e na fatídica derrota para o Uruguai na decisão.

O CRAQUE

O Mundial de 1950 teve vários destaques. Se o Brasil tivesse conquistado a taça, fatalmente a disputa da coroa seria entre Zizinho, Ademir e Jair Rosa Pinto. Mas deu Celeste. E lá, outros três apareceram de forma marcante. O capitão Obdulio Varela foi um gigante, principalmente na final. O meio-campo Schiaffino era o cérebro do time. Mas o destino quis que o atacante Gigghia surgisse como o grande herói. Balançou as redes em todas as partidas do Uruguai e fez um dos gols decisivos mais conhecidos na história dos Mundiais. Até hoje, dá entrevistas falando sobre isso.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Copa do Mundo 1950 - Zizinho (Foto: Agência AFP )
Astro do Brasil com Ademir e Jair, Zizinho (F) é comparado a Da Vinci em 50 (Foto: Agência AFP )

Nunca uma seleção brasileira entrou tão favorita para ganhar um Mundial como a de 1950. O técnico Flávio Costa tinha em suas mãos grandes jogadores. Quando goleava por 6 a 1 a Espanha no Maracanã, dando show de bola, e a torcida cantava esfuziante "Touradas em Madri", não havia um brasileiro que não considerasse aquele time imbatível. Mas os problemas na preparação - o oba-oba ficou fora de controle até durante a concentração - atrapalharam a equipe, que na primeira fase goleou o México por 4 a 0, depois empatou por 2 a 2 com a Suíça e venceu a Iugolávia por 2 a 0. Depois, foram duas goleadas históricas, antes da tragédia para o Uruguai: 7 a 1 sobre a Suécia e 6 a 1 sobre os espanhóis.

A DECEPÇÃO

A Inglaterra abandonou o ar blasé sobre o Mundial justamente na Copa realizada no Brasil. Finalmente, o país aceitou disputar a competição, apesar de não reconhecer na seleção campeã a melhor do planeta. Mas o resultado em campo não confirmou o nariz empinado de quem imaginava ter o melhor futebol do mundo. O English Team só derrotou o Chile, na estreia (2 a 0). Depois, perdeu por 1 a 0 para os Estados Unidos, na grande zebra do torneio, e para a Espanha (1 a 0), despedindo-se da competição.

PARA A HISTÓRIA

A certeza da vitória do Brasil era tão grande que o jornal vespertino "A Noite", do Rio, foi às bancas na véspera com a seguinte manchete, acima da foto do time do Brasil posado: "Estes são os campeões do mundo."

A DECISÃO

No último jogo, contra o Brasil, o Uruguai só tinha uma opção: vencer. A seleção brasileira jogava com a vantagem do empate e um país inteiro à espera da conquista do tão sonhado título. Não havia um que não acreditasse. Mais de 200 mil pessoas se espremeram no Maracanã para comemorar mais do que propriamente torcer. O time ainda abriu o placar, com Friaça, a um minuto do segundo tempo, só aumentando a euforia. Mas, sob o comando de Obdulio Varella, a Celeste se agigantou. Tudo começou a mudar com o empate de Schiaffino, aos 21. E depois o gol da vitória de Ghiggia, aos 34, deu início ao Maracanazo, num dos maiores silêncios ensurdecedores da história do futebol. E o Brasil chora até hoje essa derrota.

Nenhum comentário:

Postar um comentário