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quarta-feira, 6 de março de 2024

Revolução Pernambucana de 1817


A Revolução Pernambucana de 1817

Para sustentar o luxo da corte portuguesa no Rio de Janeiro, o governo aumentava os impostos. Em Pernambuco, o sentimento nativista crescia e com ele, o desejo de que houvesse um governo brasileiro para substituir o governo português.

Para agravar ainda mais a situação, em 1816 ocorreu uma grande seca em Pernambuco que afetou a lavoura de cana de açúcar e do algodão. Se antes disso já era difícil pagar os impostos exigidos pelo governo, agora era impossível. Era preciso fazer uma revolução para promover a libertação da dominação portuguesa.

A ideologia iluminista também havia se espalhado pelo mundo e provocado revoluções como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a independência de algumas colônias espanholas na América do Sul. Todos esses fatores acabaram por influenciar e a provocar a Revolução Pernambucana de 1817 que ultrapassou a fase de conjuração e chegou a atingir o poder.

Na Revolução Pernambucana houve a participação de sociedades secretas, intelectuais, padres e militares; no entanto os escravos estavam excluídos. O objetivo era proclamar uma república brasileira e expulsar o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

O movimento eclodiu em março de 1817 e obrigou o governador a buscar refúgio no Forte do Brum que, por não oferecer condições de defesa, levou o governador a render-se.

Os revoltosos permitiram que ele partisse para o Rio de Janeiro e, em seguida formaram o governo provisório que apresentou as seguintes propostas: proclamar a República, abolir alguns impostos e elaborar uma constituição que permitisse liberdade religiosa e a igualdade de todos perante a lei.

Em relação aos escravos, a Revolução Pernambucana estabeleceu que a abolição seria “lenta, regular e legal”, para não prejudicar os interesses dos senhores de engenho. Essa parte não era compatível com as idéias iluministas.

O governo provisório durou 75 dias, isto é, até que D. João mandasse suas tropas para cá com grande quantidade de armas, munições e navios. Os revolucionários renderam-se e seus líderes, como Domingos José Martins, padre Miguelinho, Domingos Teotônio Jorge, o padre João Ribeiro Pessoa e José Luís de Mendonça foram condenados à morte. Portugal mantinha seu poder a qualquer custo. Mesmo assim, outras revoltas surgiram em Pernambuco, mais tarde.

A Revolução Pernambucana de 1817, que tanto lutou contra o colonialismo, teve centros de debates políticos de onde partiram os ideais revolucionários. Um deles foi o Areópago de Itambé dirigido pelo padre Arruda Câmara que proibia a presença de estrangeiros nos seus debates internos. Outro importante foco divulgador das idéias emancipacionistas foi o Seminário de Olinda onde um de seus principais membros era o padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, conhecido como padre Miguelinho que participou da Revolução de 1817, sendo fuzilado pelas tropas do rei.

Pela presença dos membros da Igreja, a Revolução Pernambucana é também conhecida como Revolução dos Padres.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Pedro da Silva Pedroso, o Pardo do Recife: Soldado valente que tentou fazer do Brasil um país só de negros e mulatos

 


Em maio de 1817, no comando do Forte de Cinco Pontas, no Recife, o coronel Pedro Pedroso aguardava a chegada de um exército inimigo, que vinha da Bahia para botar abaixo a república proclamada em Pernambuco, dois meses atrás. Porém, o general Domingos Teotônio — então, à frente das tropas pernambucanas — decretou a retirada do Recife e ele não chegou a entrar em combate.

Em setembro de 1824, a situação se repetiu: Pedroso estava novamente pronto a lutar pelo Recife. Dessa vez, contudo, do lado oposto, marchando na armada despachada do Rio de Janeiro pelo imperador Pedro I contra mais um movimento libertário, lançado por antigos revolucionários de 1817: a Confederação do Equador. Mas ele não se achava um traidor, pois o seu projeto político era outro, acima e além da pendenga entre monarquistas e republicanos…

O PARTEIRO

“Negro, em festa de branco, é o primeiro que apanha e o último que come”. Nesse ditado popular se resumia toda a ideologia do “Pardo do Recife”, como Pedro Pedroso apelidara a si mesmo. A causa pela qual lutava era, em primeiro lugar, a sua gente, os pretos e mulatos escravizados ou livres, mas sempre desvalidos. E, em segundo lugar, os seus interesses pessoais, é claro, que ele também estava longe de ser santo — um São Benedito, se fosse o caso; mas, seguramente, santidade não era o seu forte.

Pobre, semiletrado, porém muito inteligente, enérgico e valente, ele abriu caminho na vida à custa do próprio esforço. Alistou-se como praça no regimento de Artilharia e chegou a capitão, o posto máximo que um mulato brasileiro podia aspirar no exército português. Tornou-se conhecido, respeitado, amado e temido no meio do povo. E, além de ser o xodó das escurinhas, também arrancava suspiros de muitas brancas “de família” que, por trás das gelosias, o viam passar pelas ruas, alto, bonito, elegante, com suas longas costelas e fartos bigodes, sempre montando cavalos magníficos.

No dia seis de março de 1817, Pedroso serviu de “parteiro” da Revolução. Quando o capitão José de Barros Lima — o “Leão Coroado” — recusou a ordem de prisão dada pelo brigadeiro português Manoel Barbosa e o matou, foi ele que tirou a espada ensanguentada das mãos do camarada para, empunhando-a, assumir o comando do Regimento de Artilharia do Recife. E, em seguida, proclamou o início do levante, logo apoiado pelos recifenses e depois por todo Pernambuco, pela Paraíba e pelo Rio Grande do Norte. Além disso, foi ele que, naquele dia, sem titubear, mandou fuzilar o coronel Tomás de Aquino, enviado pelo governador português Caetano Pinto para parlamentar com os militares rebelados, assim acabando com qualquer possibilidade de recuo do movimento.

DISCRIMINAÇÃO

Também foi Pedroso que, dias depois, já instalado o Governo Provisório de Pernambuco, invadiu a sala onde os cinco governadores estavam reunidos e ameaçou de morte um deles, o advogado José Luís Mendonça. Assim, forçou Mendonça a retirar uma proposta de buscar acordo com o príncipe D. João, que estava prestes a ser aprovada. Foi ele, ainda, que, com muita luta, conseguiu arrancar daquele governo o primeiro ato abolicionista já decretado no Brasil, concedendo alforria aos escravos que se alistassem no exército. E foi ele que, pessoalmente, treinou a primeira tropa de cativos assim libertos.

Finalmente, foi Pedroso que mais insistiu para que os inimigos da Revolução fossem tratados com rigor. Para dar exemplo ele até mandou, por conta própria, fuzilar três desertores da tropa em praça pública. Mas os governadores não o escutaram — foram frouxos, em sua opinião —, o movimento foi derrotado e o seu desencanto começou.

Com dezenas de outros patriotas, Pedroso foi preso e despachado para a Bahia, e lá sentiu a discriminação doer ainda mais, porque partia dos seus próprios companheiros. Os negros eram, de fato, os primeiros a apanhar e os últimos a comer, e não apenas nas festas dos brancos, mas até na cadeia, junto com eles!

Então ele perdeu o pouco respeito que ainda tinha pelos republicanos. Estes seriam até piores que os outros brancos, porque iludiam os pretos com falsas promessas. Ora, se eles praticassem a liberdade, a igualdade e a fraternidade que pregavam, a escravidão não teria cessado nos Estados Unidos quando aquele país ficou independente, em 1776? E por que ela não fora extinta nas colônias francesas, após a Revolução de 1789? Certos, para ele, estavam os negros do Haiti que, em 1804, mataram ou expulsaram todos os “caiados” daquela ilha!

Pela República em 1817 e contra ela em 1824

Após a anistia de 1821, mais segregação. Pedroso não foi libertado com os outros e sim enviado para Portugal, acusado de mandar matar o coronel Aquino. Mas foi perdoado e voltou para sua terra. E aqui estava, em fevereiro de 1822, quando foi procurado por Antônio de Menezes Drummond, agente do ministro José Bonifácio, que andava às turras com Gervásio Pires, então presidente de Pernambuco. Na época, Bonifácio defendia que o Brasil proclamasse a independência de Portugal e se tornasse um império, regido pelo príncipe D. Pedro. Mas Gervásio temia que, indo por esse caminho, o resto do país continuasse sendo oprimido e explorado pela corte do Rio de Janeiro, e vacilava em apoiar essa proposta.

Drummond não teve dificuldade em ganhar Pedroso para a sua causa com promessas de melhorias de vida para o povo e aumento de soldo para os militares. Então, com o prestígio popular que tinha, o Pardo agitou as tropas e as massas. E, em setembro, derrubou o governo de Gervásio, sendo premiado com o comando das tropas de Pernambuco.

Mas o novo governo, a “Junta dos Matutos”, formado por senhores de terras e escravos, também não nutria grande simpatia pelas causas abolicionistas e populares. E o Pardo, achando que as circunstâncias lhe eram favoráveis, resolveu dar um passo à frente. Ele sublevou o 3º e 4º regimentos, os “Bravos da Pátria” e os “Montabrechas”, formados por negros e mulatos, respectivamente, e no dia 21 de fevereiro de 1823 o Recife foi tomado pela malta de pele escura, dando vivas ao Haiti e recitando uma quadrinha que anunciava o fim de todos “marinheiros” (portugueses) e “caiados” (brancos) no Brasil.

A “Pedrosada”, porém, foi abafada, e Pedroso despachado para o Rio de Janeiro. E lá estava preso quando os pernambucanos rebelaram-se mais uma vez, em 1824, na Confederação do Equador. Então, sabendo da liderança que ele exercia sobre o povo pobre daquela província, D. Pedro I lhe ofereceu anistia e o comando das tropas de volta, em troca do seu apoio. E o Pardo do Recife aceitou participar de mais uma “festa de brancos”, ainda com a esperança de que um dia, no Brasil, os pretos e mulatos fossem os últimos a apanhar e os primeiros a comer. E nessa expectativa viveu até morrer de velhice, no Rio de Janeiro.

 

Fonte: Blog Diário de Pernambuco

 

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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Herança afrodescendente em Pernambuco

O texto encontrado no site da Secretaria de Cultura de Recife, Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, resume bem o aspecto da herança em questão: “a herança africana, trazida por milhões de negros e negras vítimas do tráfico transatlântico, com uma enorme diversidade de grupos étnicos, fez do Brasil a segunda maior população de negros do mundo fora da África. Vivendo em condições desfavoráveis, essa população negra brasileira, ao longo de sua história, utilizou-se de mecanismos diversos para resistir à escravidão, que mesmo depois de um século abolida, faz amargar frutos que geram a necessidade de uma resistência permanente. Essa herança de luta está representada nas formas singulares de manifestações culturais, artísticas e religiosas. O sonho de liberdade e dignidade do povo negro expressa-se de forma marcante na dança, na música, nas artes plásticas, que tanto ajudou a preservar a memória ancestral do povo negro brasileiro. No Recife, as diversas manifestações culturais afro-brasileiras têm papel fundamental na rica cultura local. São de matrizes africanas, em sua grande maioria, as manifestações populares que colorem os quatro cantos desta cidade. (...)” 

Em oposição ao legado negativo da escravidão, existe uma herança afrodescendente positiva e riquíssima no estado de Pernambuco, que se manifesta sobretudo na cultura: música, dança, comida, etc. Nota-se, também, a influência afrodescendente na oralidade da fala pernambucana, recheada de vocábulos provenientes da africanidade linguística (banda, cachimbo, fubá e moloque, como exemplos), assim como alguns fenômenos linguísticos da oralidade e do português popular que são atribuídos à influência africana, como o apagamento do /r/ no final das palavras e a falta de concordância nominal, no português não padrão. Essas influências também ocorrem em outras regiões do Brasil, mas de forma diferenciadas localmente, muitas vezes. 

Muito dessa herança sobreviveu às perseguições e às discriminações, adaptando-se. Os terreiros de candomblé de Recife, para esquivarem-se da política de repressão do estado, transformaram- -se em sociedades carnavalescas, como o maracatu. Os negros, disfarçados de nobres, reverenciavam a "Corte Real", mas na verdade evocavam os seus deuses. E assim continuaram por décadas, resistindo e sendo discriminados. O Maracatu (Rural ou Urbano), que atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco, é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão.

Outro exemplo é o Frevo (Frevo de Rua, Frevo Canção ou Frevo de Bloco), que teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “frevura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano.

Além desses ritmos, podemos citar o forró (com influências também indígenas e europeias; baião, xote, xaxado e côco, que fazem parte do forró), o manguebeat (movimento de contracultura surgido em Recife, que mistura outros ritmos regionais, como maracatu, com hip hop, música eletrônica, etc) e a ciranda (um tipo de música e dança típica da Ilha de Itamaracá).





A Capoeira, trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exterminar Palmares (quilombo localizado na Capitania de Pernambuco, no território do atual estado de Alagoas), os escravos foragidos aplicavam os movimentos da capoeira como recurso de ataque e defesa. Em 1928, um livro estabeleceu as regras para o jogo desportivo de capoeira e ilustrou seus principais golpes e contragolpes. O capoeirista era considerado um marginal, um delinquente. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.

Na culinária pernambucana, o legado africano é encontrado em muitos pratos e temperos, com destaque para alguns produtos que de lá vieram e que hoje são elementos fundamentais na alimentação: a banana, o amendoim, o azeite de dendê, a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar, o coqueiro e o leite de coco, o quiabo, o caruru, o inhame, a erva-doce, o gengibre, o açafrão, o gergelim, a melancia, a pimenta malagueta, a galinha d’angola entre outros. Com a escassez da alimentação do escravo, os negros inventaram o pirão escaldado (massapê) e o mungunzá, por exemplo.

domingo, 5 de março de 2023

06 de Março - Data Magna de Pernambuco. O que significa a data?


Hoje, 6 de março, é comemorado em todo o estado de Pernambuco, o feriado da Data Magna, instituído pela Lei estadual nº 16.059/2017. Mas o que significa DATA MAGNA DE PERNAMBUCO?


A Data Magna de Pernambuco faz alusão à Revolução Pernambucana de 1817, considerada um marco na história do Brasil, onde o estado deu o primeiro passo para tornar o Brasil um país independente.


Durante 75 dias, Pernambuco se tornou independente do Brasil e da Coroa Portuguesa, com o apoio dos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.


A República, apesar de curta, deixou um legado inigualável. 


CARTA MAGNA OU DATA MAGNA DE PERNAMBUCO?


Muita gente se confunde com o termo utilizado para o feriado em Pernambuco, porém há diferenças nos termos.


Carta Magna é o nome atribuído a um documento que, na Idade Média, serviu para trazer limitações ao poder real em relação aos nobres.


Atuando como uma espécie de Constituição, ainda que esse conceito não fosse aplicado à época. Podendo se dizer que a carta magna é a Constituição do Estado.


Já a Data Magna é o marco que se refere aos movimentos libertários eclodidos em 6 de março de 1817.


(Fonte: TV Jornal)

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quarta-feira, 4 de maio de 2022

04 de Maio : Aniversário de Jaboatão dos Guararapes - Conheça a história da cidade


 

Jaboatão dos Guararapes é um município brasileiro do estado de Pernambuco, Região Nordeste do país. Está localizado na Região Metropolitana do Recife, situando-se a sul da capital do estado, da qual dista cerca de 18 km. Ocupa uma área de 258,7 km², estando 23,6 km² formando o perímetro urbano e os 233,7 km² restantes formando a zona rural do município. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020 sua população era de 706 867 habitantes, sendo, desta forma, o segundo município mais populoso do estado, além disso, a cidade é o maior município sem ser capital no norte- nordeste, sendo também, maior fora do eixo Rio-São Paulo.


As terras que formam o atual território municipal foram concedidas por Duarte Coelho, em 1566, a Gaspar Alves Purga e Dona Isabel Ferreira, com o objetivo de desenvolver a produtividade das terras. Numa extensão de uma légua, foi instalado o engenho São João Batista, o qual foi vendido em 1573 a Fernão Soares, cuja herdeira, Maria Feijó, foi casada com o português Antônio Bulhões, havendo a mudança do nome do engenho para Bulhões. O município foi fundado sob o nome de Jaboatão em 4 de maio de 1593 por Bento Luiz de Figueirôa, o terceiro proprietário do antigo Engenho São João Batista. A cidade é conhecida como "Berço da Pátria", por ter sido palco da Batalha dos Guararapes, travada em dois confrontos, em 1648 e 1649. Nesta batalha, pernambucanos e portugueses expulsaram os invasores holandeses do seu território. Em 1989, o município passou a chamar-se "Jaboatão dos Guararapes", parte em homenagem ao Monte dos Guararapes, local onde ocorreu a batalha, que foi parte da Insurreição Pernambucana e parte para barrar diversas tentativas de emancipação do Distrito de Prazeres, por este motivo a sede da prefeitura foi transferida do centro do município para o distrito de Prazeres, porém ao mudar o local da sede do município o nome deste deve ser mudado, por este motivo acrescentou-se o "dos Guararapes" ao antigo nome do município passando assim a Jaboatão dos Guararapes o mesmo ocorreu com a bandeira, foi acrescida do texto "dos Guararapes".



Jaboatão dos Guararapes destaca-se por sua indústria, possuindo o terceiro maior PIB industrial de Pernambuco e estando situado numa região estratégica de desenvolvimento econômico de Pernambuco, junto com as cidades de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, localizando no caminho entre Recife e o Porto de Suape, que é o principal polo de investimentos do estado. É cortado pelas principais rodovias do estado, a BR-101 (de norte a sul), a BR-232 (de leste a oeste) e o futuro Arco Metropolitano, que tem em seu projeto um traçado no sul do município. Juntamente com outros municípios da sua região, Jaboatão faz parte do Território Estratégico de Suape, criado pela Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) para delimitar a área de influência do Complexo Industrial e Portuário de Suape.


HISTÓRIA

Na época das capitanias hereditárias os donatários concediam lotes, em regime de sesmarias , para desenvolver a produtividade das terras. Em 1566 , por uma carta de sesmaria lavrada na vila de Olinda, Duarte de Albuquerque Coelho (segundo donatário de Pernambuco) concedeu a Gaspar Alves de Pugas uma légua de terras situadas nas margens do rio Jaboatão, judicialmente demarcadas em 1575. Grande parte dessa sesmaria foi vendida, em 15 de setembro de 1573, a Fernão Soares, que, juntamente com seu irmão, Diogo Soares, construiu o Engenho Nossa Senhora da Assunção (posteriormente Suassuna), o qual começou a moer em 1587. Gaspar Alves de Pugas ainda ficou com uma grande parte da sesmaria, na qual construiu o Engenho São João Batista (atual Usina Bulhões), que já estava em atividade em 1575. Em 1584 esse engenho foi comprado por Pedro Dias da Fonseca, que nove anos depois o revendeu aos portugueses Bento Luiz de Figueiroa e sua mulher, D. Maria Feijó de Figueiroa, ambos naturais da cidade do Porto. A escritura pública foi lavrada na vila de Olinda, no dia 4 de maio de 1593, considerada a data simbólica da fundação de Jaboatão. Eles se estabeleceram como terceiros proprietários do engenho, nas terras onde hoje se localiza o município de Jaboatão dos Guararapes.

 

Às famílias que para ali afluíram, oriundas principalmente de Olinda e do Recife, fugindo da invasão do corsário inglês James Lancaster (1591), Bento de Figueiroa doou terras para a construção de casas, na parte situada entre os rios Jaboatão e Duas Unas e na confluência dos mesmos, a título de aforamento perpétuo; a partir de então teve início o primeiro núcleo de população. Com o tempo, já desenvolvida a povoação, Bento de Figueiroa doou um terreno para erigir uma igreja, além de contribuir com donativos para a construção da mesma e terras para a constituição do seu patrimônio canônico. A igreja foi erguida sob a invocação de Santo Amaro e, em 1598, recebeu foros de paróquia. No mesmo ano foi criado um curato, por D. Antônio Barreiros, terceiro bispo do Brasil, anteriormente prior da Ordem de S. Bento de Avis; o curato foi provido em 1609. D. Maria Feijó de Figueiroa morreu no dia 12 de novembro desse mesmo ano e foi sepultada na capela-mor da igreja matriz, atendendo ao pedido que constava em seu testamento.
 
 
Navios holandeses / Crédito: Wikimedia Commons

No dia 21 de outubro de 1633 o povoado foi invadido e saqueado por 700 neerlandeses, os quais foram rechaçados pelas tropas comandadas pelo major Pedro Correia da Gama e pelo capitão Luiz Barbalho Bezerra. No município ocorreram dois fatos importantes da história pernambucana: as lutas contra o invasor holandês, travadas nos Montes Guararapes, nos dias 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1649. No segundo desses combates saiu ferido Henrique Dias, que morreu anos depois, em consequência dos golpes recebidos.

Segunda Batalha dos Guararapes

Em 20 de dezembro de 1962, pela lei 4692, o distrito de Cavaleiro foi desmembrado do município, emancipando-se como novo município. Em 20 de dezembro de 1963, pela lei 4964, o distrito de Muribeca dos Guararapes foi também desmembrado, formando o município de Guararapes. Mandados de segurança desfizeram esses desmembramento, voltando o município a se integrar totalmente.

 

Pela Lei Estadual nº 4, de 5 de maio de 1989, houve uma reestruturação, transferindo-se a sede administrativa para o então distrito de Guararapes e o município passou a denominar-se Jaboatão dos Guararapes. A mesma lei criou o distrito de Jaboatão onde antes era a sede municipal, integrado ao município de Jaboatão dos Guararapes, e anexou o território do distrito de Muribeca dos Guararapes ao distrito sede. A divisão territorial datada de 1 de junho de 1995 ratificou a divisão do município, que ficou constituído de três distritos: Jaboatão dos Guararapes (sede), Cavaleiro e Jaboatão, assim mantendo em divisão datada de 2005. No dia 11 de janeiro de 2008 a Lei Complementar nº 2 criou mais dois distritos: Curado e Jardim Jordão.

 

A importância dos Montes Guararapes no contexto nacional é reconhecida desde o seu tombamento, em 1961. Ratificando o valor histórico do sítio onde foram travadas as duas batalhas (1648 e 1649), foi criado o Parque Histórico Nacional dos Guararapes (PHNG), homologado através do Decreto nº 68.527, de 19 de abril de 1971. O parque conta com uma área de 3,63 quilômetros quadrados, sendo que parte desse território está sob responsabilidade do Exército. O local também é sede da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, templo barroco que guarda os restos mortais dos heróis das lutas travadas no local.
 

Formação administrativa

Em 20 de março de 1764 um alvará criou o distrito de Jaboatão, subordinado a Recife; esse distrito seria elevado à categoria de vila em 24 de maio de 1873, por força da lei provincial 1.093. Essa configuração se manteve até 27 de junho de 1884, quando a lei provincial 1.811 elevou a vila à condição de cidade. Em 11 de setembro de 1928, já na República, com a Lei Estadual n.º 1.931, a cidade ganharia estatuto de município. O nome atual só viria em 5 de maio de 1989, quando a lei estadual n.º 4 rebatizou o município.

 

GEOGRAFIA 

 

Subdivisões

Compõem o município cinco distritos: Jaboatão dos Guararapes (sede), Cavaleiro, Jaboatão, Curado e Jardim Jordão.

 

Hidrografia

O município de Jaboatão dos Guararapes está incluído nos domínios dos Grupos de Bacias Hidrográficas de Pequenos Rios Litorâneos. Seus principais rios são os rios: rio Jaboatão e rio Tejipió. Os principais afluentes do rio Jaboatão são os rios Duas Unas, Zumbi, Palmeiras e Muribequinha. Seus principais açudes são: Palmeira, Mossaiba, Jangadinha, além da Barragem de Duas Unas.

 

Clima

O município tem o clima tropical, do tipo As´. Os verões são quentes e secos. Os invernos são amenos e úmidos, com o aumento de chuvas; as mínimas podem chegar a 15 °C. As primaveras são muito quentes e secas, com temperaturas que algumas ocasiões podem chegar aos 35 °C

 

Relevo

O município possui três tipos de relevo em seu território: as Planícies Costeiras, com trechos periódicos ou permanentemente inundados, com terraços marinhos com altitudes variando entre um e oito metros. Há, também, áreas com altitudes elevadas, podendo atingir mais de 100 metros na zona leste do município.

 

Vegetação

A cobertura vegetal nativa do município é a mata atlântica, composta por floresta perenefólia, floresta caducifólia e manguezal. Hoje resta menos de 3% da cobertura original. A atividade econômica relacionada à cana-de-açúcar foi o principal responsável pelo desmatamento.

Reserva florestal de Manassu

A reserva está localizada no Engenho Manassu e é uma das cinco áreas de reserva ecológica do município. A reserva constitui uma área de proteção integral, de acordo com o que diz um decreto estadual de 1987, que deveria estar sob a responsabilidade e proteção da Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos (CPRH). Devido ao impasse fundiária entre a Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o decreto ainda não foi validado. A reserva possui 264,24 hectares e é bastante rica em fauna e flora. A região da reserva é cortada pelos rios Manassu e Mussaíba, que nascem no município de São Lourenço da Mata e que são afluentes do rio Jaboatão. Eles encontram-se relativamente bem preservados.

Os impasses entre os dois órgãos citados atrapalham a fiscalização desse refúgio, que está, pouco a pouco, sendo destruído pela extração de madeira na época de festejos juninos. As principais espécies encontradas são: visgueiros, sucupiras, imbiribas, pau-ferro, urucuba, munguba, entre outras.

 

Solo

Os principais tipos de solos encontrados no município são: latossolo vermelho amarelo distrófico, podzólico vermelho amarelo, podzol hidromórfico, solos aluviais, areias quartzosas marinhas e solos indiscriminados de mangues.

 

Geologia

O município está incluído, geologicamente, na Província da Borborema, sendo constituído por complexo gnáissico-migmatítico, rochas plutônicas, grupo pernambuco (formação cabo), formação barreiras e depósitos quatemários.

 

Demografia

Jaboatão dos Guararapes é o segundo maior município de Pernambuco em população. Segundo a estimativa para 1 de julho de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sua população era de 697 636 habitantes, distribuídos numa área de 258,694 quilômetros quadrados, tendo, assim, uma densidade demográfica de 2 491,82 habitantes por quilômetro quadrado.
 

Religião

A cidade de Jaboatão dos Guararapes tem uma grande diversidade de igrejas e religiões. Na cidade, cerca de 44% são adeptos do catolicismo. Porém, também há uma grande porcentagem de evangélicos/protestantes na cidade (35,2%). Dentre as igrejas evangélicas, a Assembleia de Deus é a maior delas e possui o maior número de adeptos, 62 138. A Igreja Universal também está bem presente com 12 235 membros, a Congregação Cristã no Brasil com 8 315, a Igreja Batista com 8 236, e a igreja Deus é Amor com 6.944. Entre outros grupos cristãos sem relação com evangélicos/protestantes ou católicos, estão os de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que conta com cerca de 11647 membros, e as Testemunhas de Jeová com cerca de 15877. Também destaca-se a Igreja Batista Central do Jaboatão (IBCJ), que é a igreja independente com maior quantidade de membros, aproximadamente 6 000. Os Espíritas são cerca de 50 mil pessoas, e também há na cidade comunidades de Religiões Asiáticas (como Budismo e Hinduísmo), muçulmanos e Candomblecistas.

 
ECONOMIA

Segundo dados sobre o produto interno bruto dos municípios, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística referente ao ano de 2013, a soma das riquezas produzidos no município é de R$ 13 217 350 000,00 reais (o 2° maior do estado). Sendo o setor de serviços o mais representativo na economia jaboatonense, somando R$ 6 452 834 000,00 reais. Já os setores industrial e da agricultura representam R$ 2 409 224 000,00 reais e R$ 23 836 000,00 reais, respectivamente. O produto interno bruto per capita do município é de R$ 19 410,36 (o 8° maior do estado).

Serviços

Com um diversificado setor comercial que representa mais de 50% do produto interno bruto do município, a cidade apresenta grandes bairros comerciais como Cavaleiro, Jaboatão Centro, e Prazeres. No bairro de Piedade, encontra-se um dos maiores e mais movimentados shoppings de Pernambuco, o Shopping Guararapes. 

 

Indústria

Jaboatão localiza-se entre o Recife e o Porto de Suape: por isso, possui um importante distrito industrial. Estão instaladas, no município, fábricas como a da Coca-Cola, da Unilever, da Arno, da Basf e da Vitarella. Jaboatão também é um importante centro logístico, destacando-se o Centro de Distribuição da Rede Wal-Mart e a Nestlé, possui várias transportadoras entre elas a Rapidão Cometa. Jaboatão receberá a fábrica de Novartis, a empresa suíça que seria instalada no Polo Farmacoquímico e de Biotecnologia em Goiana (PE), vai ser instalada em Jaboatão dos Guararapes. A construção da fábrica de vacinas terá um investimento de 300 milhões de dólares estadunidenses (480 milhões de reais) e vai gerar cerca de 120 postos de trabalho.

 

CULTURA

Turismo

Possui grande infraestrutura Hoteleira, detém relevante patrimônio cultural, mas faltam políticas públicas para desenvolver a atividade turística.

Praias

Jaboatão tem três praias, sendo elas:

  • Barra de Jangada: sua extensão é de aproximadamente 400m em praia quebrada, é considerada regular para banho. Localizada entre a Praia de Candeias ao norte e a Praia do Paiva no Cabo de Santo Agostinho ao sul, suas águas são pouco profundas com média intensidade de ondas. Ainda em Barra de Jangada existe a Ilha do Amor, uma praia de vegetação intocada que fica próxima à costa ligada a Praia do Paiva por um istmo de terra.
  • Candeias: sua extensão é de aproximadamente 3 quilômetros em praia de trechos quebrados e trechos ondulados. Localizada entre a Praia de Piedade ao norte e a Praia de Barra de Jangada ao sul, Candeias é uma das praias mais bonitas da cidade, seu calçadão é bem localizado com áreas de esporte e lazer, conta com vários restaurantes em seu entorno.
  • Piedade: sua extensão é de aproximadamente 4,5 quilômetros de praia quebrada. Localizada entre a Praia de Boa Viagem, ao norte, e a Praia de Candeias, ao sul, com ondas de média densidade ocorrendo erosão em alguns trechos, é a praia mais procurada da cidade nos fins de semana. Em sua orla, encontram-se os melhores hotéis da cidade, além de boates, bares e restaurantes. Foi divulgado recentemente que sua orla passaria por grandes reformas.
 
Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora

Foi construída em 1660, possivelmente edificada como pagamento de promessa após a invasão holandesa. Em 1670 foi criada sua irmandade com rico patrimônio canônico. É uma capela maneirista que passou para a propriedade da Ordem dos Beneditinos, depois de sofrer reformas. Chama atenção o belo jardim que a circunda. Passou a condição de Paróquia em 2013, anteriormente fazendo parte da paróquia vizinha, Nossa Senhora das Candeias. Como paróquia, possui quatro comunidades: Nossa Senhora do Loreto, Nossa Senhora da Conceição, Divino Mestre e São Sebastião.

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Fica no povoado de Muribeca. Erguida no século XVII, durante a invasão holandesa, foi depredada e transformada em fortaleza. Em 1781, foi reconstruída pelo proprietário do Engenho Santo André, Felipe Campelo. A igreja destaca-se do conjunto por sua proporção e imponência.

 
Santuário Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora / Gruta de Nossa Senhora de Lourdes

O santuário foi construído em 1915, pelo padre italiano Antônio Villar, a pedido de Dom Bosco. Foi erguido sobre um monólito, no Antigo Engenho Suassuna. É de estilo romântico com forma externa bizantina e lá se encontra a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, com 4m de altura. O santuário está vinculado à Basílica de São Pedro, no Vaticano, e concede às pessoas que o visitam as mesmas indulgências da Basílica. Em 1918, deu-se a inauguração da escadaria de 52 degraus que leva à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, sobre a qual foi erguida a Igreja.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

No local mais antigo da cidade, há, hoje, uma praça. E é lá que foi erguida, no século XVII, a Igreja votiva à Nossa Senhora do Rosário, que possui lindos vitrais.

Igreja de Santo Amaro

Foi erguida em 1598, quando os proprietários do Engenho São João Batista doaram o terreno para sua construção. Em 1691, a igreja, já bastante avariada e distante do povoamento, foi transferida para o local atual. É uma das áreas mais elevadas da cidade, o que lhe confere posição de destaque.

Igreja de Nossa Senhora do Livramento

Construída no fim do século XVIII, tem o interior adornado por falsas janelas. Como a maioria das igrejas do município, é um atrativo urbano. 

 
Parabéns a todos os jaboatonenses!
 

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Fontes:

domingo, 16 de agosto de 2020

Batalha de Casa Forte


O combate de 17 de agosto de 1645, que ficou conhecido como a Batalha de Casa Forte, em alusão ao local onde foi travado, uma das mais notáveis vitórias pernambucanas contra o domínio holandês.

Após a derrota imposta ao exército holandês pelo Exército Patriota na Batalha das Tabocas no dia 3 de agosto de 1645, em Vitória de Santo Antão, a tropa batava, na sua marcha de volta ao Recife, acampou no engenho Casa Forte pertencente a Anna Paes.

No dia 16 de agosto, o comandante da tropa holandesa, Coronel Henrique Hous (Van Haus), enviou o Major Carlos Blaer com um destacamento para fazer uma revista nas casas do povoado da Várzea onde residiam as famílias de chefes revolucionários pernambucanos e prender suas mulheres.

A missão voltou no mesmo dia, com várias prisioneiras, entre as quais Isabel de Góis, mulher de Antônio Bezerra, Ana Bezerra, sogra de João Fernandes Vieira, e Maria Luisa de Oliveira, mulher de Amaro Lopes, que foram encarceradas na casa-grande do Engenho.

Comunicado o fato ao exército patriota, que se encontrava nas proximidades de Tejipió, os chefes João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, arregimentaram seus homens e partiram para socorrer as damas pernambucanas.

Marchando sob pesada chuva e enfrentando as más condições dos caminhos, conseguiram atravessar o rio Capibaribe, na altura do Cordeiro, até alcançar e cercar o engenho de Anna Paes, na manhã do dia 17 de agosto.

Pegos de surpresa pela fúria dos pernambucanos, os holandeses se refugiaram na casa-grande e colocaram as mulheres prisioneiras nas janelas que foram escancaradas.

O comandante da tropa pernambucana, interpretando o ato como um sinal de capitulação, ordenou um cessar fogo e enviou um oficial para negociar a rendição dos holandeses.

O emissário foi morto covardemente na frente da tropa, o que indignou a todos. Esquecendo que entre os inimigos estavam as mulheres dos chefes, os patriotas atacaram com ferocidade os holandeses e com sede de vingança atearam fogo na casa.

Cercado e sufocado pela fumaça, o comandante da tropa flamenga, Coronel Henrique Hous, empunhando uma bandeira branca e o cabo de uma arma, em sinal de rendição, capitulou junto com a sua tropa.

A derrota custou aos holandeses 37 mortos, muitos feridos e mais de 300 prisioneiros, além de grande quantidade de armamento, cavalos e víveres.

A perda na tropa pernambucana foi pequena, as reféns foram liberadas e os feridos levados para os engenhos de Apipucos e São João da Várzea.

Os prisioneiros holandeses foram enviados para a Bahia. O Coronel Henrique Hous partiu da Bahia para Portugal no dia 6 de fevereiro de 1646, chegando à Ilha Terceira onde foi encarcerado no castelo de São João até dia ida para Lisboa. Tendo se recusado a servir Portugal, foi enviado para a Holanda. Regressou depois a Pernambuco e foi morto na Batalha de Guararapes, em abril de 1648.


Fonte: CPOR/Recife

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Gripe espanhola: 100 anos da epidemia mais letal da história recente

Hospital militar de Emergência,no Kansas, Estados Unidos, durante uma pandemia de gripe Espanhola. Crédito: U.S Army (Crédito: U.S Army)
Hospital militar de Emergência,no Kansas, Estados Unidos, durante uma pandemia de gripe Espanhola. Crédito: U.S Army

Há 100 anos, o Recife parou. As escolas cancelaram as aulas. Os clubes derrubaram a agenda de programações. As igrejas suspenderam as missas. Nas ruas, não se via quase ninguém. Quem não estava agonizando em casa ou chorando as perdas repentinas, estava com medo. O mundo se abateu diante da pandemia mais letal de que se tem conhecimento na história recente: a gripe espanhola, responsável por contaminar um terço da população do planeta e matar 5% dela. Capaz de provocar mais mortes do que as que aconteceram em combate nas duas grandes guerras mundiais. Em um século, essa história provocou avanços na medicina, mas muitas lições não aprendidas ficaram pelo meio do caminho e podem ser determinantes para a gravidade de novos episódios como esse. 

No fim de agosto de 1918, os primeiros casos de gripe espanhola começaram a ser reportados no mundo. As pessoas apresentavam dores de cabeça, febre, calafrios, vomitavam sangue, tinham perturbações nos nervos cardíacos, infecções no intestino, nos pulmões e nas meninges. Primeiro foram Estados Unidos e Europa, em seguida a doença se alastrou para a Ásia e as Américas. Em setembro daquele ano, chegou ao Brasil com navios que aportavam em cidades portuárias como Salvador e Rio de Janeiro.

No Recife, a doença teria desembarcado com dois passageiros acometidos que estavam no vapor Piauhy no dia 24 de setembro, segundo notícia publicada no Pequeno Jornal e  recontada na dissertação “Recife, uma cidade doente: a gripe espanhola no espaço urbano recifense”, do historiador Alexandre Caetano Silva. “Em outubro, aconteceu o apogeu da gripe. A cidade parou, as pessoas não podiam sequer acompanhar os enterros dos parentes. Naquele mês, chegaram a morrer 100 pessoas por dia na cidade. Há relatos de que, à noite, os únicos sons ouvidos eram de tosse e do martelar dos caixões”, conta o pesquisador.

Em um mês, a gripe provocou 1,8 mil mortes que se têm conhecimento, 70% da mortalidade da cidade naquele mês. Estima-se, entretanto, que tenham sido pelo menos o dobro de vítimas. Cerca de 120 mil doentes, numa capital que tinha 220 mil pessoas. A gripe espanhola foi provocada pelo vírus da influenza H1N1, que se tornou famoso sobretudo depois da pandemia de 2009. E porque ele deixou esse rastro?

É que o vírus da gripe tem uma capacidade altíssima de recombinação e adaptação para burlar o sistema imune, explica o pesquisador do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CpqAM/Fiocruz) Lindomar Pena. Segundo ele, o “segredo” está no significado da sigla que nomeia o agente infeccioso. “O vírus da influenza tem vários tipos, A até D. O mais importante para os humanos, causador de todas as pandemias, é o A. Além disso, tem um genoma de oito segmentos e duas proteínas principais em sua ‘casca’: a neuroaminidase (N) e a hemaglutinina (H). O N tem 11 subtipos e o H 18 subtipos, que podem se recombinar.”

Até 2005, pouco se sabia, entretanto, mais detalhes que pudessem ter explicado tantas mortes. Parte das respostas vieram depois que o corpo de uma vítima foi recuperado no Alaska e o vírus foi “ressuscitado” em laboratório. “Descobriu-se que ele, por si só, é extremamente letal. Tem uma capacidade de infectar células de maneira eficiente e se espalhar pelo corpo”, explica Lindomar Pena. Isso, associado ao fato de que naquela época não existiam antibiótico, esquema de notificação ou vacina, muito menos hospitais suficientes para receber todos os doentes, contaram na soma da tragédia.

Do mesmo jeito que veio, a epidemia se foi e no fim de outubro de 1918 a vida cotidiana começou a se reorganizar nas cidades. No Recife, o episódio fomentou a consciência de caráter social para a atuação do estado nas políticas públicas de saúde. Depois dela, vieram outras três pandemias mundias de gripe, sem a mesma gravidade. Entre os especialistas, é unanimidade que uma próxima virá, mas não é possível prever quando. A dúvida é: a sociedade está mais preparada e alerta?

Vírus da gripe não deve ser subestimado

Aquela máxima de “é só uma gripe” deveria ser revista, dizem os especialistas. A influenza é, historicamente, subestimada de maneira errônea pela população. Não bastasse o fato de ser muito adaptável, o vírus tem como hospedeiros – o que os mantém na natureza – as aves aquáticas. Nela, ocorrem mutações que podem chegar a aves terrestres, suínos, humanos, mamíferos voadores, equinos e caninos. Não se pode erradicá-lo, apenas controlá-lo e tratá-lo. Por isso, dentro desse contexto, a vacina tem importância como fator de prevenção e, sobretudo, para evitar que os casos se agravem e levem à morte.

“O vírus pandêmico de 2009, por exemplo, tinha genes de aves, de humanos e de suínos, algo que até então não tinha acontecido”, explica Lindomar Pena. O vírus de 2009, inclusive, é como se fosse um “primo distante” do vírus de 1918. A última epidemia, diante desse caráter imprevisível, provocou uma mudança na forma de monitoramento da gripe. “Em 2012, percebeu-se que era importante não só monitorar a H1N1, mas os outros tipos. Ampliou-se a definição de caso e a notificação ficou mais sensível”, explica a gerente de Prevenção e Controle das Doenças Imunopreveníveis da SES-PE, Ana Antunes.

Em 2009, por exemplo, Pernambuco teve 200 casos de H1N1, com nove mortes. Atualmente, a vigilância da gripe é feita a partir da notificação de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRGA). Isso significa que os casos mais graves, de internamento, que apresentem sintomas de infecção respiratória, são notificados em todos os hospitais. Desses, se investiga se é gripe ou não. Em Pernambuco, há também quatro hospitais sentinelas para monitorar os casos leves. Além do monitoramento feito em UTIs sentinelas. Os dados que saem desse monitoramento anual servem para gerar informações de quais os tipos de vírus da gripe que estão circulando no ano vigente e ajudam a Organização Mundial da Saúde (OMS) a estimar quais circularão no ano seguinte.

Essa informação é fundamental para a produção da vacina. “Um tipo circula mais ou menos dois anos. Até 2009, só se vacinavam os idosos. Isso também mudou e foram incluídos outros grupos de risco, como imunossuprimidos, gestantes, crianças, profissionais de saúde”, lembra Ana Antunes. Tanto ela como Lindomar ressaltam que a vacina é segura, a despeito dos boatos. Neste ano, foram vacinadas 2,4 milhões de pessoas no estado. Pernambuco tem 98 casos de A(H1N1) confirmados, com 15 óbitos. “Neste ano, temos dois tipos de vírus, H1N1 e H3N2, circulando simultaneamente, o que pode influenciar para termos mais casos e óbitos do que no ano anterior. Também temos uma curva de Síndrome Respiratória maior. Em setembro, teremos uma reunião nacional com o Ministério da Saúde e vamos analisar esse quadro”, disse Ana Antunes.

Populações vulneráveis são principais acometidas em situação epidêmica até hoje

Na época em que a gripe espanhola chegou ao Recife, a cidade vivia um momento de transformação urbana. Influenciada pelas reformas urbanas dos países europeus, a capital pernambucana fazia desaparecer do seu centro históricos locais como a praia do Brum e a praça Santos Dumont para dar lugar a largas avenidas. Também nesse período, o município recebia uma massa formada por ex-trabalhadores da agricultura de exportação e ex-escravos. Quando a pandemia chegou, veio à tona o debate sobre a influência da baixa qualidade de moradia e de saneamento na disseminação da doença.

“Em nome do progresso, foram iniciadas reformas no Rio de Janeiro que basearam as mudanças no Bairro do Recife com a desculpa da modernização. A partir de 1911, houve a destruição dos imóveis indiferentes às demandas judiciais”, diz o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Carlos Miranda. As camadas mais carentes da sociedade foram as mais afetadas pela pandemia de gripe espanhola no Recife. Era pessoas que viviam em locais insalubres, com compartimentos mal divididos sem luz e iluminação, diz Alexandre Caetano, em sua pesquisa.

Vieram à tona nos jornais de oposição da época, como A Província, denúncias sobre os canais sujos da cidade, a proliferação de mosquitos, em detrimento do cuidado de limpeza com as ruas e avenidas centrais. Um século depois, o Recife ainda não deu conta dessa mudança e esses problemas ainda permanecem determinantes na forma como se espalham as doenças.

“Quando foram implantados os primeiros sistemas de água e esgoto no Brasil, as primeiras áreas atendidas foram os centros comerciais das cidades e as de população mais rica. O contexto brasileiro de iniquidade social, para além de suas características naturais de temperatura e umidade, determina socialmente a vulnerabilidade das populações mais pobres às emergências ou reemergências, e mesmo ao convívio, com a endemização de doenças”, explica o pesquisador André Monteiro, engenheiro sanitarista da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pequisador do Aggeu Magalhães.

Um exemplo disso foram as recentes epidemias de zika e chikungunya, lembra o pesquisador, cuja população mais atingida foi a que vive em áreas de morro e sem condições de saneamento. A doméstica Severina Silva, 54 anos, sofre até hoje com as dores da chikungunya. “Eu tive, minha filha também. Passei um mês de cama e meu joelho ainda dói. Por aqui, pouca coisa mudou. Quando chove, ainda alaga tudo, tem muito mosquito”, conta ela, que é moradora do bairro do Pilar, um dos que estavam sempre no topo do ranking de notificações entre 2015 e 2016, quando houve a epidemia.

O índice de cobertura de esgotamento sanitário no Recife é de 45%, diz a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Hoje, a cidade é uma das 15 incluídas no programa Cidade Saneada, uma parceria público-privada que pretende ampliar essa cobertura em 90% em 19 anos. O projeto já recuperou 150 unidades operacionais existentes. Bairros como Ipsep e Imbiribeira receberam o sistema. Estão em andamento obras nos Torrões. As próximas áreas contempladas serão Cordeiro, Arruda, Boa Viagem e Setúbal. Com a finalização dessas obras, a cobertura será ampliada para 55%. Nos próximos 10 anos, a meta é ampliar para 85%. 

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Governadores de Pernambuco de 2001 a 2015

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Jarbas de Andrade Vasconcelos (1999 a 2006)
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Jarbas de Andrade Vasconcelos (*1942), em 1º de janeiro de 1999, assumiu o cargo de governador de Pernambuco, sendo reeleito em 2002. Em 31 de março de 2006, afastou-se do cargo de governador para concorrer a uma vaga no Senado. Entre os destaques de sua gestão à frente de Pernambuco estão os investimentos no Complexo Portuário de Suape e no Porto Digital. Além disso, teve como base um governo voltado para um planejamento descentralizado, alcançando todo o Estado, com o programa “Governo nos Municípios” e do projeto Renascer, de combate à pobreza rural. Foi no governo peemedebista que empreendimentos como a Refinaria Abreu e Lima, Estaleiro Hemisfério Sul e Polo de Poliéster foram viabilizados.

José Mendonça Bezerra Filho (2006)
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José Mendonça Bezerra Filho (*1966), em 1998, disputou o governo de Pernambuco como vice na chapa encabeçada por Jarbas Vasconcelos (PMDB). Os dois foram reeleitos em 2002 para mais um mandato, sendo Mendonça Filho um dos principais articuladores do processo de privatização da Celpe. Com a saída de Jarbas Vasconcelos do Governo para disputar a eleição para senador, Mendonça Filho assumiu o cargo de governador e na sua gestão, entre outras ações, estão o Universidade Democrática, que garantiu gratuitamente o acesso de jovens da rede pública estadual à Universidade de Pernambuco; o Jovem Campeão, com construção de quadras poliesportivas nas escolas da rede estadual; e o Ação Integrada pela Segurança, para promover a juventude, estimular a cidadania e aumentar a segurança no Estado com um conjunto de ações de prevenção e repressão policial.

Eduardo Henrique Accioly Campos (2007 a 2014)
O estilo, a trajetória e as controvérsias de Eduardo Campos - ÉPOCA |  Eleições


Eduardo Henrique Accioly Campos (*1965 +2014) foi eleito, em 2006, governador de Pernambuco e reeleito em 2010 para o segundo mandato. As principais plataformas de sua gestão foram o desenvolvimento econômico, segurança pública, qualificação profissional e saúde.

Mas o governo empreendeu ações nas mais diversas áreas, como a implantação de um grande conjunto de obras hídricas no Estado. Além disso, 1,5 milhões de pessoas saíram do racionamento; a Compesa foi modernizada e aumentou 18 vezes a captação de recursos; foram investidos R$ 350 milhões na recuperação de mais de 500 escolas; criadas 147 novas escolas de referência de Ensino Médio de Tempo semi-integral; 26 mil professores ganharam notebooks; e o Funcultura foi beneficiado com 500% a mais em recursos; o valor da energia elétrica foi reduzido em 10% nas contas para famílias de baixa renda; com ajuda do PAC - o Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, o governo entregou 25 mil novas moradias; foram entregues mais de 50 mil escrituras definitivas de casas populares e, com o Prometrópole, 1.493 casas foram entregues; para ampliar o acesso à cidadania e a promoção da igualdade aos grupos excluídos e proteção social para a população mais carente e em situação de risco social, o Programa Chapéu de Palha chegou a 52 municípios; promessas da primeira campanha, foram entregues à população as unidades hospitalares Dom Helder Câmara (Cabo) Miguel Arraes (Paulista) e Pelópidas Silveira (Recife) - juntas, as unidades possibilitaram o incremento de 500 novos leitos no Estado.

Além disso, o Governo do Estado investiu na construção de 14 Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, com capacidades para 500 atendimentos diários, em regime de 24h; o governo empreendeu ações pró-ativas para facilitar o acesso aos empregos gerados com o desenvolvimento, além de investir em qualificação da mão de obra e programas de proteção contra o desemprego temporário; obras rodoviárias que dão acesso aos municípios mais isolados foram implementadas, 12 estradas estaduais finalizadas e 24 em conclusão, já as rodovias federais: BR-104, BR-408, BR-101 e BR-232 (trecho Caruaru - São Caetano) foram duplicadas, entre outras; o governo empreendeu ações pró-ativas para facilitar o acesso aos empregos gerados com o desenvolvimento.

No Governo Eduardo Campos, Pernambuco ganhou mais 157 mil novos empregos; além de atrair investimentos para o Estado, o governo propiciou a qualificação da mão de obra e criou programas de proteção contra o desemprego temporário.

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, vítima de acidente aéreo, acompanhado de alguns assessores.

João Soares Lyra Neto (2014)
João Lyra diz que prévias nacionais do PSDB irão definir candidatura de  Raquel ao governo

João Soares Lyra Neto(*1947) foi eleito ao lado de Eduardo Campos, assumiu a Vice-Governadoria em 2007. No início da gestão, coordenou três áreas estratégicas: Saúde, Educação e Segurança. Em 2008, comandou a Secretaria de Saúde, ficando à frente do processo de mudança de gestão da pasta em Pernambuco. 

Com a desincompatibilização de Eduardo Campos para disputar a Presidência da República em 2014, João Lyra assumiu o Governo do Estado.

Paulo Henrique Saraiva Câmara (2015 - 2022)
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Paulo Henrique Saraiva Câmara (*1972) é um economista e político brasileiro. É o atual governador do estado de Pernambuco. Em 2014, foi eleito governador de Pernambuco no primeiro turno, com 68% dos votos, sendo o candidato a governador mais bem-votado do país naquela eleição. Paulo Câmara foi empossado no cargo de governador em 1º de janeiro de 2015.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Processo Político em Pernambuco (2001-2015)

Eleições estaduais em Pernambuco em 1998

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Miguel Arraes (PSB) X Jarbas Vasconcelos (PMDB)

As eleições estaduais de Pernambuco em 1998 ocorreram no dia 4 de outubro como parte das eleições gerais em 26 estados e no Distrito Federal. Foram eleitos o governador Jarbas Vasconcelos, o vice-governador Mendonça Filho, o senador José Jorge, 25 deputados federais e 49 estaduais. A eleição foi decidida em primeiro turno, pois o candidato vencedor obteve mais da metade dos votos válidos.

Na disputa pela presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, venceu Luís Inácio Lula da Silva, do PT, por expressiva vantagem de votos (1.637.394, contra 890.971), garantindo sua reeleição logo no primeiro turno.

Na disputa estadual, o ex-prefeito do Recife, Jarbas Vasconcelos, do PMDB, superou o então governador e candidato à reeleição Miguel Arraes, do PSB, também com destacada votação (1.809.792, contra 744.280 pró-Arraes), vencendo o pleito também já no primeiro turno.

Para a vaga no Senado Federal, José Jorge, do PFL, foi o candidato mais votado, recebendo 1.460.835 votos.


Eleições estaduais em Pernambuco em 2002

Humberto Costa (PT) X Jarbas Vasconcelos (PMDB)

As eleições estaduais de Pernambuco em 2002 aconteceram em 6 de outubro como parte das eleições em 26 estados e no Distrito Federal. Foram escolhidos o governador Jarbas Vasconcelos, o vice-governador Mendonça Filho, os senadores Marco Maciel e Sérgio Guerra, 25 deputados federais e 48 estaduais. Como o eleito obteve mais da metade dos votos válidos, a eleição foi decidida em primeiro turno.

Na disputa pela presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu José Serra (PSDB) por larga vantagem (1.657.476 votos, contra 1.015.496 do representante tucano), insuficiente, porém, para decidir o pleito já em primeiro turno. No segundo turno, mais uma vitória do candidato do PT, que obteve 2.198.673 votos, enquanto Serra angariou 1.654.132 sufrágios.

Para o governo do estado, Jarbas Vasconcelos, do PMDB, garantiu sua reeleição ainda no primeiro turno ao bater o candidato do PT, Humberto Costa, por larga vantagem (2.064.184 votos, contra 1.165.531 do petista).

Para as duas vagas do Senado Federal, Marco Maciel, do PFL, e Sérgio Guerra, do PSDB, foram eleitos.


Eleições estaduais em Pernambuco em 2006
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Em 2006, Mendonça Filho (PFL) era rival de Eduardo Campos (PSB), mas em 2014 eles tornaram-se aliados.

As eleições estaduais em Pernambuco em 2006 ocorreram no dia 1º de outubro, como parte das eleições gerais no Distrito Federal e em 26 estados brasileiros. Mendonça Filho (PFL) foi o 1º colocado no primeiro turno com 39,2% (1.578.001 votos), mas não conseguiu impedir o segundo turno e teve como rival o neto do ex-governador Miguel Arraes, Eduardo Campos (PSB) que obteve 33,81% (1.356.950 votos). Jarbas Vasconcelos foi eleito senador com 56,14% (2.031.261 votos), além de 25 deputados federais e 49 estaduais.

No segundo turno, que aconteceu em 29 de outubro, Eduardo Campos conseguiu reverter o placar e obteve 2.623.297 votos (65,36%). Já Mendonça obteve 1.390.273 votos (34,64%), menos que no primeiro turno.


Eleições estaduais em Pernambuco em 2010

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Eduardo Campos (PSB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB): de rivais históricos a grandes aliados 

As eleições estaduais em Pernambuco em 2010 foram realizadas em 3 de outubro, como parte das eleições gerais no Brasil. Nesta ocasião, foram realizadas eleições em todos os 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Os cidadãos aptos a votar elegeram o Presidente da República, o Governador e dois Senadores por estado, além de deputados estaduais e federais. Como nenhum dos candidatos à presidencia e alguns à governador não obtiveram mais da metade do votos válidos, um segundo turno foi realizado no dia 31 de outubro. Não houve segundo turno para governador em Pernambuco. Na eleição presidencial o segundo turno foi entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) com a vitória de Dilma. Segundo a Constituição Federal, o Presidente e os Governadores são eleitos diretamente para um mandato de quatro anos, com um limite de dois mandatos. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode ser reeleito, uma vez que se elegeu duas vezes, em 2002 e 2006. Já o Governador Eduardo Campos (PSB), eleito em 2006, candidatou-se à reeleição e venceu-a com 3.450.874 votos (82,84%). O segundo colocado foi o seu rival histórico, o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) que em 1998 venceu Miguel Arraes, avô de Eduardo, o impedindo de se reeleger. Jarbas obteve apenas 585.724 votos (14,06%). Já nas eleições seguintes, Eduardo e Jarbas tornaram-se importantes aliados.

Dez candidatos disputaram duas vagas no Senado, dos quais se elegeram Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT).

Pelo estado do Pernambuco foram eleitos vinte e cinco (25) deputados federais e quarenta e nove (49) deputados estaduais.


Eleições estaduais em Pernambuco em 2014
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Armando Monteiro (PTB) X Paulo Câmara (PSB)

As eleições estaduais de Pernambuco, em 2014, foram realizadas em 05 de outubro (1º turno) e 26 de outubro (2º turno), como parte das eleições gerais no Brasil. Os eleitores aptos a votar elegeram o Presidente da República, governador do Estado e um senador da República, além de deputados federais e estaduais. Os principais candidatos a governador foram o senador Armando Monteiro (PTB) e Paulo Câmara (PSB). O candidato Paulo Câmara, do PSB, venceu as eleições com 68,08% dos votos válidos, o que corresponde a 3.009.087 votos, e o candidato Armando Monteiro, do PTB, ficou na segunda posição com 31,07% dos votos válidos, o que corresponde a 1.373.237 votos. Já para o Senado, os principais candidatos foram Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o ex-prefeito da Cidade do Recife, João Paulo (PT). Fernando Bezerra Coelho foi eleito senador com 64,34% dos votos válidos, o que corresponde a 2.655.912 votos. João Paulo ficou em segundo lugar com 34.80%, o que corresponde a 1.436.692 de votos.

A campanha de 2014 foi marcada pela tragédia que matou o ex-governador e então candidato a presidência da República, Eduardo Campos (PSB). Sua morte influenciou diretamente o cenário político estadual e nacional.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Agamenon Magalhães, o poderoso “China Gordo”

Ele foi ministro do Trabalho e da Justiça no governo provisório pós Revolução de 1930, e interventor em Pernambuco durante o Estado Novo, apoiando e imitando Vargas.

Em 1937, Getúlio Vargas era o presidente provisório do Brasil, devendo ocupar esse posto até o ano seguinte, quando haveria eleições. Mas, como a turbulência política, então, era grande, ele aproveitou-se se dela para dar um golpe e implantar o “Estado Novo” — uma ditadura que, sob vários aspectos, assemelhava-se ao regime fascista de Benito Mussolini, na Itália.
Já o pernambucano Agamenon Magalhães, que era seu braço direito, ocupando dois ministérios, voltou para sua terra como interventor. E pôs em prática, aqui, um estilo de governo tão próprio que foi chamado de “agamenonismo”…
RÁPIDA ASCENSÃO
Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães nasceu em 1893, em Serra Talhada, no sertão pernambucano, numa família de políticos. Foi promotor público e professor de Geografia até se eleger deputado estadual, em 1924; e, em seguida, federal, pelo Partido Republicano Democrata, que era governista. Em 1929, porém, foi para a oposição, aderindo à Aliança Liberal.
Formada por operários, militares e intelectuais de classe média, além de alguns dissidentes das elites, aquela organização pretendia transformar um país arcaico, controlado pelos fazendeiros de café e submisso aos interesses estrangeiros, num país moderno, industrializado e autônomo. E tendo sido derrotada nas eleições presidenciais de 1929, quando lançou o gaúcho Getúlio Vargas contra o paulista Júlio Prestes, chegou ao poder pelas armas na Revolução 1930, pondo fim à “República Velha”, proclamada em 1889.
Agamenon elegeu-se, então, deputado por Pernambuco à Assembleia Nacional Constituinte, convocada em 1933. Já no ano seguinte assumiu o comando do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tão importante que foi chamado por Lindolfo Collor, o primeiro titular da pasta, de “o Ministério da Revolução”. E em 1937 acumulou, ainda, o posto de ministro da Justiça, tornando-se o segundo homem mais poderoso do Brasil.

Trabalhismo

Até 1930, os trabalhadores tinham suas reivindicações geralmente ignoradas, ou então respondidas à bala pelo governo e os patrões. Vargas, porém, lhes concedeu muitos benefícios, fazendo dos sindicatos, em troca, “correias de transmissão” do seu governo. Como ministro do Trabalho, Agamenon promoveu intervenções em vários sindicatos, mas fiscalizou o cumprimento das novas leis, criou o seguro por acidente de trabalho, a indenização por demissão sem justa causa, e acelerou a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões. A CLT, decretada por Vargas no dia 1º de maio de 1943, “consolidaria” essas conquistas.

MODELO VARGUISTA
O “nacionalismo econômico” varguista, também defendido por Agamenon, propunha a modernização do País através de uma forte intervenção governamental. Mas, para pô-lo em prática, era preciso tanto o apoio da burguesia quanto da classe operária. E para conquistar os trabalhadores Vargas lhes concedeu direitos que nunca tiveram antes, como carteira profissional, regulamentação das jornadas de trabalho, regulamentação do emprego das mulheres e dos menores etc. etc. Também criou os ministérios da Educação e da Saúde, a Justiça Eleitoral, o voto secreto e o voto das mulheres, por tudo isso ganhando o apelido de “Pai dos Pobres”. Em troca, exigiu que os sindicatos se submetessem ao controle do Estado, tal como na Itália fascista, além de reprimir duramente a oposição.
Esse modelo, é claro, não agradava aos comunistas nem aos democratas em geral. E eles se organizaram numa frente popular — a Aliança Libertadora Nacional — que fez uma tentativa fracassada de assalto ao poder pelas armas, em 1935.
A “Intentona Comunista”, como aquela ação foi apelidada, serviu para Vargas aumentar ainda mais a repressão. Mesmo assim, temendo ser derrotado nas eleições de 1938, ele mandou espalhar que os vermelhos estariam pondo em prática um plano chamado “Cohen”, visando a implantação do socialismo no Brasil. E com essa desculpa esfarrapada, deu o golpe.
No dia 10 de novembro de 1937, o gaúcho anunciou pelo rádio que estava promulgando uma nova constituição. Encomendada ao jurista Francisco Campos, o “Chico Ciência”, essa carta — logo apelidada de “polaca” — determinava a extinção da Justiça Eleitoral, dos partidos políticos, e estabelecia eleições indiretas para a Presidência da República, com mandatos de seis anos.
Agamenon, fiel seguidor de Vargas, foi nomeado, então, interventor em Pernambuco, substituindo um antigo aliado, o governador Carlos Lima Cavalcanti, que vinha flertando com a oposição. Ele voltou à sua terra anunciando que trazia consigo “a emoção do Estado Novo” — ou seja, o espírito do regime autoritário recém-implantado. E falava a verdade.
O “agamenonismo” foi uma cópia regional do populismo varguista, buscando uma falsa paz social e a unanimidade a qualquer custo. Para isso, o interventor não economizou na repressão aos adversários, assim como na perseguição às prostitutas, aos homossexuais, às religiões afro-brasileiras etc. E ainda caprichou no culto à sua própria figura, tal como seu líder se fazia cultuar, nacionalmente. Mas também combateu o cangaço, fez obras contra as secas e construiu moradias populares, beneficiando as populações mais pobres.
Aí, veio a Segunda Guerra Mundial, na qual o Brasil se aliou aos Estados Unidos. E o Estado Novo não resistiu à derrota do nazifacismo na Europa.

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Agamenon Magalhães

Duas leis históricas com seu nome e apelido

Em janeiro de 1945, o pernambucano foi novamente convocado por Vargas para o Ministério da Justiça — mas, desta vez, para democratizar o País, não para implantar uma ditadura, como em 1937. E ele re-estabeleceu as eleições diretas para a presidência — com participação, inclusive, do Partido Comunista —, através da chamada “Lei Agamenon”.
Paralelamente, criou uma legislação “antitruste”, regulamentando as operações das grandes empresas e do capital internacional no Brasil, que não foi tão bem recebida quanto a primeira.
Apelidada pelo jornalista Assis Chateaubriand de “Lei Malaia”, em referência ao apelido de “China Gordo”, que Agamenon ganhara em Pernambuco, ela mexia com interesses muito poderosos e provocou uma enorme reação, apressando a saída de Vargas, em outubro de 1945.
Promulgada em junho de 1945, essa lei visava reprimir abusos do poder econômico estabelecendo regras para fusões e aquisições em setores como o bancário, elétrico e das comunicações. Também criava a Comissão Administrativa de Defesa Econômica (Cade), e foi violentamente atacada pelos sindicatos patronais do comércio, da indústria e da agropecuária. Os Estados Unidos também se queixaram de discriminação contra empresas estrangeiras e a imprensa caiu de pau sobre ela. O Diário de Pernambuco, por exemplo — que pertencia, então, a Assis Chateubriand —, classificou-a de “nazista” e contrária à propriedade privada; e a “Malaia” foi, de fato, mais uma lei imposta “na marra” pelo Estado Novo. Por outro lado, cumpriu um papel fundamental, colocando o problema dos “trustes” e dos “cartéis” em debate no País.
A carreira política do “China”, porém, foi em frente. Ele se passou a chefiar a seção pernambucana do Partido Social Democrático (PSD), criado por Vargas, em 1945. Por essa agremiação elegeu-se deputado à nova assembleia constituinte, convocada naquele ano, alinhando-se entre os defensores da intervenção estatal na economia. E para o governo de Pernambuco lançou a candidatura de Barbosa Lima Sobrinho, também vitoriosa, numa eleição disputada ao modo da “República Velha”, ou seja, com muitas fraudes e violência.
Em 1950, porém, a criatura rebelou-se contra o criador. Getúlio Vargas saiu candidato à presidência pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas Agamenon apoiou Cristiano Machado, do seu PSD. E lançou sua própria candidatura ao governo estadual contra João Cleofas, da União Democrática Nacional (UDN), apoiado por Vargas.
No Brasil, ganhou o “Pai dos Pobres”. Mas em Pernambuco deu o “China Gordo”.
O mandato de Agamenon como governador democraticamente eleito, porém, durou pouco. Ele morreu subitamente no dia 24 de agosto de 1952 — a mesma data fatídica na qual Vargas se suicidaria, dois anos depois. E hoje dá nome a um hospital público no Recife e a uma importante avenida que liga esta cidade a Olinda, além de outras vias pelo País afora.

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Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (ETEPAM)
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Hospital Agamenon Magalhães (HAM)
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Avenida Agamenon Magalhães