Consciência Moral e Liberdade Humana - Parte 2

A psicanálise

Sigismundo Freud, médico austríaco, foi fundador da Psicanálise. Ele trabalhou com o professor Berhens e por persuasão fazia o enfermo recordar, quando em estado consciente, do que podia obter a cura de enfermos, desde que fizesse voltar às consciências certas representações inconscientes.

Freud, assim, procurava tornar consciente o subconsciente, por meio da persuasão. E, deste modo, a psicanálise se constituiu num método para curar enfermidades nervosas, e foi através de suas experiências e de suas curas, que Freud pôde construir sua teoria.

Observou que os pacientes, quando falarem, narravam muitas coisas de maneira desordenada. Procurou, por entre as palavras, descobrir o que havia de mais importante e que lhe pudesse dar o fio para chegar a descobrir a causa da enfermidade.

Em vez de hipnotizar os pacientes, deixou-os falar à vontade. Estava convencido de que todos os fatos descritos pelo paciente tinham um sentido, e era questão de tempo apenas para que, do subconsciente, surgisse o essencial que lhe permitisse descobrir a causa da enfermidade.

Compreendeu, assim, que muitas coisas que sucedem com os sãos têm sua explicação psicanalítica.
Os esquecimentos não são puramente acidentais. Há uma razão atrás disso tudo. No entanto, tais fatos não são conscientes. O que levava a tal esquecimento era algo de subconsciente.

Freud estudou esses pequenos erros, esses atos falhados, palavras trocadas, que na vida cometemos todos nós. Por exemplo, se num discurso, alguém em vez de dizer: “o honroso discurso do orador que me precedeu”, dissesse “o horroroso discurso do orador que me precedeu” são lapsos que muitos cometem e que revelam as verdadeira intenções de que os pratica.

Fundamentos da Psicanálise

O fenômeno da vida é um fenômeno de assimilação e de desassimilação. Duas constantes biológicas dirigem os homens, assim como todos os seres vivos:
a) Conservação do indivíduo: alimentação, etc. ;
b) Conservação da espécie: reprodução.
Na vida se dá uma troca de energia entre o homem e o ambiente. Para assimilar, para alimentar-se, o homem retira do ambiente as energias necessárias, em forma de frutos, alimentos, água, ar, etc., que não pode tirá-las de si mesmo. Por outro lado, o homem devolve ao ambiente, ao mundo da natureza que o cerca, o que recebe ( desassimilação). Devolve em parte. Compreende-se, portanto, a relação.

Meio ambiente
Homem
Meio ambiente

Vejamos agora a relação:

Quando o homem retira do meio ambiente certa quantidade de energia, falo pela alimentação. Devolve o que não necessita, o que por motivos vários não pode reter. Quando essa devolução (desassimilação) é regular, há equilíbrio na relação. Quando essa desassimilação vai além, acarretando a saída dos elementos necessários, há depauperação, velhice, etc.; quando a assimilação é maior, há desenvolvimento, crescimento. Na vida do homem há três fases:

a) nascimento, infância;
b) mocidade, idade adulta, média, e
c) velhice, morte.
Na primeira, a assimilação é maior; na segunda, equilibrada; na última, predomina a desassimilação. Chamam os fisiologistas “metabolismo” esse fenômeno geral de troca. “Anabolismo” na primeira fase, e “catabolismo”, na última. O que se dá com a vida física do homem, se dá, também, com a vida psíquica, porque esta depende daquela. Vejamos como:

No ventre materno

O feto, no ventre materno, vive sem ambiente. A assimilação e a desassimilação são feitas, pelo organismo materno, por intermédio do cordão umbilical. Nada se oferece ao psiquismo da criança, a não serem os fenômenos de vida, de relação, fenômenos puramente vegetativos. Sua “consciência” é a vida visceral, orgânica, “consciência” Que, na vida adulta, nos escapa completamente. Não há, portanto, nessa fase propriamente consciência. Todos os fenômenos psíquicos são inconscientes.
O feto vive “feliz”, nirvanicamente, como se não vivesse. Existe aí, exclusivamente, o “Id”, que forma a viga mestra do nosso psiquismo. É ele que, desdobrando-se depois, vai dar lugar à formação de nosso “Eu”.
Esse “id” prossegue pela vida afora. È ele que, posteriormente, centraliza os impulsos cegos, os instintos, etc. Nascendo isolado, em si mesmo e para si mesmo, apesar de transformado em parte, contínua, entretanto, entregue a si mesmo, sobre si mesmo. Essa vida paradisíaca que o “id” vive, no ventre, é rompido pelo

Nascimento

O feto, que vivia sem ambiente, tem, de momento, um ambiente. Este é o mundo. Um ambiente, que se lhe opõe agressivamente.

Impõe-se uma adaptação brusca, Por exemplo, no ventre materno, há um equilíbrio térmico, mas após o nascimento a temperatura torna-se diferente da do ventre materno; a respiração, que antes não existia, a alimentação, que ora deve ser feita, quando antes não havia, senão pelo meio materno, etc., tudo isso obriga a criança a adaptar-se à nova vida ou parecer.
Tudo modifica a vida de relação da criança sob o seu aspecto fisiológico. Identicamente se modifica a seu aspecto psicológico.

Psiquismo infantil

O Psiquismo infantil, que antes era pobre, é agora enriquecido de novas imagens, que lhe oferece, dadivoso, o ambiente. Vai adquirindo, aos poucos, a noção de espaço e a noção de tempo, das quais anteriormente não necessitava.

O “id” tem que se adaptar à nova vida. E, para adaptar-se, transforma-se parcialmente, sem se aniquilar. Do seu arcabouço, surge uma nova modalidade, que se adapta à nova existência. É o “Ego”. É a parte que sente, dos sentidos, a parte que age, que ordena os movimentos.

Antes, na vida fetal, não tinha em movimento os sentidos. Não ouvia, não via, etc. Não ordenava movimento nos membros, etc., porque lhe era desnecessário mover-se.

Agora fora do ventre materno, vê, ouve, mexe os braços, o corpo, etc. O “ego” é, portanto, como disse ilustre psicanalista, “uma membrana de defesa”. É a “membrana” que o “id” forma para a sua luta contra o meio ambiente, contrário, agressivo.

Impulsos

Na fase do “id”, fase fetal, ainda no ventre materno, o psiquismo é chamado de psiquismo arcaico. Fizemos notar, que, aí, a consciência é como se não existisse.

Em contato com o ambiente agressor, o “id” (psiquismo fetal) adapta-se bruscamente pelos sentidos, pelo movimento. Novos elementos o enriquecem. Todos os fenômenos psíquicos passam-se, estão, no “id”. O “ego” é, como vimos, a parte aparente da personalidade, a consciência, a que possui os órgãos de percepção, de atenção, de memória, de raciocínio, etc.

Na vida, portanto, o equilíbrio só é atingido instantaneamente. Os impulsos têm por finalidade:
a) defender-se do meio, pela agressão, etc., e
b) aquisição de energia do ambiente e sua conservação, para aumento da energia individual.

Impulsos de vida e de morte

Assim vemos dois grupos. Num, luta-se contra o meio, para retirar dele o necessário para a vida orgânica. Noutro, procura-se o equilíbrio, internamente pela nutrição, e, externamente, pela reprodução.

Assim, os impulsos tendem para a destruição ou para a construção. Daí chamaram-se:

a) impulsos de morte, e
b) impulsos de vida.
A estes últimos Freud chamou de libido.

Prazer-desprazer

Esses impulsos obedecem a dois princípios:
a) princípio do prazer-desprazer;
b) princípio da repetição.
A estabilidade é desejada pelo homem. Todo movimento, que tende para a estabilidade, provoca prazer. Todo movimento, que tende para a instabilidade, provoca desprazer.
Até certo limite da estabilidade, há prazer. Pelo aumento, posterior da carga, dá-se a instabilidade, e manifesta-se o desprazer.
Uma excitação agradável, continuada, torna-se desagradável.
Há um momento intermediário de indiferença. Os impulsos de vida, impulsos sexuais, a libido, têm tendência para o prazer.

Censura

Os impulsos de morte tendem para volta à vida mineral, a vida inorgânica, a vida das coisas que compõem o universo. Os impulsos de vida tendem para a reprodução da espécie.

A criança, ao manusear os órgãos sexuais, é injustamente repreendida pelos pais. A criança, ao observar os fenômenos de ordem sexual, encontra as restrições violentas dos parentes ou pessoas próximas.

Vimos nas páginas anteriores, que o “ego” é formado pelo “id” em contato com o ambiente. A necessidade de se defender, adaptando-se bruscamente e a aplicação do aparelho-sensitivo receptor ( olhos, ouvidos, tacto, etc.), tudo vem enriquecer o psiquismo arcaico da criança, aumentando-lhe os conhecimentos.

Os impulsos do “id” tendem a se exteriorizar, passando pelo “ego”.

Recalcamento

Dá-se o recalcamento, quando a vitória da censura é completa, não vindo à tona do “ego” nenhuma manifestação do impulso censurado. Fica como que esquecido o impulso, guardado no âmago do inconsciente.
Já que falamos em inconsciente, vejamos como o considera a psicanálise, bem como o que chama de consciente.

Consciente e inconsciente

Já dissemos que o “id” é inconsciente.
Porém o inconsciente do “ego” não é semelhante ao inconsciente do “id”.
Há diferença: os fenômenos inconscientes do “ego” podem tornar-se consciente, espontaneamente, enquanto os do “id” só se tornam conscientes pela aplicação do método psicanalítico.

Deslocamento

Os impulsos procuram exteriorizar-se, mas encontram a barreira da censura. Quando, encontrado essa barreira, não podem passar, dá-se o recalcamento, de que já falamos acima. Mas nem sempre se observa tal coisa. Os impulsos, procurando sair, encontrando a barreira da censura, conseguem, muitas vezes, virem à tona, embora, modificados pela oposição oferecida. Essa modificação, transforma-os, muda-os, tornando-os diferentes do primitivo impulso, irrecognoscíveis.
É uma forma de buscar a vigilância da censura. É isso que se chama deslocamento. Antes de passar a esse importante capítulo da psicanálise, examinemos o que se compreende por “Super-ego”.

Associação

A idéia censurada podo, em muitos casos, associar-se a outras idéias. Censurada a primeira, outra e mais outras lhe sucedem até o último ele de uma longa cadeia de idéias.

Transferência

A transferência tem muitos pontos de contato com o deslocamento. Há o indivíduo, há o objeto para o qual o impulso tende a realizar-se. Censurado o impulso em relação ao objeto, sobre o qual não se pode realizar, desvia-se o impulso para outro objeto.

Condenação

Na ânsia de se exteriorizar, o impulso transforma-se, desloca-se. E também se transfere, como vimos. E não é só. Transformado em imagens, pode dar-se a condenação de duas imagens que se transformam numa só. Nos “lapsos” de linguagem é muito comum observarem-se esses erros, essas condenações.

Dissociação

É o caso contrário de condenação. EM vez de se dar a conjunção de duas idéias numa idéia só, dá-se a divisão em duas idéias de uma única.

Substituição

Dá-se a substituição, quando há a troca de uma imagem censurada pelo “Super-ego”, por outra que se lhe associe, que não seja chocante com o meio ambiente. São os casos de transladação do sentido dos palavras, tão comuns na gíria. Demos, e, síntese, a concepção psicanalista que oferece, contudo, variantes específicas, segundo os seguidores.

Conclusão

Podemos concluir e avaliar a profundidade e importância de cada elemento que fazem parte de nosso ser. E como é importante trabalhar, buscar cada fato ou conhecimento para o nosso crescimento e equilíbrio interno. A descoberta de Freud (Psicanálise) foi e ainda é um tratamento muito necessário para este mundo tão conturbado em que as pessoas perdem seus valores e origem de sua dor. Continuando a sofrer sem um to de cura. A perda da moral em que a sociedade está cada vez mais decaindo. Que possamos avaliar cada item e buscar o nosso interior analisando assim o nosso jeito de ser.
Fonte:
Manual de Psicologia- Theobaldo Miranda Santos
Psicologia (Enciclopédia de ciências Filosóficas e sociais)- Mário Ferreira do Santos
Fundamentos da Filosofia para uma geração Consciente- Gilberto Cotrim
Temas de filosofia- Maria Lúcia de Arreida Aranha
Maria Helena Pires Martins/Sociologia - Brasil Escola

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