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Índios Charruas

Os charruas eram índios que habitavam nos campos dos territórios atuais do Uruguai, do nordeste da Argentina (especialmente na Província de Entre Ríos) e do sul do Rio Grande do Sul, no Brasil.

Etimologia
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Pintura de Jean-Baptiste Debret (1768-1848) retratando um charrua
Os povos charrua eram chamados de vários nomes,no Uruguai, Argentina, e no Brasil (Rio Grande do Sul): guayantiranes, yaros, balomares, negueguianes, manchados, martidanes, mepenes, tocagues, bohanes, minuanos, charrúas etc. Os historiadores passaram a chamar todos esses povos de "charrúas". Desconhece-se a origem e o significado da palavra charrúa.

Economia
No momento da conquista espanhola seu modo de produção era caçador-coletor, ainda que conseguissem, após o contato com os espanhóis , desenvolver um complexo equestre, e com este, uma rudimentar pecuária composta de equinos e bovinos. Dado ao sistema de produção caçador-coletor eram nômades (pessoas que não tem habitação fixa, e vivem mudando de lugar o tempo todo), como também o eram quase todos os outros índios do pampa , Por isto, os únicos vestígios materiais de sua civilização são pequenas vasilhas de barro, assim como parte de suas armas típicas, lanças, flechas, boleadeiras.

Território ocupado
Inicialmente, ocupavam as duas margens do rio Uruguai, desde Itapeiu até o seu delta, mas, já em época colonial europeia, estenderam seus domínios até as costas do Paraná e ocuparam o Rio Grande do Sul. Localizaram-se na coxilha de Haedo, localizada ao sudoeste do Rio Grande do Sul, seguindo até o Rio Negro.

Em 1730, se aliaram aos minuanos, que vinham de além do Rio Uruguai e se estabeleceram nas terras próximas à Lagoa Mirim e à Lagoa dos Patos. Os guenoas ou guanoas eram charruas setentrionais. Os três povos têm suas origens na região da Patagônia, na Argentina (a região dos índios "patagões" ou "patagones").

Tipo físico
Eram altos, com uma média de 1,68 metros para os homens e 1,67 metros para as mulheres, de aspecto sério e taciturno, porte duro e feroz. Os homens apresentavam barba como distintivo varonil, na qual os caciques usavam engastadas como adorno pedras e - após o contato com produtos da civilização europeia - latas e vidros. A tatuagem no rosto consistia em três linhas que iam da raiz dos cabelos até a ponta do nariz e duas linhas transversais que iam de zigoma a zigoma. Para a guerra e festas, pintavam a mandíbula superior de branco.

Armas
Como armas usavam o arco e flecha com carcases, boleadeiras, dardo, funda e lança. As flechas tinham as pontas feitas de pedra lascada. Após o contato com os espanhóis, as boleadeiras, que eram atadas com corda de tucum, passaram a ser ligadas com tiras de couro.

Construções
As tendas charruas, primitivamente, eram feitas com quatro estacas e esteiras de palha no teto e nas paredes. Após o contato com os espanhóis, passaram a usar largos pedaços de couro e armas dos espanhóis e dos portugueses, como armas de fogo.

Hábitos
Não eram agricultores. A alimentação era caça e frutos e também foi modificada em contato com os espanhóis, passando os charruas a preferir a carne de cavalo. O uso do fumo e erva-mate adveio do contato com os brancos, pois não há vestígios anteriores desses costumes entre os charruas. Já em contato com os espanhóis, cobriam o corpo com uma camisa curta, sem mangas de pele curtida. No inverno, o pelo era aplicado pelo lado de dentro e no verão, ao contrário. As mulheres usavam uma saia de algodão até os joelhos. Não sabiam fiar nem tecer. Os panos de algodão que passaram a usar foram adquiridos em contato com os guaranis.

Eram polígamos. As mulheres cuidavam das tarefas domésticas e dos cavalos. O homem se dedicava à guerra e à caça. Faziam conselhos de família para decidir sobre assuntos de guerra ou outros interesses. Aprenderam a montar com os espanhóis, tornando-se exímios cavaleiros, hábeis na guerra e na caça. Em domínio espanhol, atacavam fazendas, raptavam as mulheres, castravam os meninos e os levavam como escravos, e matavam os homens adultos. Não praticavam o canibalismo, ao contrário dos tupis e guaranis não reduzidos. Os diversos grupos charruas falavam o que se convenciona chamar "línguas charruanas".

Religião
Pouca informação se tem sobre sua religiosidade, mas, durante fartas libações, invocavam um ser superior que, algumas vezes, poderia se tornar visível. Aos médicos-feiticeiros, atribuíam o poder de curar doenças, transbordar os rios, parar as feras; também havia velhas que curavam chupando a pele nos lugares doloridos. O funeral era entregue a uma velha que se encarregava de descarnar os ossos e sepultar. As mulheres de parentesco mais próximo (esposas e filhas), na perda do familiar, amputavam-se uma falange, além de cravarem, em si mesmas, flechas que tinham pertencido ao morto. O costume de amputação de falange também é encontrado em povos indígenas da Indonésia.

O filho, quando havia a morte do pai, ocultava-se por dois dias em sua cabana; após isto, à noite, dirigia-se a outro índio que lhe trespassava com pedaços de taquara a pele do braço do punho até o ombro; após isto, saía nu no bosque; cavava um buraco no chão onde coubesse até o peito e ali passava a noite; pela manhã, voltava à cabana, onde lhe tiravam as taquaras e passava dois dias sem comer e beber; nos dez dias seguintes, os meninos da tribo lhe levavam água e aves de caça; ao final deste tempo, voltava ao convívio da tribo. O marido não aparentava dor pela morte da mulher nem o pai pela morte do filho.

Os últimos charruas
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Illustration of The last of the Charrúas (1833), Delaunois
Foram assim chamados os quatro indígenas enviados a Paris "para estudos científicos", remanescentes da Batalha de Salsipuedes. Eram uma mulher e três homens. Seus nomes eram Senaqué, Tacuavé, Vaimaca e Guyunusa. Sabe-se que alguns percorreram a Europa em circos, em apresentação falaciosa, como antropófagos do novo continente. Entretanto, acredita-se que a etnia charrua pura não adentrara ao século XIX. As tribos ditas charruas vitimadas pela perseguição do recém-formado Uruguai eram compostas por indivíduos já com diferentes influências raciais e culturais.

Os descendentes dos charruas
São considerados desaparecidos como povo, sem nunca terem sido catequizados. A etnia misturou-se às demais da região. Os uruguaios de hoje orgulham-se da suposta ascendência charrua, que lhes teria fornecido seu caráter indômito e indomável. Na Argentina encontram-se traços de sua descendência na Província de Entre Ríos.

Mas, em 9 de novembro de 2007, após uma luta que já durava 172 anos, a Câmara Municipal de Porto Alegre realizou ato que reconhecia a comunidade charrua como povo indígena brasileiro.[4] Considerada extinta pela Fundação Nacional do Índio (Funai), a tribo charrua voltou a ser reconhecida em ato oficial da fundação em setembro de 2007. O evento foi organizado em conjunto pelas comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa e do Senado Federal.

Existem, hoje, cerca de seis mil pessoas autodeterminadas charruas nos países que compõem o Mercosul. Só no Rio Grande do Sul, são mais de quatrocentos descendentes do charruas presentes nas localidades de Santo Ângelo, São Miguel das Missões e Porto Alegre que querem ser considerados indígenas.

Os últimos charruas sobreviventes não passaram sua cultura aos seus descendentes, por isso é um povo extinto (desde século XIX).

Descendentes e supostos descendentes atuais só conhecem a cultura charrua por dados bibliográficos existentes e não por herança familiar, pelo qual não podem ser considerados charruas.

Fonte: Wikipédia

Índios Truká

Habitantes seculares da Ilha da Assunção, no rio São Francisco, os Truká tiveram suas terras apropriadas desde pelo menos o século XVIII por poderes municipais, eclesiásticos e posteriormente estaduais. Nos dias de hoje, a comunidade truká luta pela conclusão do processo de reconhecimento oficial de seu território, bem como pela expulsão de posseiros não-indígenas e de narcotraficantes, uma vez que está localizada no chamado “Polígono da Maconha” no sertão pernambucano.

Truká, Ilha da Assunção, Cabrobó, Pernambuco. Foto: Aderbal Brandão Gomes de Sá, 1980
Truká, Ilha da Assunção, Cabrobó, Pernambuco.
Foto: Aderbal Brandão Gomes de Sá, 1980

Localização e economia
Os Truká habitam a Ilha da Assunção, no médio curso do rio São Francisco, município de Cabrobó. A Terra Indígena Truká está inserida em região conhecida como “Polígono da Maconha” e os índios vêm denunciando o uso indevido de suas terras para esse plantio. Desde pelo menos o final da década de 1990 traficantes ameaçam índios e funcionários da Funai. Em abril de 1999, a polícia federal queimou 20 mil pés de maconha, mas as ameaças (incluindo tiros e emboscadas) não cessaram.

Suas principais atividades produtivas estão voltadas para a agricultura e a pesca. Assim elencam os produtos que cultivam, destacando a importância do milho em sua tradição: “Nós plantamos cebola, arroz, manga, macaxeira, mandioca, goiaba, coco, coentro, alface, tomate, melancia, pimentão, pimentinha, cachi, cenoura, beterraba e milho. Quando nós dizemos: ‘só milho!’ é uma expressão de que está tudo bem”.

Os Truká também coletam e eventualmente caçam. Assim Deodato Truká relata sua vida no tempo em que suas terras passaram a ser apropriadas pelos não-indígenas:

“Passamos muita privação, de dia trabalhávamos na roça, à noite nós pescávamos, ou passávamos em cima de uma árvore, com a espingarda esperando a capivara. Comia Juá, xique-xique assado, mari (fruta do mato) assada, quixaba, também pegava um anzol, passava um barbante depois uma corda, botava um pedaço de carne e esperava o jacaré morder. Gostava muito de comer gambá e bola, que não pe igual ao tatu nem ao peba”.

Em relação aos posseiros que habitam em suas terras desde pelo menos a década de 70 e a atuação dos representantes do governo estadual, os Truká reclamam da exaustão do solo. Como afirma Dena Truká: “Eles nos entregaram um solo morto, a sucata da terra com a herança das ovelhas e das algarobas. O que ficou: a erosão e o sal. A algaroba não dá espaço para outras árvores nativas, como o juazeiro, a quixabeira, braúna, arueira, jurema. Cerca de 40% de nossas terras estão improdutivas por causa da algaroba, do adubo, dos agrotóxicos, das queimadas. Outra coisa que está destruindo é o arroz! Por que ele precisa de muita água e esse desperdício de água estraga o solo todo”.

História
Fontes históricas estimam a fundação de uma aldeia indígena na extremidade ocidental Ilha da Assunção no ano de 1722. Em 1761, a ilha foi elevada pelas autoridades coloniais à categoria de paróquia, recebendo habitantes não-indígenas. Dados de 1789 indicam uma população de 400 pessoas habitando a ilha. Mas uma grande cheia ocorrida em 1792 inundou toda a vila, acarretando a saída de boa parte de seus moradores. Entre os que ficaram, os índios tiveram que enfrentar uma série de disputas relativas à posse da terra e o controle do seu rebanho, sendo continuamente ameaçados por figuras de poder que – segundo registra uma carta de 1857 –, após a Independência do Brasil, apossaram-se da Ilha, convertendo-a em sede da Freguesia de Belém do São Francisco e patrimônio da Comarca Municipal.

Quando a sede foi transferida para Cabrobró, a comarca arrendou por quase uma década toda ilha e um conjunto de ilhotas próximas. Os índios continuaram então à mercê dos arrendadores da terra, tendo que trabalhar para estes em regime de semi-escravidão ou escravidão, e tendo seu gado expropriado pelo Juiz Municipal.

Em 1920, o bispo de pesqueira passa a reivindicar a ilha como patrimônio da Igreja, alegando uma doação feita pelos índios a Nossa Senhora. O cartório da comarca de Belém do São Francisco lavrou a escritura de compra e venda de toda a ilha de Assunção. Os habitantes indígenas passaram então a pagar o foro anual e a serem subjugados pelo bispo, “proprietário” da ilha..

Em meados dos anos 1940, com apoio e mediação dos Tuxá de Rodelas, os Truká passam a reivindicar junto ao SPI (Serviço de Proteção aos Índios, órgão antecessor da Funai) o reconhecimento de seus direitos fundiários sobre a ilha. O SPI consegue então instaurar uma Ação de Nulidade de Venda e Reintegração de Posse. Desde então os conflitos entre a comunidade indígena e os posseiros não-indígenas se acirraram, acarretando inclusive a morte de uma liderança truká.

O estado de Pernambuco, ignorando a ação impetrada pelo SPI, compra então parte da ilha da Assunção para criar, em 1965, um núcleo de Colonização. O recrutamento de colonos não deu prioridade aos habitantes da ilha, atraindo pessoas de fora com lotes individualizados.

Agravando ainda mais a situação da comunidade truká, no final da década de 60 um trecho da ilha foi apropriado por outro órgão estatal e convertido em viveiro de mudas. Com receio de serem expulsos e diante da exigüidade de terras para plantarem, os Truká retomaram o processo de reivindicação territorial, dessa vez junto à Funai. Em 1976, o órgão indigenista deslocou uma equipe (Portaria n. 876/P de 21/06/76) para averiguar a existência de “remanescentes indígenas” e avaliar sua situação fundiária.

Nessa época, os Truká passaram a contar com apoio do Cimi (Conselho Indigenista Missionário, instituição da Igreja Católica) na veiculação de sua situação adversa em órgãos da imprensa local e regional. Depois de muito conflito, o trecho que vinha sendo utilizado como viveiro de mudas foi devolvido à comunidade.

Como a indicação de cessão de 500 ha aos Truká feita pela equipe da Funai não foi acordada pelo estado de Pernambuco, uma nova comissão foi designada para realizar o levantamento antropológico em 1980 (Portaria n. 687/E de 05/03/80). No ano seguinte, a Funai obteve a concessão de dois lotes de 14 ha do governo pernambucano para uso temporário de todo o grupo. Em 82 os Truká resolvem ocupar mais um trecho de 70 ha. Finalmente, em 84 a Terra Indígena Truká foi identificada com superfície de 1.659 ha, embora cerca de mil hectares continuassem ocupados por posseiros.

Em 1987, um posto indígena da Funai foi instalado na cidade de Arcoverde, próxima à ilha.

Em 1993 a TI Truká foi finalmente declarada pelo ministro da Justiça como de posse permanente indígena (Portaria n. 315, de 17/08/93). Em 2002 a terra foi delimitada com 5.769 ha, abrangendo a totalidade da ilha. Os Truká ainda aguardam, porém, a conclusão do processo demarcatório por meio da homologação do Presidente da República.

Índios Caingangues

Caingangues são um povo indígena do Brasil. Sua língua, a língua caingangue, pertence à família linguística jê, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê. Sua cultura desenvolveu-se à sombra dos pinheirais (Araucaria brasiliensis). Há pelo menos dois séculos, sua extensão territorial compreende a zona entre o Rio Tietê (São Paulo) e o rio Ijuí (nordeste do Rio Grande do Sul). No século XIX, seus domínios se estendiam para oeste, até San Pedro, na província argentina de Misiones.

Atualmente, os caingangues ocupam cerca de 300 áreas reduzidas, distribuídas sobre seu antigo território, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Brasil. Sua população é de aproximadamente 34 mil pessoas. Os caingangues estão entre os cinco povos indígenas mais numerosos no Brasil atualmente.

Foto histórica de índios Caingangue (1910)
Domínio Público (Arquivo Nacional)

Panorama histórico

Geografia
Os caingangues ocuparam, historicamente, um vastíssimo território, não completamente contíguo, mais ou menos correspondendo à expansão maior das florestas de pinheirais, o que significa: vastas regiões do Paraná e Santa Catarina, a região do sul-sudoeste paulista, o planalto rio-grandense e parte de Misiones, na Argentina. Seus parentes próximos, os xoclengues, parecem ter preferido os campos entremeados dos pinheirais, mas também ocuparam regiões quase marginais à zona das araucárias. Os únicos grupos caingangues fora daquele ecossistema são os caingangues paulistas, cujo estabelecimento na região entre o rio Tietê e o rio do Peixe já foi apontado, por alguns autores, como posterior à do Paraná, e feita por grupos que transpuseram o rio Paranapanema.

Ocupando região tão ampla, em incontáveis grupos ou aldeias de população média em torno de 150 a duzentas pessoas (se são válidos os dados que temos para meados do século XIX), embora às vezes articulados por uma lideranças regionais, os caingangues seriam alvo de diferentes momentos de expansão das fronteiras econômicas brasileiras. Alguns grupos caingangues e xoclengues teriam sido convertidos por missões jesuítas no oeste do Paraná e no norte rio-grandense nas primeiras décadas do século XVII, mas não por muito tempo. Depois desse período, apenas no final do século XVIII foram atingidos por frentes de exploração militar, na região de Guarapuava, no atual estado brasileiro do Paraná, onde, em 1812, se iniciaram os primeiros contatos permanentes de um grupo caingangue com uma comunidade de língua portuguesa.

À mesma época, os territórios xoclengues dos campos de Lages eram alvo de ocupação e, também ali, moveu-se guerra aos índios. A economia pastoril, que levou à ocupação militar de Guarapuava, avançaria, no final da década de 1830, para a região dos Campos de Palmas e, pouco depois, o Campo Erê, os Campos de São João e os Campos Novos; finalmente, a partir dos meados da década de 1840, para a região norte do Rio Grande do Sul (Campos de Nonoai e, na sequência, Campos de Guarita e Campos do Erechim). A região norte do Paraná foi ocupada, também militarmente, apenas na segunda metade do século XIX. Nessa época, começou a ser utilizado o termo "kaingang" para se referir ao grupo: o termo foi cunhado em 1882 pelo coronel Telêmaco Borba, que expulsou esses índios das terras deles. O termo significava "morador do mato", de caa (mato) e ingang (morador).

Século XX
O início do século XX assistiu à demarcação de boa parte das terras indígenas dos caingangues. Isso não impediu, no entanto, que elas rapidamente começassem a ser cobiçadas, invadidas, dilapidadas e griladas. O oeste do estado de São Paulo, com o avanço do cultivo do café, foi alvo da penetração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil na primeira década do século XX, quando o recém-criado Serviço de Proteção ao Índio foi responsável pela chamada "pacificação" dos caingangues. Ainda nos anos 1920, o Serviço de Proteção ao Índio mantinha, no norte paranaense, um "posto de atração" para os caingangues ditos "arredios". No Paraná, o primeiro conflito aconteceu já nos anos 1920, obrigando a uma mudança em delimitações originalmente feitas pelo estado e também criando uma demanda judicial que terminou desfavorável aos índios no caso das terras que possuíam em São Jerônimo.

No final dos anos 1940, o governador Moisés Lupion, em acordo com burocratas do Serviço de Proteção ao Índio, roubou diversas áreas indígenas. Em Santa Catarina, os maiores esbulhos deram-se também nos anos 1940. Não por acaso, no Paraná e em Santa Catarina estiveram envolvidas terras ricas em pinheirais, no imediato pós-Segunda Guerra Mundial - o que gerou um surto madeireiro e, igualmente, um surto de expansão agrícola. No Rio Grande do Sul, o próprio estado começou a tomar terras antes demarcadas aos índios, já nos anos 1940, mas principalmente nos anos 1960.

Essa história de esbulho é acompanhada pela ocupação, também, de toda a cercania das terras indígenas por imigrantes e descendentes de imigrantes, pequenos proprietários e fazendeiros. A presença cada vez mais maciça de brancos nas proximidades de suas terras e - a partir das invasões e de arrendamentos promovidos pelo Serviço de Proteção ao Índio - dentro das próprias áreas foi fator importante de compulsão contra a permanência de tradições e práticas culturais indígenas, incluída a língua, além de casamentos interétnicos.

No caso específico do estado de São Paulo, além da depopulação violenta, verdadeiramente genocida, sofrida pelos caingangues (de algo em torno de 1 200 na primeira década do século, eram menos de duzentos, já "aldeados" pelo governo, antes do final da década seguinte), a partir dos anos 1940 suas áreas sofreram a introdução de indivíduos e famílias das mais diferentes etnias, por conta da política do Serviço de Proteção ao Índio de fazer, naquelas áreas indígenas, algo como "colônias penais". Índios do nordeste, do leste, do Mato Grosso do Sul e do norte do Brasil eram para lá levados e, lá, contraíam casamento. O resultado das uniões interétnicas foram famílias em que se usava sempre o português como língua franca e em que os filhos se tornavam falantes nativos dessa língua.

Cultura
Cada aldeia caingangue se divide em duas metades chamadas kaiurukré e kamé (ou, usando a escrita da própria língua: Kanhru e Kamẽ). Os membros de cada metade só podem se casar com os membros da outra metade. Os filhos ou filhas sempre pertencerão à metade (ou à marca) do pai.

Fonte: Wikipédia

Índios Iauanauás

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Os iauanauás ou yawanawá são um povo indígena que habita a Área Indígena Rio Gregório, no município de Tarauacá, no Oeste do estado do Acre, no Brasil. São, aproximadamente, 700 pessoas.

Etimologia
O nome "Yawanawá" significa, literalmente, "Povo do Queixada".

História
A Terra Indígena do Rio Gregório foi demarcada na década de 1980. Em 1993, a tribo realizou um acordo comercial com a empresa estadunidense Aveda para o fornecimento de urucum a ser utilizado na fabricação de cosméticos. Graças ao acordo, a tribo teve condições econômicas de resgatar sua cultura tradicional, que estava se perdendo. A Terra Indígena do Rio Gregório foi ampliada para 182 mil hectares em 2007 pela Fundação Nacional do Índio.

Economia
As principais atividades produtivas são a caça, pesca e agricultura de subsistência com o plantio de milho, mandioca, arroz e banana principalmente. Os Yawanawá têm se dedicado também à produção de urucum (bixa orellana) destinado à fabricação de cosméticos, à produção de óleos nativos como o de andiroba e à produção artesanal de móveis a partir de madeiras de árvores mortas.

Formação
A formação étnica do povo Yawanawá conta com outros povos (ou clãs) da família linguística Pano (também chamados, de modo genérico, "Náwa"). São eles: Rununáwa ("povo-serpente"), Xawanáwa ("povo-arara"), Saináwa ("povo do grito, da palavra ou da canção"), Uxunáwa ("povo da garça branca"), Escunáwa ("povo do japó") e Catuquina, entre eles denominados Camãnawa ("povo da onça ou do cachorro", dependendo da fonte). Destes povos, os Escunáwa, Catuquina e Xawanáua possuem território próprio, sendo que os Escunáwa históricos passaram a ser denominados Xanenáua (ou Shanenawa) e também, erroneamente, Catuquina. Os demais acabaram sendo absorvidos pelos povos existentes. Entre os Yawanawá, contudo, há conhecimento de quais famílias pertencem a determinado povo (ou clã).

Fonte: Wikipédia

Índios Ashanincas


Ashaninka people - Ministério da Cultura - Acre, AC (38).jpg
Menino Ashaninca
(Foto:Pedro França/MinC)
Ashaninca é um povo indígena também denominado Kampa ou Campa, Ande ou Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba ou Campari, autodenominado Ashenĩka, que vive no Peru, na Bolívia e no estado do Acre, no Brasil. São mais de 70 000 índios, sendo que cerca de 1 018 vivem no Brasil e 51 000 no Peru. No Brasil, habitam as Terras Indígenas Kampa do Rio Amônia, Kampa do Rio Envira, Kaxinawá do Rio Humaitá, Kaxinawá/Ashaninka do rio Breu e Igarapé Primavera, todas no sudoeste do estado do Acre.


Etimologia
A etnia se autodenomina Ashenĩka, que significa "meus parentes", "minha gente", "meu povo". O termo também designa uma categoria de "espíritos bons que habitam no alto".

História
Os achanincas são aparentados com os incas, e sua língua pertence ao tronco linguístico aruaque. Agruparam-se no Peru, por volta do século XII. Com a chegada dos espanhóis ao Peru, no século XVI, muitos desse indígenas fugiram para a floresta amazônica, onde permanecem até hoje.

Ashaninka no Acre

Xamanismo
Entre os achanincas, tanto a bebida feita de ayuaska como o ritual são chamados kamarãpi ("vômito, vomitar"). A cerimônia é sempre realizada à noite e pode se prolongar até de madrugada. As reuniões são constituídas de grupos pequenos (cinco ou seis pessoas). O kamarãpi se caracteriza pelo respeito e silêncio, sendo a comunicação entre os participantes mínima, interrompida apenas por cantos inspirados pela bebida. Esses cantos sagrados do kamarãpi não são acompanhados por nenhum instrumento musical e permitem aos achanincas comunicarem-se com os espíritos, agradecerem e homenagearem Pawa, o sol, que, em sua mitologia, é o filho da Lua.

O kamarãpi é um legado de Pawa, que deixou a bebida para que os achanincas adquirissem o conhecimento e aprendessem como se deve viver na Terra. O conhecimento e o aprendizado xamânicos (sheripiari) se dão através do consumo regular e repetitivo da bebida, durante anos, sem nunca estar concluídos. A experiência confere respeito e credibilidade. É através do kamarãpi que o sheripiari realiza suas viagens nos outros mundos e adquire a sabedoria para curar os males e as doenças que afetam a comunidade. A cura realizada através do kamarãpi é eficaz apenas para as doenças nativas causadas, geralmente, por meio da feitiçaria. Contra as "doenças de branco", os Ashaninka só podem lutar com o auxílio de remédios industrializados.

Em um trabalho de campo realizado entre julho e setembro de 2007, numa comunidade Ashaninca de Bajo Quimiriki, no Distrito de Pichanaqui, no Departamento de Junín, no Peru, foi identificada a utilização de 402 plantas medicinais, principalmente ervas das famílias Asteraceae, Araceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae, Solanaceae e Piperaceae. 84 por cento das plantas medicinais eram selvagens e 63 por cento foram coletadas da floresta. Espécimes exóticos representaram apenas 2 por cento dessas plantas. Problemas relacionados à pele, sistema digestivo e a categorias próprias de seu sistema de crenças culturais representaram 57 por cento de todas as aplicações medicinais.

Artesanato
Os achanincas se destacam na tecelagem, produzindo redes, roupas e bolsas, além de cestaria, chapéus e outros adereços, instrumentos musicais e diversos objetos de madeira.

Fonte: Wikipédia

Índios Parakanãs

Interior de uma casa na TI Parakanã. Foto: Antônio Carlos Magalhães, 1975.
Interior de uma casa na TI Parakanã.
Foto: Antônio Carlos Magalhães, 1975
Os Parakanã são habitantes tradicionais do interflúvio Pacajá-Tocantins. Falam uma língua tupi-guarani pertencente ao mesmo subconjunto do Tapirapé, Avá (Canoeiro), Asurini e Suruí do Tocantins, Guajajara e Tembé. São tipicamente índios de terra firme, não canoeiros, e exímios caçadores de mamíferos terrestres. Praticam uma horticultura de coivara pouco diversificada, tendo como cultivar básico a mandioca amarga. Dividem-se em dois grandes blocos populacionais, Oriental e Ocidental, que se originaram de uma cisão ocorrida em finais do século XIX. Os orientais foram reduzidos à administração estatal em 1971, durante a construção da Transamazônica; os grupos ocidentais foram contatados em diversos episódios e localidades entre 1976 e 1984.


O termo 'parakanã' não corresponde a uma autodenominação. Os Parakanã se dizem awaeté, 'gente (humanos) de verdade', em oposição a akwawa, categoria genérica para estrangeiros. Segundo Nimuendaju (1948a), o termo pelo qual são conhecidos entrou no léxico indigenista no início do século XX por meio dos Arara-Pariri, grupo de língua karib que teria sido obrigado a abandonar seu território no alto rio Iriuaná, afluente de margem esquerda do rio Pacajá, em virtude de repetidos ataques de um grupo a quem denominava por esse termo. Parakanã, desde então, passou a designar uma "tribo desconhecida de índios selvagens" habitando as cabeceiras dos afluentes da margem esquerda do Tocantins. Outras denominações, entretanto, são reconhecidas e atribuídas aos Parakanã. Os Xikrin do Bacajá os nomeiam de Akokakore, enquanto os Araweté os identificam como Auim, ou seja: inimigo, e ainda Iriwä pepa yã (senhores das penas de urubu), ou, mais pejorativo, Iriwa ã (comedores de penas de urubu).

Teriam sido avistados pela primeira vez em 1910 no rio Pacajá, acima da cidade de Portel, e identificados como os índios que, na década de 1920, surgiam entre a cidade de Alcobaça e o baixo curso do rio Pucuruí para saquear colonos e trabalhadores da Estrada de Ferro do Tocantins. Foi no início do século XX, portanto, que começaram a aparecer as primeiras informações sobre índios que viriam a ser conhecidos como Parakanã; designação que, então, incluía os Asurini, grupo de mesma língua que também pilhava moradores na região. A partir da década de 1970, os Ocidentais ultrapassaram o limite oeste desse território, vindo a habitar a região das cabeceiras do rio Bacajá e Bom Jardim, afluentes do médio curso do rio Xingu.

A cisão: ocidentais e orientais
Um conflito em torno da posse de uma das mulheres raptadas levou os Parakanã a dividirem-se em dois grandes ramos. O conflito eclodiu nos anos 1890, durante uma expedição para procurar inimigos na margem esquerda do rio Pucuruí, deixando um saldo de dois mortos. Após esse evento, formaram-se dois blocos distintos: os Orientais assentaram-se no alto curso dos rios Pucuruí, Bacuri e rio da Direita; enquanto os Ocidentais rumaram para noroeste, estabelecendo-se, provavelmente, entre os rios Jacaré e Pacajazinho-Arataú (formadores de margem direita do Pacajá). Não é fácil determinar a localização precisa destes últimos, pois, ao contrário dos primeiros, nenhuma de suas aldeias atuais se situa no território que ocuparam entre o final do século XIX e os anos 1960. Logo após o conflito, os Ocidentais voltaram a buscar contato com seus parentes, primeiro pacificamente, mas depois matando mais um homem adulto nas proximidades da aldeia. A cisão tornou-se, então, irreversível.

Os Ocidentais expandiram os períodos de suas andanças pelo interior da floresta, abandonaram progressivamente a horticultura, intensificaram a atividade guerreira e os contatos com a população regional. Já os Orientais, que se mantiveram coesos até o contato definitivo em 1971, adotaram um padrão mais sedentário, mais retraído em relação ao exterior, com uma postura mais defensiva do que ofensiva, e um certo grau de centralização política.

Os dois blocos diferenciavam-se não apenas nas estratégias de subsistência, mas também nos mecanismos sociológicos de produção e reprodução do grupo: de um lado os Ocidentais com abertura para guerra, descentralização política, morfologia social não diferenciada, poligamia generalizada; de outro os Orientais com isolamento, centralização, morfologia dualista, poligamia restrita. Enquanto os Ocidentais ampliavam sua zona de atuação, desferindo seguidos ataques contra novos inimigos, raptando várias mulheres e tomando bens, os Orientais isolavam-se e defendiam-se das intrusões em seu território.

Índios Ticunas

Os Ticuna (Tikuna, Tukuna ou Magüta) são um povo ameríndio que habita atualmente a fronteira entre o Peru e o Brasil e o Trapézio amazônico na Colômbia. Formam uma sociedade de mais de 50 000 indivíduos, divididos entre Brasil (36 mil), Colômbia (oito mil) e Peru (sete mil), sendo o mais numeroso povo indígena da Amazônia brasileira.

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Imagem: Fapeam

História
De acordo com a história oral relatada pelos próprios ticunas, eles eram índios que habitavam a terra firme e as cabeceiras dos igarapés. Viviam em constante guerra com outros povos e aldeias ticunas, sempre liderados por um tó-i (chefe militar). Durante esse período, seu principal inimigo era o povo omágua (awane na língua ticuna) que dominava boa parte da várzea e possuía uma supremacia militar em relação aos seus vizinhos. Os omáguas dificultavam seu trânsito nas margens dos grandes rios, limitando-os ao centro das matas e impedindo-os de buscar condições mais favoráveis de sobrevivência na região.

Sua história é marcada por contatos violentos com seringueiros, madereiros e pescadores na região do rio Solimões. Os primeiros contatos com os não índios datam do final do século XVII, quando jesuítas espanhóis vindos do Peru, liderados pelo padre Samuel Fritz, começaram a fundar diversos aldeamentos ao longo do rio Solimões, que correspondem aos atuais municípios de São Paulo de Olivença, Amaturá, Fonte Boa e Tefé. Tais aldeamentos eram voltados, principalmente, para os omáguas, que eram muito mais numerosos na época, porém outros povos acabaram sendo incorporados, como os ticunas, miranhas, xumanas, passés e juris (sendo esses três últimos extintos em meados do século XIX). Nesse momento dos aldeamentos, os ticunas puderam ocupar locais da várzea do rio Solimões antes ocupados pelos omáguas. De acordo com registro do padre José de Morais, em 1860, foi somente com a exploração da borracha que os Tikuna, desalojados dos centros das matas pelos caucheiros, passaram a aparecer mais frequentemente nas beiras dos rios.

Na década de 1890, comerciantes vindos do interior do Ceará se estabeleceram na região e criaram diversos seringais, utilizando a mão de obra ticuna. A expropriação fundiária e o controle do trabalho indígena foram realizados por meios violentos, como a caçada aos índios, distribuição das famílias em vários seringais e destruição das malocas. Até meados de 1940, os ticunas ficaram sob o poder dos "patrões" seringalistas, os quais controlavam todas as instituições político-administrativas e religiosas. Tanto os missionários capuchinhos italianos como os delegados do Serviço de Proteção ao Índio eram controlados pelos "patrões" e não tinham nenhum poder para ajudar os ticunas contra a escravização.

Em 1940, o Serviço de Proteção ao Índio começou a agilizar uma ação mais intensiva na região do alto rio Solimões, local onde os ticunas estavam habitando, não só para poder ajudar os grupos indígenas que ali habitavam, mas também para resolver problemas na fronteira com os países vizinhos (como a Questão de Letícia). Em 1942 foi construído um posto indígena em Tabatinga, coordenado pelo inspetor Carlos Pinto Correia, o que diminuiu parte do poder dos seringalistas sobre os indígenas.

A partir da demarcação das terras ticunas, em 1992, vários grupos que viviam em outras terras indígenas se deslocaram para a terra ticuna, motivados pela aproximação com sua história, com os valores de seu povo, com a floresta e a Natureza. Os ticunas criaram aldeias em regiões de igarapés, e afastaram-se dos não-índios e seus bens mercantis. A volta aos igarapés, mais estreitos do que os rios, permitiu ao povo Tikuna fiscalizar melhor a pesca predatória, comum no Solimões e controlada pelos proprietários de grandes barcos pesqueiros.

Normalmente, as aldeias ribeirinhas se dividem em bairros clânicos sob comando moral de um ancião, um modelo adaptado do ambiente endogâmico tradicional do "pai da casa". Os Ticuna realizam rituais xamânicos e praticam a residência uxorilocal, pela qual os novos casais habitam junto à família da esposa.

Terra do alto
Políticas na terra do alto nos anos 1970 e 1980 estimularam a reunião de comunidades isoladas para obterem benefícios em saúde, educação e alimentação. A maior parte se reuniu em aldeias às margens dos grandes rios. Os Ticuna da terra do alto se distribuem em dois conjuntos territoriais. O primeiro fica às margens esquerda e direita do rio Amazonas, no Peru e na Colômbia. O segundo se situa nas bacias dos rios Cotuhué (Colômbia) e Putumayio (Colômbia e Peru). As vilas e comunidades Ticuna da terra do alto são garantidas por títulos coletivos e se agrupam em resguardos (Colômbia) e terras concedidas (Peru). Cada aldeia é dotada de um posto de saúde sob responsabilidade dos indígenas. Desde os anos 1960, no Peru, e 1980, na Colômbia, a educação é bilíngue e ministrada por professores ticuna formados.

Movimentos messiânicos
Algumas aldeias foram constituídas sob promessas religiosas. A aldeia peruana de Cushillo Conca surgiu por influência de um missionário evangélico estadunidense, e as colombianas Macedonia (por um visionário indígena) e de Arara (por um padre católico) também seguiram o mesmo caminho. Práticas rituais, cultos religiosos e esportes coletivos foram condenados pelos líderes messiânicos e substituídos por hábitos "brancos". No século XXI, observa-se uma tendência de reintrodução dos costumes tradicionais por demanda dos Ticuna e dos brancos em busca da autenticidade étnica daquele povo.

Booms econômicos
As políticas sociais dos diferentes Estados, como a oferta de assistência técnica e auxílio material na Colômbia e a seguridade social brasileira aos maiores de 60 anos estimulam a mobilidade dos Ticuna, que conheceram numerosos booms econômicos: o corte de madeiras nobres, a coleta de peles de animais silvestres, o turismo e, desde os anos 1980, a cocaína. Inicialmente envolvidos no transporte ou nos laboratórios clandestinos da terra do alto, na década de 2000 os Ticuna do Peru passaram a cultivar a folha de coca. Tais atividades ilegais causaram um clima de enfrentamento com as autoridades nacionais e a prisão de alguns indivíduos.

Cultura
Os Ticuna acreditam que foram pescados por Yo'i (um dos principais heróis culturais) das águas vermelhas do igarapé Eware. Por isso, se denominam Magüta, ou "povo pescado com vara" (de Magü, "pescar com vara" e o sufixo indicativo de coletivo -ta). Depois de pescados, o povo Magüta passou a residir na montanha Taiwegüne, nos arredores da casa de Yo'i, lugar sagrado para os atuais Ticuna.

Colar Ticuna

Língua
Os Ticuna têm sua própria língua, de mesmo nome, classificada como língua tonal e geneticamente isolada, de fonologia e sintaxe complexas. Há mais de 30 mil falantes no Brasil, Colômbia e Peru. No lado brasileiro, o Ticuna é falado em mais de cem aldeias e nove municípios, inclusive em aldeias próximas às cidades ou em que há falantes de outras línguas. Os Ticuna em trânsito nas cidades dos municípios onde se situam suas aldeias usam a língua Ticuna entre si e com os que ali se fixaram. Os filhos dos que se fixaram nas cidades usam com frequência a língua Ticuna com seus pais. Em casos raros, a língua cede lugar ao português. Já os que se deslocaram para Manaus sofrem uma imposição muito mais forte do português.

Localização
Os Ticuna são encontrados em mais de vinte terras indígenas. Das 59 aldeias ticunas conhecidas em 2002, 42 delas se situam no trecho entre Tabatinga e São Paulo de Olivença, na região próxima à nascente do igarapé Eware, seu local de origem.

Fonte: Wikipédia

Índios Tabajaras

Os tabajara (do tupi antigo tabaîara, "senhor de aldeia") foram um povo indígena que habitou o litoral brasileiro no trecho entre a foz do Rio Paraíba e a Ilha de Itamaracá. No século XVI, eram 40 mil indivíduos, e se aliaram aos colonizadores portugueses para ajudar a fundar o que viria a ser a capitania da Paraíba. Atualmente, grupos dos estados da Paraíba e do Ceará reivindicam a identidade e a ancestralidade tabajara.

História
Pacíficos com os luso-brasileiros após acordo de paz assinado durante as tentativas de conquista da Paraíba, foram os primeiros nativos dessa região do Nordeste Oriental a entrar em contato com os conquistadores portugueses.

Duarte Coelho viu, durante seis meses, os seus desejos de colonização da Paraíba frustrados devido à resistência pertinaz oferecida pelos potiguaras, inimigos tradicionais dos tabajaras. Por fim, os conquistadores conseguiram uma aliança com os chefes indígenas tabajaras Pirajibe, Tabira (cacique UirÁ Ubi) e Itajiba e, com eles, dominaram completamente os potiguaras, conquistando o litoral paraibano e fundando Filipeia de Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa). A aliança com a tribo Tabira se deu por uma questão curiosa: a filha do cacique se apaixonou e casou com o administrador colonial português, Jerônimo de Albuquerque, salvando-o da morte, após ser ferido e se tornar prisioneiro.

A tribo foi, paulatinamente, fragmentada pela miscigenação e integração aos conquistadores após a conquista da capitania. Antes da migração para o litoral centro–sul paraibano, seu território estendia-se das proximidades da Ilha de Itamaracá, no litoral pernambucano, até o agreste, no vale do rio Pajeú.

Presença atual

Índios Tabajara fazem retomada de seus territórios na Paraíba | Cimi 

 

Desde 2008, diversas famílias no estado da Paraíba vêm reivindicando o reconhecimento étnico oficial de sua condição de indígenas tabajaras nos seguintes municípios e localidades:
  • Conde: Barra de Gramame, Jacumã e periferia do Conde
  • Alhandra: Mucatu
  • Pitimbu: Abiaí e Pitimbu
  • João Pessoa: Mandacaru, Cristo Redentor, Geisel, Jardim Veneza


O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) enviou, em 24 de novembro de 2011, um representante à localidade de Mucatu, no município de Alhandra), para verificar a situação de conflito entre a comunidade indígena tabajara local, os assentados rurais do assentamento da reforma agrária João Gomes e compradores de terra. No lugar, será implantada uma fábrica de cimento, empreendimento este apoiado pelo governo do estado e pelo município.

Fonte: Wikipédia

Índios Pankararu


Pankararu – Beiras D'Água - Coletânea de Filmes
Cerca de 3.670 índios Pankararu ou Pankaru, vivem numa área de 8.100 hectares no município de Tacaratu, numa reserva indígena localizada entre a sede do município e a cidade de Petrolândia, nas margens do rio São Francisco, em Pernambuco.

O centro da reserva, cujas terras foram demarcadas em 1942, é a localidade de Brejo dos Padres, um pequeno vale de terras férteis que possui várias fontes de água. Há também diversas outras comunidades como Tapera, Serrinha, Marreca, Caldeirão, Bem-Querer e Cacheado.

A presença de não-índios na reserva vem de muitas gerações. A partir de 1979, no entanto, com o aumento dessa população tem ocasionado grande número de conflitos entre posseiros e indígenas.

A referência histórica mais antiga sobre a tribo é do século XVII, data do surgimento da vila da Tacararu, onde existia uma maloca ou ajuntamento de índios Pankararu, chamado de Cana Brava. Há indícios que a fundação da aldeia tenha sido em 1802.

A base da economia Pankararu é a agricultura. As principais culturas são a do feijão, do milho e da mandioca. Os índios também comercializam a pinha, fruta típica da região e têm no artesanato uma fonte de renda complementar. A fabricação de farinha de mandioca, nas casas de farinha é, ainda, uma atividade comunitária entre os Pankararu.

Devido ao trabalho realizado pelos missionários, os índios cultuam a religião católica, observam o calendário de festas populares religiosas, mas mantêm também rituais, danças e folguedos próprios da sua cultura.

Suas festas típicas mais importantes são a Corrida ou Festa do Umbu e a do Menino do Rancho. Sobre esses rituais eles guardam uma certa reserva.

A Dança dos Bichos é outra manifestação cultural típica dos Pankararu. Nessa dança ganham aqueles que conseguirem representar melhor os movimentos de animais como o porco, o cachorro, a formiga e o sapo.

O toré é dançado ao ar livre por homens, mulheres e crianças, de preferência nos fins de semana. O ritmo é marcado pelo som de maracás feitos de cabaças. Os versos da música são cantados em português, misturados com expressões do antigo dialeto da tribo.

É nas danças e nos rituais que a cultura dos índios Pankararu está mais bem representada. Do dialeto da tribo só existem alguns vestígios nos cantos que acompanham as danças. Sua língua nativa não conseguiu sobreviver.

Índios Fulniôs

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Encontro de Culturas: Fulni-ô
Fonte: EBC

Os índios da tribo Fulni-ô vivem no município de Águas Belas, em Pernambuco numa aldeia de 11.500 hectares, localizada a 500 metros da sede da cidade. Sua população é de aproximadamente 3.600 índios.

 Eram conhecidos, antigamente, como Carijó ou Carnijó e não se conhece o tempo da sua existência.

 A origem do nome Fulni-ô é muito antiga. Significa "povo da beira do rio" e está relacionada com o rio Fulni-ô que corre ao longo da aldeia de Águas Belas.

 Os índios têm convívio diário com os não-índios, são todos bilíngües, se vestem como os brancos, mas não perderam sua identidade. São os únicos indígenas do Nordeste brasileiro que mantêm viva a sua língua nativa a Yaathe (ou Yathê).

 A língua Yaathe, que significa "nossa boca, nossa fala, nossa língua" é oral, não possui cartilha. É aprendida pelos índios em casa com os familiares, no convívio doméstico e, segundo a professora Alieta Rosa, por intermédio de uma escola bilíngue que a aldeia possui*. Inclusive, existe um livro com o registro gramatical da língua.

Além da aldeia a comunidade possui na reserva um outro local de moradia, onde habitam durante três meses por ano por ocasião dos rituais do Ouricuri.

 O Ouricuri é um retiro religioso secreto, realizado anualmente nos meses de setembro, outubro e novembro, onde não é permitida a entrada de não-índios (mesmos os que têm qualquer tipo de parentesco com os Fulni-ô), pois é um espaço sagrado para eles. Durante esse período os indígenas se mudam para a outra aldeia, também chamada Ouricuri, distante cerca de cinco quilômetros do local onde habitam, levando quase tudo que têm, até os bichos de criação.

 O que ocorre no Ouricuri é um mistério. Nem mesmo as crianças revelam o que se passa no evento. Sabe-se que durante esse período os homens dormem em local reservado, o Juazeiro Sagrado, ao qual as mulheres não podem ter acesso. As rivalidades são esquecidas. As relações sexuais e a ingestão de bebidas alcóolicas são rigorosamente proibidas.

 Até os anos trinta, as casas dos Fulni-ô eram construídas, exclusivamente, com a palha do ouricuri (planta da família das palmeiras). Hoje, a aldeia é composta por habitações individuais de taipa ou alvenaria, semelhantes às das populações pobres do Nordeste brasileiro.

 Os índios vivem do artesanato da palha do ouricuri, comercializado nas feiras livres da região, da agricultura de subsistência e de alguma criação de bovinos e suínos. Ainda praticam a caça e a pesca, mas essas atividades estão quase em extinção, devido aos desmatamentos e à poluição dos rios da região.

 Suas manifestações culturais incluem a dança e a música. As danças dos Fulni-ô são inspiradas em vários animais e aves, sendo o toré a mais tradicional. Existem também a cafurna, uma dança cultural resultante da influência de outros grupos e uma conhecida como coco de roda, dançada com estilo próprio e que tem origem na cultura dos negros. As músicas das danças são cantadas em português e yaathe.

 Usam como instrumentos musicais, o maracá, o toré e a flauta. Tocam também instrumentos dos brancos como clarinete, pistom, trombone, violão, guitarra. Possuem até conjuntos e bandas formadas.

Os Fulni-ô utilizam para curar doenças muitas plantas que sobreviveram ao desmatamento. Possuem um Centro Fitoterápico de Reprodução de Mudas e Essências Medicinais, mantido com o apoio da Fundação Nacional da Saúde e da Unesco, onde são cultivadas várias plantas que servem como remédios populares distribuídos na aldeia.

 Como ornamentos e decoração são produzidos machados de pedra, bordunas, arcos e flechas.

 O uso do cocar, pintura corporal ou adereços não são marcas dos Fulni-ô. Para eles a origem do índio é a sua linguagem, por isso conseguiram mantê-la viva até hoje.ar-se fulni-ô. Quem não frequenta o ouricuri não é considerado um fulni-ô legítimo.

Índios Pataxós

Pintura de índio Pataxó de Porto Seguro (Foto: Reprodução de TV)
Pintura de índio pataxó (Foto: Reprodução de TV)

Originário da Aldeia de Barra Velha (conhecida como Aldeia Mãe), área indígena do Monte Pascoal, e distribuído em várias aldeias por diversos municípios (Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro), o povo pataxó sempre foi guerreiro. Desde os tempos da invasão portuguesa, por volta de 1500, lutam para se firmar em um lugar e preservar história, cultura e língua, costumes e tradições que foram se perdendo desde que os pataxós foram juntados a tribos Maxacalis e Botocurus em uma aldeia de onde não podiam sair.

“Em 1861, os povos foram aldeados à força em Bom Jardim, atual Reserva Barra Velha, que fica perto do Monte Pascoal. Depois, houve um grande massacre e muitos índios fugiram para não serem mortos”, conta a índia Nitynawã Pataxó, cacique de sua tribo.

Conhecida pelos índios mais velhos (que preferem não tocar no assunto) como “Fogo de 51”, a matança aconteceu em 1951, na aldeia de Barra Velha. Segundo a história da tribo, contada pelo índio Edmundo Santos Pataxó em um texto disponível no site da Prefeitura Municipal de Porto Seguro, cidade onde está a maior concentração de pataxós no sul da Bahia, foi causada por policiais militares do estado. Meninas foram estupradas e homens, espancados. Muitos precisaram se submeter à escravidão porque ficaram sem opção. Oito anos antes, o governo havia criado o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal e expulsou os índios que viviam nesse território. Começara aí a dispersão dos pataxós em pequenos povoados.

“Muitos decidiram ficar na mata tentando preservar a cultura. Meus parentes são alguns desses. Temos muitos jogos e rituais, o da Lua Cheia, o do casamento, o do batismo... Estamos agora tentando recuperar a língua Patxohã. Já catalogamos mais de duas mil palavras e montamos um dicionário, mas está dentro da comunidade porque precisamos que os anciãos aprovem a pesquisa”, conta Nitynawã.

Assim como os rituais de canto e dança (o Awê é o mais famoso), a pintura e a medicina baseada em plantas (raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas etc), a preservação da língua é um dos trabalhos que Nitynawã executa ao lado das irmãs Jandaya e Nayara dentro da escola bilíngue montada na Reserva da Jaqueira. No mesmo ano em que a Reserva da Jaqueira foi fundada, em 1998, a Terra Indígena Coroa Vermelha, localizada ao sul do Estado da Bahia, foi homologada. Ela compreende uma área de 1493 hectares nos municípios de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro e é reservada ao usufruto de cerca de uma população pataxó. Nessa mesma área, o turismo também virou alternativa para a economia do povo, que já tinha a pesca, o artesanato e o manejo de piaçava como atividades:

“Para conseguir viver e conseguir preservar a mata e os povos, precisamos abrir para os de fora e fazermos turismo desde 2000. A agricultura é mais para consumo, e faz tempo que não matamos animais. Hoje, temos aqui onça-pintada, jaguatirica. Trabalhamos essa consciência porque senão daqui a pouco não teríamos mais animais.”

A cultura pataxó (retirada do site da Prefeitura Municipal de Porto Seguro):

Canto e dança: O Awê significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. A dança e o canto são instrumentos de comunhão entre os pataxós e a natureza. Através do canto e da dança, o povo adquire energias da terra, do ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas que formam a natureza.

Pintura: A pintura corporal é um bem cultural de grande valor. Representa parte da história do povo, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. A pintura corporal é usada em festas tradicionais na aldeia como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, proteção. Há pintura para rosto, braço, costas e pernas. As pinturas são específicas para homens e mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e significados.

Alimentação: A base é a pesca, frutos e raízes. A mandioca, sem dúvida, é o alimento preferido. É dela que os pataxós fazem a bebida sagrada conhecida como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna (farinha). Inhame, batata, amendoim, taioba etc também são cultivadas. Um outro alimento muito apreciado é o peixe preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.

Artesanato: O artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece, como madeiras, sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu etc. Alguns artesanatos são feitos de barro, como o pote, a talha e a panela. Outros são feitos de cipó, como o caçuar e o cesto. E ainda há aqueles feitos com uruba, como a peneira e o leque. Alguns artesanatos estão relacionados à proteção espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.

Plantas medicinais: O conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas etc. permite que os pataxós desenvolvam a medicina baseada em plantas. A resina da amesca, por exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também para afastar as coisas negativas do corpo.


Índios Xavantes

Xavante.jpgO povo indígena brasileiro xavante, autodenominado A'uwe ("gente") ou A'wẽ Uptabi ("povo verdadeiro"), pertence linguisticamente à família linguística jê, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê. Sua língua é chamada akwén ou aquém (também grafada "acuen"). A população xavante soma, atualmente, cerca de 15 315 indivíduos distribuídos em 12 terras indígenas - todas elas localizadas no leste do estado de Mato Grosso e Goiás.

Oito delas estão homologadas e registradas; duas encontram-se em processo de identificação; uma está reservada e registrada e uma está identificada e aprovada mas sujeita a contestação.

Atualmente, a população xavante no Brasil está em crescimento. Em 2009, era de aproximadamente 10 000 pessoas. Em 2010, segundo a Fundação Nacional de Saúde, era de 15 315 pessoas. Tinham, como atividade predominante até a segunda metade do século XX, a caça, a pesca e a coleta de frutos e palmeiras. Formam, junto com os índios xerentes, um conjunto etnolinguístico conhecido na literatura antropológica como acuen ou aquém, pertencente à família linguística jê, do tronco macro-jê.

Pintam-se com jenipapo, carvão e urucum, tiram as sobrancelhas e os cílios, usam cordinhas nos pulsos e pernas e a gravata cerimonial de algodão. O corte de cabelo e os adornos e pinturas são marcadores de diferença dos xavantes em relação aos outros, transmitida através dos cantos pelos ancestrais e partilhados com todo o povo da aldeia.

História
Houve tentativas de integração com a sociedade brasileira em meados do século XIX, mas optaram por distanciar-se, migrando entre 1830 e 1860 em direção ao atual estado do Mato Grosso, onde viveram sem serem intensivamente assediados até a década de 1930. Em 1982, o cacique xavante Mário Juruna tornou-se o primeiro indígena brasileiro a se eleger deputado federal no país. Na década de 1990, os xavantes tiveram várias experiências novas com os "estrangeiros", como: um intercâmbio realizado com a Alemanha; a implementação de um projeto de educação bilíngue; e uma parceria musical com a banda de heavy metal Sepultura em seu álbum "Roots".

Distribuição
A região onde vivem hoje tem grande rede hidrográfica formada pelas bacias dos afluentes dos rios Culuene e Xingu e das Mortes e Araguaia. É dessa região de floresta tropical, mato e savana, com árvores baixas e altas, que os índios retiram o alimento e os materiais para seus artesanatos, armas, instrumentos musicais e as ocas, dispostas em forma circular. Ali, também buscam caças, frutos, palmeiras e pescados.

Devido à atual ocupação da região pelas culturas da soja e do gado, bem como outras monoculturas agrícolas, o uso de pesticidas e a diminuição das matas, seu modo de vida ligado à caça e à coleta tem mudado bastante. Muitas vezes, a "caça" e a "coleta" são deslocadas da mata para as cidades vizinhas, onde vão adquirir alimento e coisas dos "estrangeiros".

Tradições e rituais
Na literatura antropológica, os xavantes são conhecidos principalmente por sua organização social de tipo dualista, ou seja, trata-se de uma sociedade em que a vida e o pensamento de seus membros estão constantemente permeados por um princípio dual, que organiza sua percepção do mundo, da natureza, da sociedade e do próprio cosmos como estando permanentemente divididos em metades opostas e complementares.

Sua tradição tem uma maneira própria de ser transmitida e transformada, através de relatos, rituais e ensinamentos. A escrita é uma necessidade para qual o povo xavante se adaptou, com o intuito de reivindicar seu espaço na sociedade nacional e internacional. Os xavantes têm uma organização supostamente dualista e essa percepção da vida como um todo divide tudo permanentemente em metades opostas e complementares, mas há outras formas de divisão coletiva e organização das relações, como em trios ou quartetos. Esta é a chave da cultura dos xavantes. Existe também a corrida de buriti, denominada de uiwede, uma corrida de revezamento em que duas equipes de gerações diferentes correm cerca de 8 quilômetros, passando um tora de palmeira de buriti de cerca de 80 quilogramas de um ombro para o outro até chegarem ao pátio da aldeia.

Desde pequenos, os meninos formam grupos de idade semelhante. A primeira cerimônia pública de que os meninos participam é o ói'ó, em que os meninos demonstram sua coragem, seus medos, sua fraquezas através da luta com clavas. Quando chega o tempo certo, os mais velhos decidem a entrada dos meninos no Hö (casa tradicional, especialmente construída numa das extremidades do semicírculo da aldeia, para a reclusão dos wapté durante o período de iniciação para a fase adulta), onde os meninos vão viver reclusos por cinco anos. Todo menino xavante, de 10 a 18 anos, passa por esse período de reclusão de cinco anos na casa dos solteiros, onde o jovem permanece sem contato com a tribo. Nesse período, o jovem fica todo o tempo no Hö. Ele só deixa a casa para rituais e para atividades fora da aldeia, como caça e pesca.

O ritual de furo de orelha acontece quando os wapté saem definitivamente do Hö, ou seja, na passagem da adolescência para a vida adulta. Após os cinco anos, acontece, na aldeia, a festa chamada Danhono, onde a orelha dos jovens é furada, sendo o furo preenchido com um cilindro de madeira que os xavantes acreditam ser indutor de sonhos. Atualmente, os xavantes jovens criaram uma analogia entre esses cilindros e as antenas: os cilindros seriam como "antenas" que captam os pensamentos dos ancestrais xavantes durante os sonhos. Após o ritual, os jovens passam a ser considerados adultos e voltam ao convívio social com a tribo.

Destaca-se, também, ultimamente, a grande popularidade da prática do futebol entre os xavantes.

Fonte: Wikipédia

Índios Caiapós

Os índios Kaiapó e seus cantos maravilhosos - Conexão Planeta
Os caiapós, também conhecidos como kayapó, kaiapó e mebêngôkre (endônimo), são um grupo indígena habitante da Amazônia brasileira.

Denominação
O termo Kayapó é um exônimo que data do início do século XIX, tendo sido criado por grupos indígenas vizinhos desta etnia. Significa 'homens semelhantes aos macacos' e está, provavelmente, ligado a certos rituais do grupo, nos quais os homens dançam usando máscaras de macaco. O endônimo dos chamados kayapó é mebengokre, que significa, literalmente, 'homens do buraco (ou poço) d'água'.

Subgrupos
Os caiapós são um grupo indígena brasileiro que se divide nos subgrupos:kayapó-aucre, kayapó-cararaô, caiapó-cocraimoro, caiapó-cubem-cram-quem, caiapó-gorotire, caiapó-mecranoti, caiapó-metuctire, caiapó-pau-d'arco, caiapó-quicretum e caiapó-xicrim. No passado, eram também chamados de coroados, e os de Mato Grosso, coroás.

Economias
Sua principal atividade econômica é a agricultura itinerante praticada por homens, mulheres e meninos. Através do método de desbravar e queimar (queimada), cada par limpa um local na floresta de cerca de cinquenta por trinta metros onde estabelecem suas hortas na qual semeiam batata, cará, mandioca, algodão, milho e, ao lado das árvores, plantam cupá, uma videira com gavinhas comestíveis. Alguns grupos introduziram em suas hortas arroz, feijão, mamão e tabaco. Usam fertilizantes e pesticidas.

Recolhem mel e frutos de palmeiras silvestres como o babaçu. A castanha-do-pará, que anteriormente era recolhida pelas mulheres para seu autoconsumo, hoje é recolhida pelos homens e vendida a compradores estatais ou privados.

O óleo certificado de castanha, feito pelos caiapós da Terra Indígena Baú, de Novo Progresso, recebeu o selo verde, uma certificação que atesta práticas legais e impulsiona a venda para as indústrias de cosméticos. No entanto, a substituição por outras matérias-primas tem feito os caiapós venderem o óleo para indústria de biocombustível a um preço dez vezes menor.

São bons caçadores, mas, atualmente, a caça não é abundante. Entre as presas que conseguem obter, se destacam os da família Tayassuidae. Os homens tecem cestos, cintos e faixas para carregar e fabricam paus, lanças, arcos e flechas para a caça. As mulheres fabricam pulseiras, fitas e cordas.

Organização social
Cada comunidade é independente das demais, mas todas apresentam a mesma estrutura. Se constrói uma aldeia com uma praça central para as festas e, ao redor, as casas de cada família. O ngobe é a casa dos homens, situada no extremo norte da praça, onde eles se reúnem, praticam trabalhos artesanais e pernoitam. Os homens se dividem em dois lados, cada um com um benadióro (chefe) e seus oopen (partidários).

As casas das esposas do chefe estão uma no extremo leste da aldeia e outra a oeste. São seminômades. Várias vezes ao ano, correm pelas florestas para a caça, coleta e estabelecimento de novas colheitas; alguns desses períodos são curtos e breves e outros relativamente longos durante os quais abandonam a aldeia. Como comunidades sobreviventes, se mencionam os kubenkrâkên, gorotire, xikrin, menkragnoti e metüktire.

Uma forma organizativa fundamental através da qual cada pessoa se articula em sua comunidade é o grupo patronímico ou seguimento de nomes. As meninas e as mulheres formam o mesmo grupo das irmãs do pai, enquanto que os meninos e os homens são do grupo dos irmãos da mãe.

O sistema de parentesco se assemelha ao tipo Omaha, o qual permitiria pensar em linhagens patrilineares que, no entanto, não existem ou são substituídas pela adesão a segmentos determinados pela descendência em linha cruzada: cada pessoa pertence a uma categoria de acordo com sua idade, sexo e número de filhos. Os guerreiros (maiores de 17 anos) participam no ngobe das assembleias onde se tomam as decisões políticas.

O matrimônio se contrai em idade precoce, por vezes consentido pelas mães dos noivos, sendo proibida a união entre primos cruzados. Se trata de um evento público que está previsto após a menarca das meninas (entre 10 e 12 anos). As mães e tias dos recém-casados preparam e interrompem sem prejuízos a noite de núpcias. O divórcio é possível, mas o segundo casamento é privado.

A decoração do corpo é uma questão importante na sociedade. Dedica-se bastante tempo para raspar o cabelo e fazer desenhos coloridos na pele. Homens, mulheres e crianças ficam com a parte superior da cabeça completamente raspada. As mulheres deixam cair para trás o resto do cabelo, enquanto os homens fazem um rolo. Levam grinaldas de penas, brincos, colares e cintos e alguns homens usam um disco em seu lábio inferior. Anteriormente, todos os homens o portavam.

História
Ocupantes desde tempos imemoriais da região da bacia inferior do rio Tocantins, no começo do século XIX os caiapós começaram a sofrer ataques dos homens brancos, que mataram e escravizaram muitos caiapós. Ainda que mais numerosos que os invasores, as bordunas dos caiapós nada podiam fazer diante dos mosquetes dos invasores. Como resultado, os caiapós migraram para o oeste. Trinta anos depois, porém, os homens brancos voltaram a atacar os caiapós. Desta vez, houve uma cisão entre os caiapósː uma parte deles queria estabelecer a paz com os homens brancos, e outra parte queria continuar a fuga para o oeste. Os caiapós que optaram pela relação amistosa com os brancos desapareceram, em grande parte vitimados por pestes trazidas pelos brancos. Nas décadas de 1950 e 1960, houve uma tentativa de aproximação por parte de agentes do governo brasileiro com a intenção de pacificar os caiapós. Como resultado, hoje, a maior parte dos caiapós está em contato permanente com a sociedade brasileira. Nos anos 1980, dois caiapós se tornaram conhecidos do grande públicoː Tutu Pombo e Raoni. O primeiro, como o primeiro líder indígena brasileiro a explorar comercialmente as reservas indígenas, ao permitir a extração de ouro e mogno em troca de dinheiro. O segundo, como um defensor do meio ambiente e do modo de vida tradicional indígena.

Fonte: Wikipédia

Índios Ianomâmis

Infanticídio entre os Yanomami | Atini

Os ianomâmis, Yanomami, Yanoama, Yanomani ou Ianomami são índígenas caçadores-agricultores que habitam o Brasil e a Venezuela. Compõe-se de quatro subgrupos: Yanomae, Yanõmami, Sanima e Ninam. Cada subgrupo fala uma língua própria: juntas, elas compõem a família linguística ianomâmi. A tribo Ianomâmi é a sétima maior tribo indígena brasileira, com 15 mil pessoas distribuídas em 255 aldeias relacionadas entre si em maior ou menor grau. A noroeste de Roraima, estão situadas 197 aldeias que somam 9 506 pessoas e a norte do Amazonas, estão situadas 58 aldeias que somam 6 510 pessoas.

Etimologia
"Yanomami" é uma palavra criada pelos antropólogos a partir da expressão ianomâmi yanõmami thëpë, que significa ser humano, por oposição a yaro (animal de caça), yai (ser invisível ou sem nome) e napë (inimigo, estrangeiro, branco, não yanomâmi).

Localização
No Brasil, as aldeias yanomâmi ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9 419 108 hectares, pouco mais de 2 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro: a Terra Indígena Yanomami. Na Venezuela, os ianomâmis ocupam a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, com 8,2 milhões de hectares. A área total ocupada pelos ianomâmis no Brasil e na Venezuela é de 192 000 quilômetros quadrados. Abrange a região entre as bacias dos rios Orinoco e Amazonas.

Em sua maior parte, o território está coberto por densa floresta tropical úmida. O território é bastante acidentado, principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraíma, onde se tem a maior concentração da população ianomâmi no Brasil. Os solos são, em sua grande maioria, extremamente pobres e inadequados à agricultura intensiva. O Pico da Neblina, o ponto culminante do Brasil, está localizado dentro da Terra Indígena Yanomâmi e do Parque Nacional do Pico da Neblina, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Sociedade
As aldeias, que podem ser constituídas por uma ou várias casas (malocas), mantêm, entre si, vários níveis de comunicação, desenvolvendo-se relações econômicas, matrimoniais, rituais ou de rivalidade. As suas malocas são casas comunitárias circulares chamadas yano ou shabono que podem acomodar até 400 pessoas. As áreas centrais das casas são o espaço para festas e rituais. Os homens se ocupam principalmente da caça, enquanto as mulheres se dedicam à agricultura (banana, milho, mandioca, batata, frutas, tabaco, algodão) e à coleta de castanhas, larvas, mariscos e mel. A pesca é exercida tanto pelos homens como pelas mulheres. Não existem chefes nas aldeias ianomâmis: todas as decisões são tomadas por consenso.

Religião
A religião ianomâmi baseia-se na visão pelos pajés de espíritos chamados xapiripë, através da ingestão de um rapé alucinógeno chamado yakoana ou yãkõana (Virola sp.). Festas também costumam ser celebradas para marcar acontecimentos como a coleta da pupunha e os funerais (festa do reahu).

História
Por volta do ano 1000, os ancestrais dos atuais yanomâmis ocuparam as cabeceiras do rio Orinoco e a serra Parima. Por volta de 1300, começou o processo de diferenciação das atuais quatro línguas da família ianomâmi. Até o fim do século XIX, os ianomâmis só mantinham contato com os grupos indígenas vizinhos. A partir do início do século XX, começaram a entrar em contato com não-indígenas: extrativistas, missionários, soldados, funcionários do Serviço de Proteção ao Índio etc.

Ameaças: rodovia, garimpo, doenças, violência
A década de 1970 foi marcada por grandes projetos do governo do Brasil que tiveram grande impacto sobre os ianomâmis: a construção da rodovia BR-210, programas de colonização pública e o projeto Radambrasil, que detectou importantes jazidas minerais no território ianomâmi.

A descoberta dessas jazidas levou a uma grande invasão garimpeira no período de 1987 a 1992, atraída pelas reservas de ouro, cassiterita e tantalita, com a ocorrência estimada de 1 500 a 1800 mortes entre a população ianomâmi, em função de doenças e de atos de violência causados por 45 mil garimpeiros que invadiram suas terras. Visando a proteger a população ianomâmi dos garimpeiros, em 25 de maio de 1992, a terra indígena ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor. Mas, em julho de 1993, garimpeiros invadiram uma aldeia Yanomami e assassinaram a tiros e golpes de facão 16 indígenas, entre eles idosos, mulheres e crianças. O episódio ficou conhecido como o Massacre de Haximu e foi o primeiro caso julgado pela Justiça brasileira no qual os réus foram condenados por genocídio.

Em 2004, os ianomâmis brasileiros fundaram a associação Hutukara (termo que significa "a parte do céu do qual nasceu a terra") para defender seus direitos. Em 2011, foi a vez de os ianomâmis venezuelanos criarem sua própria associação, a Horonami.

Em novembro de 2014, a pedido da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Associação do Povo Ye’kwana do Brasil (Apyb), uma equipe de pesquisadores visitou 19 aldeias e coletou 239 amostras de cabelo dos indígenas, priorizando os grupos mais vulneráveis à contaminação por mercúrio: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram coletadas 35 amostras de peixes, que são a base da alimentação desse grupos. O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias Yanomami e Ye’kwana. Na comunidade Yanomami de Aracaçá, na região de Waikás, 92% do total das amostras apresentaram alto índice de contaminação. Essa comunidade, entre todas as pesquisadas, é a que tem o garimpo mais próximo. Na região do Papiú, onde foram registrados os menores índices de contaminação — 6,7% das amostras analisadas — , há menor presença de garimpeiros.

Fonte: Wikipédia

Índios Tupiniquins

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Imagem: Pinterest

Os tupiniquins são um grupo indígena da família linguística tupi-guarani, pertencente ao tronco tupi. No século XVI, habitavam a costa do Espírito Santo e do sul da Bahia. Foram tupiniquins os primeiros índios a ter contato com europeus, quando o português Pedro Álvares Cabral chegou com sua frota ao Brasil, em 1500. Eram inimigos tradicionais de outro grupo tupi, os tupinambás. Aliaram-se aos portugueses contra os franceses, no início do período colonial.

Seu número foi se reduzindo ao longo dos séculos, e chegaram a ser considerados extintos. No entanto, a Fundação Nacional do Índio (Funai) identificou integrantes desse povo na década de 1970. Dados da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) informam que em 2010 havia uma população de 2.630 tupiniquins vivendo no Espírito Santo (no município de Aracruz e nas áreas indígenas Tupiniquim, Caieiras Velhas II e Comboios).

Ao longo dos anos, alguns tupiniquins se juntaram aos pataxós hã-hã-hães, aos camacãs, aos baenãs e a parte dos geréns que viviam na mesma região habitada por eles ou em áreas próximas. Hoje em dia, os tupiniquins falam apenas o português.

As famílias possuem seus próprios terrenos e cultivam neles mandioca, feijão e milho. Existem também os terrenos que são cultivados coletivamente. O que se produz ali é dividido entre todas as famílias. Se sobrar alguma coisa, vendem-na e repartem o dinheiro.

O cultivo de hortas e de árvores frutíferas, a pesca e a coleta de mariscos também são atividades praticadas por esses índios.

O artesanato produzido depende da coleta de cipós e de madeiras. Com eles, fazem gamelas, peneiras, cestos e remos.

Existem escolas de ensino fundamental e creches nas três áreas indígenas. Alguns cursos profissionalizantes também são oferecidos.

Na terra indígena de Comboios, os índios participam do Projeto Tamar, que tem como função proteger as tartarugas marinhas.

Fonte: Britannica Escola Edition