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Hoje na História: 04/09/1875 - Saiba o que foi o Motim das Mulheres de Rio Grande do Norte

 


Em 04 de setembro de 1875, ocorria em Mossoró, no Rio Grande do Norte, O Motim das Mulheres. Cerca de 130 donas de casa saíram em passeata pelas ruas da cidade protestando contra a obrigatoriedade do alistamento militar.

A história começa com a regulamentação do recrutamento do Exército e Armada pelo gabinete do Visconde do Rio Branco, durante o reinado de Dom Pedro Segundo.

A decisão não foi bem recebida na Província do Rio Grande do Norte, onde várias comunidades se organizaram em sinal de protesto.

O povo dizia que a regulamentação seria usada pelos chefes políticos da época para recrutar os filhos dos adversários, como estava sendo feito em Mossoró.

O movimento foi liderado por Dona Anna Floriano, Dona Maria Filgueira e Dona Joaquina Maria de Góis, esposas de políticos e autoridades de Mossoró.

Revoltadas com as denúncias de manipulação política, elas iniciaram a manifestação e o motim tomou as ruas da cidade.

Munidas de utensílios domésticos como panelas, frigideiras, conchas e colheres de pau, as mulheres foram até a Igreja Matriz de Santa Luzia e rasgaram os editais fixados no quadro de avisos. Em seguida, se dirigiram à casa do escrivão do juiz de Paz e tomaram e rasgaram o livro e os papéis relativos ao alistamento.

Não satisfeitas, foram até a redação do Jornal “O Mossoroense” e destruíram os editais que seriam publicados no dia seguinte.

As mulheres partiram então para a Praça da Liberdade, onde entraram em choque corporal com um grupo de soldados da Força Pública que ali estava para dominar a rebelião.

Algumas mulheres ficaram feridas e o protesto não se agravou mais graças à interferência de populares que acabaram com a confusão.

Logo após o movimento, o juiz de Direito, João Antônio Rodrigues, comunicou o fato ao presidente da Província, João Bernardo Galvão Alcanforado Júnior, que mandou instaurar um inquérito para apurar o ocorrido. O processo desapareceu do arquivo do Departamento de Segurança Pública.

Segundo o historiador Vingt-un Rosado o episódio de Mossoró não foi um caso isolado, tendo ocorrido semelhante manifestação em outros pontos da Província.

O que diferenciou o movimento de Mossoró dos demais foi o fato de ter sido organizado e executado apenas por mulheres, por amor aos seus filhos.

 

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Hoje na História: 04/09/1850 - Promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proíbe definitivamente o tráfico negreiro para o Brasil.

 


Há 173 anos foi criada a Lei Eusébio de Queirós, também conhecida como  ou Lei Ato Adicional. Uma legislação brasileira promulgada em 4 de setembro de 1850, que recebeu esse nome em homenagem ao seu autor, o deputado Eusébio de Queirós.

Essa lei teve como objetivo principal a proibição do tráfico negro no Brasil, ou seja, a importação de africanos como escravos. Ela representou um dos marcos da história do país, pois gradualmente contribuiu com o fim desse comércio, embora a escravidão tenha persistido no Brasil até mesmo após assinatura da Lei Áurea, em 1888.

Uma das medidas tomadas no contexto do movimento abolicionista no Brasil, que buscava a libertação dos escravos e a abolição da escravidão no país. Ela teve como consequências a diminuição gradual da população escrava no Brasil, à medida que o tráfico negreiro foi desestimulado e reprimido.

Determinando a punição das pessoas envolvidas nesse crime e estabeleceu que os escravizados apreendidos devessem ser reexportados para os terminais de origem ou para qualquer outro ponto fora do Império.

Nos casos onde não fosse possível a reexportação, os africanos seriam empregados em trabalho sob a tutela do governo, não sendo em nenhum caso os seus serviços concedidos a particulares.

Com a extinção do tráfico, a solução encontrada para o problema da mão-de-obra foi o comércio interprovincial, que abastecia o sudeste produtor de café, num momento em que as tradicionais lavouras nordestinas encontravam-se em crise.

Além disso, o governo passou a estimular a vinda de imigrantes europeus para trabalhar nas plantações, ao mesmo tempo em que reorganizou a política de acesso à terra, com a chamada Lei de Terras, de 1850.

É importante notar que a abolição da escravidão no Brasil foi um processo complexo que envolveu várias etapas, incluindo a Lei Eusébio de Queirós, a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885), antes da promulgação da Lei Áurea em 1888 , que decretou o fim oficial da escravidão no país.

Afinal, a Lei n.º 581/1850 foi de fato executada?

Historiadores criticam que a Lei Eusébio de Queirós n.º 581/1850, foi abertamente ignorada, e o tráfico negreiro continuou extremamente ativo no Brasil. Houve certa ação da lei contra o tráfico entre 1831 e 1832, mas, a partir de 1833, a atividade ganhou força e seguiu bastante ativa até 1845.

Essa lei tinha como objetivo garantir a proibição do tráfico negreiro ao mesmo tempo em que garantiria que os escravos que foram trazidos ao país entre 1831 e 1845 fossem mantidos como escravos, porém na pratica não ocorreu como planejado.

Nesse período também, houve até movimentação política para que a Lei Feijó fosse revogada. Além disso, o governo ignorava os navios negreiros que chegavam ao Brasil, carregados de africanos.

Vale dizer que Eusébio de Queirós (o idealizador da Lei)  era uma figura problemática, uma vez que, como chefe de polícia, cargo que ocupou entre 1833 e 1844, ficou conhecido por negligenciar os navios negreiros que desembarcavam no Rio de Janeiro.

A vida após a escravidão, não foi nada fácil, a transição da escravidão para a liberdade trouxe uma série de desafios econômicos, raciais, sociais e políticos.

Muitos ex-escravizados enfrentam dificuldades econômicas significativas após a emancipação. Eles frequentemente careciam de recursos e propriedades e não tinham acesso a empregos remunerados. Muitos acabaram trabalhando nas mesmas plantações ou em condições de trabalho semelhantes às da escravidão, mas agora como trabalhadores assalariados.

Ao longo do tempo, houve avanços inovadores na luta pela igualdade de direitos e oportunidades para os afrodescendentes em muitos países. No entanto, desafios persistentes, como o racismo institucional e a desigualdade econômica, continuam a ser questões importantes a serem enfrentadas.

Apesar das dificuldades, as comunidades negras continuaram a preservar e celebrar sua cultura e identidade. Isso incluía a música, a religião, a culinária e outras tradições que desempenharam um papel fundamental na formação da cultura afrodescendente.

Imagem: 
Título: Le diner. Les dèlassemens d’une aprés
Data: 1835 - 1835
Dimensões físicas: w31 x h49 cm
Designer; Lithographer: Jean Baptiste Debret (del.); Thierry Frères (lith.)
Procedência: Museu Imperial/Ibram/Minc
Tipo: litografia
Acervo: Museu Imperial/Ibram-MinC

 

FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES / GOVERNO FEDERAL

 

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Quem foram os bandeirantes?

 


Entre os séculos 16 e 7, os bandeirantes atuaram na captura de escravos fugitivos, no aprisionamento de índios e na procura de pedras e metais preciosos.

Eles desbravaram o interior do Brasil, partindo, especialmente, das vilas de São Paulo e São Vicente. Estavam sempre armados e eram violentos: nas primeiras três décadas do século 17, mataram ou escravizaram cerca de 300 mil índios, destruindo mais de 50 missões organizadas por padres jesuítas.

Esses homens transformaram São Paulo em um dos maiores centros de escravagismo indígena de todo o continente. E escolheram a cidade paulista por dois motivos: ela ficava no centro das rotas para o sertão e perto dos índios carijós (do litoral) e guaranis (do Paraguai).

As expedições organizadas pelos bandeirantes eram chamadas de bandeiras — o nome nasceu do costume europeu de levantar uma bandeira em sinal de guerra. No início, tinham como objetivo apenas a captura de índios para que trabalhassem em plantações. Os homens seguiam o curso dos rios, abrindo trilhas. Somente após o século 17 é que as bandeiras passaram também a procurar ouro e pedras preciosas – mas, a essa altura, muitos índios já haviam morrido.

 

Saiba quem foram os principais bandeirantes brasileiros!

Antonio Raposo Tavares (1598-1658): foi o maior caçador de escravos no tempo em que viveu (capturou 117 pessoas). Natural de Alentejo (Portugal), chegou ao Brasil com 20 anos. Em 1627, organizou a primeira bandeira contra Guairá, na região sul do país.

Fernão Dias Pais (1608-1681): em busca de metais preciosos, comandou uma expedição, entre 1647 e 1681, pelo interior mineiro. O bandeirante encontrou apenas turmalinas (pedras preciosas de variadas cores) e morreu durante a viagem.

Domingos Jorge Velho (1641-1705): não falava português, mas era fluente em tupi-guarani. Foi contratado pelo governo para destruir o quilombo dos Palmares (saiba mais no capítulo 8), em uma bandeira que começou no início de 1694 e levou quase um ano para terminar.

 

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30 de Abril: Dia do Ferroviário

 


No dia 30 de abril se comemora o Dia do Ferroviário. Nesta data as empresas do setor costumam render homenagens aos seus funcionários e colaboradores.

Mas você sabe por que o dia 30 de abril foi escolhido para homenagear os ferroviários?

O Dia do Ferroviário é comemorado como memorial da inauguração da primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Petropolis, também conhecida como Estrada de Ferro Mauá. A ferrovia foi inaugurada em 30 de abril de 1854 por Irineu Evangelista de Souza na época do Brasil Império. O país foi um dos primeiros no mundo a receber o sistema ferroviário.

A ferrovia pioneira não teve longo período de operação e logo foi vendida para outra empresa que realizou investimentos importantes como a subida da Serra de Petrópolis. Nos anos 60, após diversas mudanças operacionais, a empresa então operadora, Estrada de Ferro Leopoldina, resolveu suprimir o trecho pioneiro.

Entretanto, o sucesso do modo ferroviário no Brasil pode ser atestado não só por sua abrangência, mas pela formação de grandes e médias cidades no interior do país. No local da primeira estação ferroviária está construída uma edificação datada de 1896, mas que possui seu valor histórico.

O Dia do Ferroviário é, portanto, um memorial da primeira ferrovia operacional do Brasil. Apesar do primeiro trecho estar desativado, as diversas linhas espalhadas pelo Brasil que atuam no transporte de passageiros e cargas, demonstram o papel relevante dos trilhos na ligação entre várias regiões.

Apesar da importância do transporte ferroviário, o setor ainda enfrenta muitos desafios no Brasil. A infraestrutura ferroviária do país precisa ser modernizada e ampliada, para que mais empresas possam usar esse meio de transporte e aumentar a competitividade do país. Além disso, é preciso investir em tecnologia e capacitação dos ferroviários, para que eles possam operar os trens com mais segurança e eficiência.

Por isso, o dia do ferroviário é uma oportunidade para refletir sobre a importância do transporte ferroviário para o país e para a vida dos brasileiros. É também uma oportunidade para agradecer e homenagear os trabalhadores que se dedicam a esse setor tão importante. A dedicação, a coragem e o profissionalismo dos ferroviários merecem nosso reconhecimento e nossa admiração.

Parabéns aos Ferroviários pelo seu dia!

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Qual foi a primeira ferrovia brasileira?

 


No século XIX foi construída a primeira ferrovia do Brasil, enquanto o país ainda estava sob o regime imperial.

Um projeto de sucesso, responsável pela construção da Estrada de Mauá, que ficava no estado do Rio de Janeiro, capital do país na época.

O responsável por essa grande empreitada foi Irineu Evangelista de Sousa, conhecido como o famoso Barão de Mauá. Ele era um grande empresário industrial, banqueiro e investidor brasileiro, e teve um papel muito importante para o investimento e exploração da ideia de construção da primeira ferrovia do Brasil, que posteriormente teve a alcunha concedida a ele, no nome da ferrovia.

Assim nasceu a primeira ferrovia do Brasil, inaugurada pelo Barão de Mauá e com o apoio do Imperador Dom Pedro II, no dia 30 de abril de 1854.

Motivos pelos quais nasceu a primeira ferrovia do Brasil

Muitos foram os motivos para construir a primeira ferrovia do Brasil. Logo após as várias nações do mundo construírem suas ferrovias, o Brasil sentiu a necessidade de se adaptar às grandes inovações que cresciam a cada dia, se alinhado aos países de primeiro mundo.

Lógico que um país como o Brasil, com uma dimensão imensa, precisava, na época, ligar os territórios nacionais, mas isso teria que acontecer de uma forma muito bem estudada e bem investida. O primeiro passo era o mais importante! Por isso a construção da Estrada de Ferro Mauá, a primeira ferrovia do Brasil, foi fundamental.

No século XIX, o regime imperial começava a perder forças importantes para o país – a exportação e importação eram a base do sistema e seria essencial que essa base fosse mantida, junto com o desenvolvimento produtivo interno.

Como na época o Brasil era um dos principais produtores de café, o meio utilizado para importar e exportar os grãos eram os navios, que viviam num fluxo constante e vinham, principalmente, de Portugal.

Esse foi um dos principais motivos pelo qual era tão essencial melhorar e explorar as produções cafeeiras, adaptando-se a modelos de modernidade, aperfeiçoando o abastecimento do produto e o fluxo entre municípios e pessoas. Assim nascia a Estrada de Ferro Mauá!

Essa foi a abertura para uma era de crescimento. Logo após sua construção, novas ferrovias foram ganhando forma, resultando num aumento significativo da produtividade e, principalmente, da comercialização do café e vários outros produtos.

Trajeto da Estrada de Ferro Mauá

A Estrada de Ferro de Mauá tinha uma extensão de aproximadamente 14,5 km, que ligava o Porto de Mauá a Fragoso (RJ), que nos dias de hoje corresponde a um bairro do município de Magé.

Sua principal função era abastecer os trens com as cargas que chegavam dos portos e garantir que chegassem aos municípios pela ferrovia. Com o passar do tempo, o trajeto aumentou, passando dos 15 km.

É sempre muito importante o surgimento de novidades, principalmente quando traz inovações que geram soluções pontuais, proporcionando crescimento e lucro – e com a construção da Estrada de Ferro de Mauá isso foi muito bem ilustrado.

A construção da primeira ferrovia do Brasil ampliou as formas de transportar as mercadorias, trouxe melhora na qualidade da entrega, tanto das exportações como no abastecimento, garantindo agilidade nas importações. Novas empresas e empresários começaram a investir, ajudando no crescimento das ferrovias.

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História das Ferrovias no Brasil


 

A história das ferrovias no Brasil inicia-se em 30 de abril de 1854, com a inauguração, por D. Pedro II, do primeiro trecho de linha, a Estrada de Ferro Petrópolis, ligando Porto Mauá à Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14 km de extensão. Mas a chegada da via à Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886. 

Em São João del Rei (MG), o Museu Ferroviário preserva a história da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada em 1872. Seu percurso ligava a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos) à Estrada de Ferro D. Pedro II (posteriormente, Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. Com novas concessões, a ferrovia Oeste de Minas se estendeu a outras cidades e ramais, alcançando, em 1894, um percurso total de 684 km, e foi considerada a primeira ferrovia brasileira de pequeno porte. 

As dificuldades e desafios para implantar estradas de ferro no Brasil eram muitos. Procurando atrair investidores, o governo implantou um sistema de concessões, que se tornou característico da política de infra-estrutura do período imperial. Entre o final do século XIX e início do século XX os recursos, sobretudo dos britânicos, alavancaram a construção de linhas férreas.

A expansão ferroviária, além de propiciar a entrada de capital estrangeiro no país, tinha, também, o objetivo de incentivar a economia exportadora. Desta forma, as primeiras linhas interligaram os centros de produção agrícola e de mineração aos portos diretamente, ou vencendo obstáculos à navegação fluvial. Vários planos de viação foram elaborados na tentativa de integrar a malha ferroviária e ordenar a implantação dos novos trechos. Entretanto, nenhum deles logrou êxito em função da política de concessões estabelecida pelo governo brasileiro. 

 

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Fonte: IPHAN

22 de abril de 1500: O Brasil foi descoberto ou conquistado?

 


O chamado Descobrimento do Brasil ocorreu oficialmente em 22 de abril de 1500, quando a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral chegou às terras do atual Sul da Bahia. Entretanto, inúmeros historiadores questionam se o termo correto a ser utilizado é “descobrimento”. A pergunta que permeia esse questionamento é como pode o Brasil ter sido descoberto se antes da chegada dos portugueses, e durante milhares de anos, já havia pessoas habitando as terras brasileiras?

A utilização do termo descobrimento está ligada ao etnocentrismo dos portugueses, e também dos europeus. Por entenderem o mundo tendo por centro sua própria etnia, seu próprio povo, os portugueses desconsideraram que os indígenas já conheciam o território. Eles foram os primeiros europeus a conhecerem a localidade. O descobrimento refere-se, então, aos povos da Europa, e não aos povos que já habitavam o continente americano.

Pensando por esse prisma, a chegada de Cabral ao território brasileiro representou mais o início de uma conquista que um descobrimento. Conquista da terra, mas também domínio, exploração e aculturamento dos povos que habitavam o continente. Esse foi o sentido da colonização brasileira iniciada por Cabral. O que se desenhou a partir daí foi o conflito entre povos que partilhavam modos de viver e cultura distintos, no qual o europeu procurou cristianizar e escravizar os indígenas para colocar em andamento seu processo colonizador.

Portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao Brasil?

Mesmo a afirmação de que foi a esquadra de Cabral a primeira a chegar ao Brasil é questionável. Historiadores apontam documentos da época que indicam que outros navegadores já conheciam as terras brasileiras. O navegador português Duarte Pacheco Pereira possivelmente chegou ao território brasileiro em 1498, a serviço do rei D. Manuel I. O italiano Américo Vespúcio em finais de 1499 e os espanhóis Vicente Yañez Pinzón e Diego de Lepe teriam navegado na costa brasileira meses antes de Cabral, em 1500.

A chegada de Cabral não teria ainda sido um acaso, um desvio fortuito decorrente de problemas climáticos no oceano Atlântico. Possivelmente, Vasco da Gama instruiu Cabral a desviar da costa africana para fugir das correntes marítimas contrárias no Golfo da Guiné. A passagem de Cabral pelo Brasil possivelmente serviu como uma ação para garantir a posse do território garantido aos portugueses através do que foi estipulado no Tratado de Tordesilhas. Nesse tratado, era estabelecida uma linha imaginária localizada a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde, dividindo o mundo não europeu entre Portugal e Espanha. O primeiro ficaria com as terras localizadas a leste dessa linha imaginária.

A viagem de Cabral inseriu-se, então, nas diversas expedições de conquista da costa africana e dos territórios asiáticos ricos em especiarias. A esquadra que saiu de Lisboa em 9 de março de 1500 era composta por 13 embarcações (10 naus e três caravelas) e cerca de 1500 homens. O objetivo da missão de Cabral era utilizar as riquezas que levava para realizar alianças e lucrativos negócios em Calicute, na Índia.

Carta de Caminha e o registro da chegada dos portugueses

Em 22 de Abril, pouco mais de um mês após a partida de Lisboa, os homens da esquadra de Cabral avistaram um monte no litoral brasileiro, ao qual deram o nome de Monte Pascoal, em decorrência do período da Páscoa, e desembarcaram no local que chamaram de Porto Seguro, no sul do atual estado da Bahia. Hoje a localidade se chama Santa Cruz de Cabrália.

Pedro Álvares Cabral e sua esquadra permaneceram no litoral brasileiro por pouco mais de uma semana. Aqui realizaram duas missas, reabasteceram suas embarcações e fizeram registros da nova terra ainda por conquistar. O documento mais famoso dessa chegada foi a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei português no dia 1º de maio de 1500, quando uma das embarcações retornou a Portugal. Antes de ser conhecido como Brasil, o território português nas Américas receberia alguns nomes, entre eles Pindorama, Ilha de Santa Cruz e Terra de Santa Cruz.

 

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Autor:  Tales dos Santos Pinto

Fonte: Mundo Educação 

Tiradentes: quem foi o 'herói sem rosto' e por que ele foi morto

Tiradentes em obra de Décio Villares

 A vida e a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, são celebradas hoje (21) em território nacional.

Por conta do seu envolvimento na Inconfidência Mineira, Tiradentes foi enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792. Séculos depois, o inconfidente ainda é lembrado por seu sacrifício.


Quem foi Tiradentes?

A maioria dos conspiradores da Inconfidência Mineira eram homens ricos e cultos como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

Pobre, somente Tiradentes, que era um simples alferes (cargo militar similar ao de tenente). O apelido veio por exercer também o ofício de dentista.

"Um herói nascido na região centro-sul do país, que morreu sem pegar em armas, traído por um amigo, o Silvério dos Reis, à semelhança da trágica histórica de Jesus Cristo."
André Figueiredo Rodrigues, historiador, à BBC.


O império condenou os inconfidentes. Todos os que tinham posses conseguiram escapar da pena máxima, trocando-a pela prisão ou pelo exílio. Tiradentes, em contrapartida, teve a forca como destino. Ele ainda teve o corpo esquartejado para que seus membros ficassem expostos ao público, de modo a desencorajar outras tentativas de rebelião.

"Não havia representação visual de Tiradentes e os artistas tiveram liberdade para desenhá-lo como desejaram. Um país católico, com um herói com traços nazarenos, inventados por artistas desde o nascimento da República: Tiradentes, iconograficamente, venceu. Sua escolha não foi aleatória", completou Figueiredo, que é autor do livro Em Busca de Um Rosto: a República e a Representação de Tiradentes.

Executado como um criminoso, Tiradentes se transformou no primeiro herói brasileiro, logo após a proclamação da Independência, em 1822.

Foi apenas em 9 de dezembro de 1965, porém, que o dia 21 de abril —data do enforcamento de Tiradentes— foi considerado feriado nacional. Isso foi instituído pelo presidente Castelo Branco, por meio da Lei N. 4.897. Na oportunidade, também foi concedido o título de "Patrono da Nação Brasileira" a Tiradentes.

 


 

O que motivou a Inconfidência Mineira?

No século 18, o Brasil era uma colônia portuguesa que gerava grandes lucros para sua metrópole, em função do ouro e dos diamantes que haviam sido descobertos em Minas Gerais. A região tornou-se o centro econômico e cultural do país. Nela, surgiram várias cidades ricas e importantes, como Vila Rica (atual Ouro Preto), São João Del Rei e Sabará.

Portugal explorava o ouro brasileiro, mas nem todas as pessoas ligadas ao garimpo pagavam os impostos que a metrópole cobrava. Também havia muito contrabando das riquezas minerais.

Além disso, essas riquezas não eram infinitas e começaram a se tornar escassas. O governo português, porém, acreditava que a diminuição no volume de seus lucros com a mineração se devia ao contrabando e à sonegação dos brasileiros. Por isso, começou a aumentar os impostos e a tomar medidas repressivas contra os naturais da terra.

Diante disto, os brasileiros se revoltaram contra a Coroa no que ficou conhecido como a Inconfidência Mineira. Não por coincidência, o movimento aconteceu quase na mesma época em que os Estados Unidos se tornaram independentes da Inglaterra. Na Europa, filósofos e pensadores criticavam a monarquia e o poder absoluto dos reis. Tudo isso influenciou as elites de Minas Gerais e as levou a conspirar em prol da Independência do Brasil.


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Fonte: UOL

Quem foi Marcílio Dias? Personagem dá nome à rua na Zona Norte do Recife

Na Zona Norte do Recife, está localizada a Rua Marcílio Dias, que atravessa os bairros de Água Fria, Campina do Barreto e a comunidade de Chão de Estrelas. Mas você sabe quem foi Marcílio Dias?



Marcilio Dias (Rio Grande (RS), 1838 — Rio Paraná, 12 de junho de 1865) foi um marinheiro da Armada Imperial brasileira, herói da Batalha Naval do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. 


Biografia

Em 1838, nascia Marcílio Dias, filho caçula de Pulcena Dias e Manuel Fagundes, marítimo de origem portuguesa. Conta a história que a sua mãe, negra e lavadeira, em 1855, foi presa injustamente e, preocupada com o mau comportamento do filho, durante seu período no cárcere, decidiu pedir ao seu compadre que entregasse Marcílio Dias aos “menores”, como era conhecida a Escola de Grumetes no Rio de Janeiro.

Marcílio Dias, era negro, com cabelos negros, encaracolados e olhos pretos.


Carreira

Ingressou na Armada Imperial como grumete (Recruta) em 6 de julho de 1855, aos dezessete anos de idade, sentando praça no Corpo de Imperiais Marinheiros em 5 de agosto do mesmo ano.

Em 1856 embarcou na corveta Constituição e, logo após, no navio Tocantins, com o então Capitão-de-Fragata Francisco Manuel Barroso da Silva como seu comandante.

A 15 de maio de 1861 recebeu a sua primeira promoção, passando a Marinheiro de Terceira Classe. Foi promovido a Marinheiro de Segunda Classe em 11 de maio de 1862. No ano seguinte, já na Escola de Artilharia, recebeu a classificação de "Praça Distinta".

Em 1864 embarcou na corveta Parnaíba, em expedição ao Rio da Prata. No regresso, a 20 de julho do mesmo ano, foi promovido a Marinheiro de Primeira Classe (equivalente hoje a Cabo).

Embarcou na corveta Imperial Marinheiro a fim de se habilitar na manipulação de artefatos bélicos, indispensáveis ao serviço de bordo. Matriculou-se na Escola Prática de Artilharia, em Janeiro de 1863, vindo a prestar exame a 10 de dezembro do mesmo ano, quando foi aprovado, passando a usar o distintivo de Marinheiro-Artilheiro (especialização de Cabo).
Batalha de Paysandú

Em 6 de dezembro de 1864, quando o Almirante Tamandaré iniciou o cerco a Paysandú durante a Campanha Oriental (1864-1865), Marcilio Dias teve o seu batismo de fogo contra as forças do Uruguai.

Durante o assalto final à Praça-forte de Paysandú em 31 de dezembro de 1864, uma batalha que durou 52 horas, terminando em 2 de janeiro de 1865, Marcílio Dias foi um dos mais bravos combatentes, tendo ficado famoso o seu grito de 'vitória', quando subiu à torre da Igreja Matriz de Paysandú acenando para os seus companheiros com a bandeira do Brasil.

Batalha Naval do Riachuelo

Sagrou-se herói na Batalha Naval do Riachuelo em 11 de junho de 1865, no início da Guerra da Tríplice Aliança.

Quando a corveta Parnaíba, onde chefiava o rodízio raiado de ré, foi abordada por três navios paraguaios, travou uma luta corpo a corpo contra quatro inimigos, armado de sabre, abatendo dois deles. Na luta teve seu braço decepado na defesa da bandeira do Brasil. Os ferimentos sofridos causaram-lhe a morte no dia seguinte, 12 de junho, com apenas 27 anos de idade, sendo sepultado com as honras do cerimonial marítimo nas próprias águas do rio Paraná, em 13 de junho de 1865.

Homenagens

Cerca de dois meses após a sua morte, em 1º de agosto, o Quartel-General da Marinha Imperial incorporou à Força Naval um navio a vapor adquirido na Grã-Bretanha para servir para o transporte de tropas, batizando-o de Marcílio Dias, em homenagem ao seu heroísmo na Batalha do Riachuelo.

Em 1891, um torpedeiro de alto mar, construído em Londres, também foi batizado como exemplo do Cabo-de-esquadra Marcílio Dias.

Em 23 de outubro de 1910, o Almirante Alexandrino de Alencar decretou a criação da "Medalha Marcílio Dias de Valor Militar", destinada a homenagear os alunos que mais se destacam nas Escolas de Aprendizes-Marinheiros do Brasil.

Em 17 de março de 1919 foi fundado o Clube Náutico Marcílio Dias, agremiação esportiva da cidade de Itajaí, em Santa Catarina.

Em 1922 foi fundada o Instituto Estadual de Educação Cabo-de-esquadra Marcílio Dias, na cidade de Torres/RS, em homenagem ao marinheiro.

Em 13 de dezembro de 1926, a Fundação do Amparo ao Marujo Brasileiro recebeu o nome de Casa Marcílio Dias, embrião do atual Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), no bairro Lins de Vasconcelos, zona norte do Rio de Janeiro.

Em julho de 1940, o presidente Getúlio Vargas participou do lançamento ao mar do contra-torpedeiro Marcílio Dias, em mais uma homenagem ao valor militar do nome do Imperial Marinheiro.

O Museu Naval no Rio de Janeiro possui um quadro seu, pintado por Décio Villares.

Várias outras instituições, militares ou civis, em todo o Brasil, assim como ruas, praças, cidades e outros logradouros foram batizados com o nome de Marcílio Dias. 


 

Fontes: Marinha do Brasil e Wikipédia 

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Pedro da Silva Pedroso, o Pardo do Recife: Soldado valente que tentou fazer do Brasil um país só de negros e mulatos

 


Em maio de 1817, no comando do Forte de Cinco Pontas, no Recife, o coronel Pedro Pedroso aguardava a chegada de um exército inimigo, que vinha da Bahia para botar abaixo a república proclamada em Pernambuco, dois meses atrás. Porém, o general Domingos Teotônio — então, à frente das tropas pernambucanas — decretou a retirada do Recife e ele não chegou a entrar em combate.

Em setembro de 1824, a situação se repetiu: Pedroso estava novamente pronto a lutar pelo Recife. Dessa vez, contudo, do lado oposto, marchando na armada despachada do Rio de Janeiro pelo imperador Pedro I contra mais um movimento libertário, lançado por antigos revolucionários de 1817: a Confederação do Equador. Mas ele não se achava um traidor, pois o seu projeto político era outro, acima e além da pendenga entre monarquistas e republicanos…

O PARTEIRO

“Negro, em festa de branco, é o primeiro que apanha e o último que come”. Nesse ditado popular se resumia toda a ideologia do “Pardo do Recife”, como Pedro Pedroso apelidara a si mesmo. A causa pela qual lutava era, em primeiro lugar, a sua gente, os pretos e mulatos escravizados ou livres, mas sempre desvalidos. E, em segundo lugar, os seus interesses pessoais, é claro, que ele também estava longe de ser santo — um São Benedito, se fosse o caso; mas, seguramente, santidade não era o seu forte.

Pobre, semiletrado, porém muito inteligente, enérgico e valente, ele abriu caminho na vida à custa do próprio esforço. Alistou-se como praça no regimento de Artilharia e chegou a capitão, o posto máximo que um mulato brasileiro podia aspirar no exército português. Tornou-se conhecido, respeitado, amado e temido no meio do povo. E, além de ser o xodó das escurinhas, também arrancava suspiros de muitas brancas “de família” que, por trás das gelosias, o viam passar pelas ruas, alto, bonito, elegante, com suas longas costelas e fartos bigodes, sempre montando cavalos magníficos.

No dia seis de março de 1817, Pedroso serviu de “parteiro” da Revolução. Quando o capitão José de Barros Lima — o “Leão Coroado” — recusou a ordem de prisão dada pelo brigadeiro português Manoel Barbosa e o matou, foi ele que tirou a espada ensanguentada das mãos do camarada para, empunhando-a, assumir o comando do Regimento de Artilharia do Recife. E, em seguida, proclamou o início do levante, logo apoiado pelos recifenses e depois por todo Pernambuco, pela Paraíba e pelo Rio Grande do Norte. Além disso, foi ele que, naquele dia, sem titubear, mandou fuzilar o coronel Tomás de Aquino, enviado pelo governador português Caetano Pinto para parlamentar com os militares rebelados, assim acabando com qualquer possibilidade de recuo do movimento.

DISCRIMINAÇÃO

Também foi Pedroso que, dias depois, já instalado o Governo Provisório de Pernambuco, invadiu a sala onde os cinco governadores estavam reunidos e ameaçou de morte um deles, o advogado José Luís Mendonça. Assim, forçou Mendonça a retirar uma proposta de buscar acordo com o príncipe D. João, que estava prestes a ser aprovada. Foi ele, ainda, que, com muita luta, conseguiu arrancar daquele governo o primeiro ato abolicionista já decretado no Brasil, concedendo alforria aos escravos que se alistassem no exército. E foi ele que, pessoalmente, treinou a primeira tropa de cativos assim libertos.

Finalmente, foi Pedroso que mais insistiu para que os inimigos da Revolução fossem tratados com rigor. Para dar exemplo ele até mandou, por conta própria, fuzilar três desertores da tropa em praça pública. Mas os governadores não o escutaram — foram frouxos, em sua opinião —, o movimento foi derrotado e o seu desencanto começou.

Com dezenas de outros patriotas, Pedroso foi preso e despachado para a Bahia, e lá sentiu a discriminação doer ainda mais, porque partia dos seus próprios companheiros. Os negros eram, de fato, os primeiros a apanhar e os últimos a comer, e não apenas nas festas dos brancos, mas até na cadeia, junto com eles!

Então ele perdeu o pouco respeito que ainda tinha pelos republicanos. Estes seriam até piores que os outros brancos, porque iludiam os pretos com falsas promessas. Ora, se eles praticassem a liberdade, a igualdade e a fraternidade que pregavam, a escravidão não teria cessado nos Estados Unidos quando aquele país ficou independente, em 1776? E por que ela não fora extinta nas colônias francesas, após a Revolução de 1789? Certos, para ele, estavam os negros do Haiti que, em 1804, mataram ou expulsaram todos os “caiados” daquela ilha!

Pela República em 1817 e contra ela em 1824

Após a anistia de 1821, mais segregação. Pedroso não foi libertado com os outros e sim enviado para Portugal, acusado de mandar matar o coronel Aquino. Mas foi perdoado e voltou para sua terra. E aqui estava, em fevereiro de 1822, quando foi procurado por Antônio de Menezes Drummond, agente do ministro José Bonifácio, que andava às turras com Gervásio Pires, então presidente de Pernambuco. Na época, Bonifácio defendia que o Brasil proclamasse a independência de Portugal e se tornasse um império, regido pelo príncipe D. Pedro. Mas Gervásio temia que, indo por esse caminho, o resto do país continuasse sendo oprimido e explorado pela corte do Rio de Janeiro, e vacilava em apoiar essa proposta.

Drummond não teve dificuldade em ganhar Pedroso para a sua causa com promessas de melhorias de vida para o povo e aumento de soldo para os militares. Então, com o prestígio popular que tinha, o Pardo agitou as tropas e as massas. E, em setembro, derrubou o governo de Gervásio, sendo premiado com o comando das tropas de Pernambuco.

Mas o novo governo, a “Junta dos Matutos”, formado por senhores de terras e escravos, também não nutria grande simpatia pelas causas abolicionistas e populares. E o Pardo, achando que as circunstâncias lhe eram favoráveis, resolveu dar um passo à frente. Ele sublevou o 3º e 4º regimentos, os “Bravos da Pátria” e os “Montabrechas”, formados por negros e mulatos, respectivamente, e no dia 21 de fevereiro de 1823 o Recife foi tomado pela malta de pele escura, dando vivas ao Haiti e recitando uma quadrinha que anunciava o fim de todos “marinheiros” (portugueses) e “caiados” (brancos) no Brasil.

A “Pedrosada”, porém, foi abafada, e Pedroso despachado para o Rio de Janeiro. E lá estava preso quando os pernambucanos rebelaram-se mais uma vez, em 1824, na Confederação do Equador. Então, sabendo da liderança que ele exercia sobre o povo pobre daquela província, D. Pedro I lhe ofereceu anistia e o comando das tropas de volta, em troca do seu apoio. E o Pardo do Recife aceitou participar de mais uma “festa de brancos”, ainda com a esperança de que um dia, no Brasil, os pretos e mulatos fossem os últimos a apanhar e os primeiros a comer. E nessa expectativa viveu até morrer de velhice, no Rio de Janeiro.

 

Fonte: Blog Diário de Pernambuco

 

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Herança afrodescendente em Pernambuco

O texto encontrado no site da Secretaria de Cultura de Recife, Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, resume bem o aspecto da herança em questão: “a herança africana, trazida por milhões de negros e negras vítimas do tráfico transatlântico, com uma enorme diversidade de grupos étnicos, fez do Brasil a segunda maior população de negros do mundo fora da África. Vivendo em condições desfavoráveis, essa população negra brasileira, ao longo de sua história, utilizou-se de mecanismos diversos para resistir à escravidão, que mesmo depois de um século abolida, faz amargar frutos que geram a necessidade de uma resistência permanente. Essa herança de luta está representada nas formas singulares de manifestações culturais, artísticas e religiosas. O sonho de liberdade e dignidade do povo negro expressa-se de forma marcante na dança, na música, nas artes plásticas, que tanto ajudou a preservar a memória ancestral do povo negro brasileiro. No Recife, as diversas manifestações culturais afro-brasileiras têm papel fundamental na rica cultura local. São de matrizes africanas, em sua grande maioria, as manifestações populares que colorem os quatro cantos desta cidade. (...)” 

Em oposição ao legado negativo da escravidão, existe uma herança afrodescendente positiva e riquíssima no estado de Pernambuco, que se manifesta sobretudo na cultura: música, dança, comida, etc. Nota-se, também, a influência afrodescendente na oralidade da fala pernambucana, recheada de vocábulos provenientes da africanidade linguística (banda, cachimbo, fubá e moloque, como exemplos), assim como alguns fenômenos linguísticos da oralidade e do português popular que são atribuídos à influência africana, como o apagamento do /r/ no final das palavras e a falta de concordância nominal, no português não padrão. Essas influências também ocorrem em outras regiões do Brasil, mas de forma diferenciadas localmente, muitas vezes. 

Muito dessa herança sobreviveu às perseguições e às discriminações, adaptando-se. Os terreiros de candomblé de Recife, para esquivarem-se da política de repressão do estado, transformaram- -se em sociedades carnavalescas, como o maracatu. Os negros, disfarçados de nobres, reverenciavam a "Corte Real", mas na verdade evocavam os seus deuses. E assim continuaram por décadas, resistindo e sendo discriminados. O Maracatu (Rural ou Urbano), que atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco, é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão.

Outro exemplo é o Frevo (Frevo de Rua, Frevo Canção ou Frevo de Bloco), que teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “frevura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano.

Além desses ritmos, podemos citar o forró (com influências também indígenas e europeias; baião, xote, xaxado e côco, que fazem parte do forró), o manguebeat (movimento de contracultura surgido em Recife, que mistura outros ritmos regionais, como maracatu, com hip hop, música eletrônica, etc) e a ciranda (um tipo de música e dança típica da Ilha de Itamaracá).





A Capoeira, trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exterminar Palmares (quilombo localizado na Capitania de Pernambuco, no território do atual estado de Alagoas), os escravos foragidos aplicavam os movimentos da capoeira como recurso de ataque e defesa. Em 1928, um livro estabeleceu as regras para o jogo desportivo de capoeira e ilustrou seus principais golpes e contragolpes. O capoeirista era considerado um marginal, um delinquente. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.

Na culinária pernambucana, o legado africano é encontrado em muitos pratos e temperos, com destaque para alguns produtos que de lá vieram e que hoje são elementos fundamentais na alimentação: a banana, o amendoim, o azeite de dendê, a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar, o coqueiro e o leite de coco, o quiabo, o caruru, o inhame, a erva-doce, o gengibre, o açafrão, o gergelim, a melancia, a pimenta malagueta, a galinha d’angola entre outros. Com a escassez da alimentação do escravo, os negros inventaram o pirão escaldado (massapê) e o mungunzá, por exemplo.

Quem foi o abolicionista José do Patrocínio?

 


José Carlos do Patrocínio foi um abolicionista, ativista político, farmacêutico, orador, jornalista e escritor brasileiro.

Destacou-se como uma das figuras mais importantes do movimento abolicionista no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formada por negros e ex-escravos, sendo vanguarda do movimento negro no Brasil e formada para proteger família imperial brasileira contra a aristocracia e os militares.

Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava mina de 15 anos, cedida ao serviço do cônego por uma proprietária da região.

Mesmo sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima, onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos.

Aos 14 anos, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve ao pai, autorização para ir ao Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia, empregando-se posteriormente na casa de saúde do doutor Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos prestando os exames preparatórios para o curso de farmácia.

Aprovado, ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de farmácia, concluindo o curso em 1874.

Em 1877, admitido na Gazeta de Notícias como redator. Foi neste espaço que, em 1879, iniciou a campanha pela abolição da escravatura.

Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Com o falecimento de Ferreira de Menezes (1881), adquiriu a Gazeta da Tarde, assumindo-lhe a direção. Em maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista, congregando todos os clubes abolicionistas do país.

Patrocínio não se limitou a escrever: também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública...

Patrocínio faleceu aos 51 anos, vítima de tuberculose.

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