Nesse “entrelaçar” podemos dizer que distintos elementos corroboram para que toda a tessitura, ao final, materialize-se de forma plausível, perfeita, à compreensão do interlocutor. Nesse ínterim, a competência linguística do emissor (conhecimento das regras que regem todo o sistema linguístico dominante) e o conhecimento de mundo do emissor funcionam como elementos de extrema relevância.
Contudo, na falta de tal competência, alguns “obstáculos” indubitavelmente tendem a se manifestar, interferindo, portanto, na estética textual como um todo. Dessa feita, temos que a falta da competência linguística implica tão somente na ausência de clareza da linguagem, ofuscando todo o brilho, força e magia contidos nela.
Nesse sentido, nós, enquanto enunciadores de um discurso, devemos estar atentos a esse fato, de forma a nos dedicar sempre a uma boa leitura, alargando novos horizontes, edificando nosso léxico e aprimorando a cada instante nossa busca pelo conhecimento. Dessa forma, algumas considerações se encontram demarcadas a seguir, com vista a enfatizar, sobretudo, os já mencionados “entraves”, os quais representam o que denominamos de desvios linguísticos. Assim, de forma a evitá-los, analisemos:
# Ambiguidade – Consiste na falta de clareza expressa pelo discurso, uma vez que a falta de ordenação do pensamento resulta na duplicidade de sentido expresso pela linguagem, materializando-se assim numa má interpretação por parte do receptor. São exemplos:
A mãe pediu para o filho dirigir seu carro.
Nesse caso não identificamos quem é realmente o proprietário do carro, se é a mãe ou o filho. Assim, reformulando a mensagem, obteríamos:
A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela.
# Barbarismo: Caracteriza-se por empregar um vocábulo de forma inadequada, tendo em vista fatores relacionados à grafia, pronúncia, morfologia e semântica. Assim representados:
bandeija, em vez de bandeja
gratuíto, em vez de gratuito
cidadões, em vez de cidadãos
tráfico de veículos, em vez de tráfego.
# Cacofonia – ocorrência manifestada pelo encontro ou repetição de fonemas os quais resultam num desagradável efeito sonoro.
Admiro a boca dela.
Vou-me já, pois anoiteceu.
# Colisão e hiato – representa um efeito sonoro desagradável produzido pela repetição de fonemas consonantais idênticos.
Cansamos de salientar sobre isso na semana passada.
# Eco – consiste também num som desagradável, manifestado pela sequência de palavras constituídas pela mesma terminação.
Tivemos uma decepção em virtude de sua péssima atuação, revelada pela sua má preparação.
# Estrangeirismo – consiste no emprego de palavras pertencentes a outras línguas. De acordo com a origem recebem a
denominação de galicismo, anglicismo, italianismo, germanismo, entre outros.
pedigree, em vez de raça
happy hour, em vez de final de tarde
démodé, em vez de fora de moda
site, em vez de sítio
# Plebeísmo – é o uso de gírias, chavões cristalizados pela convivência em sociedade. Materializados por determinadas expressões relacionadas a “tipo assim”, “ninguém merece”, “a nível de”, entre outras.
# Prolixidade – representa um acúmulo de palavras desnecessárias, ou melhor, utilizando uma expressão coloquial bem conhecida, “enchendo linguiça sem nada dizer.”
# Pleonasmo vicioso – materializa-se pelo uso de expressões desnecessárias, uma vez inferidas mediante a falta de conhecimento do interlocutor.
descer para baixo
subir para cima
entrar para dentro
# Solecismo – representa um desvio em relação à sintaxe, infringindo, assim, as normas de regência, colocação e concordância.
Solecismo de regência – Assistimos o espetáculo, em vez de assistimos ao espetáculo.
Solecismo de concordância – Haviam muitos alunos na sala, em vez de havia, dada a impessoalidade do verbo.
Solecismo de colocação – Falarei-te aos ouvidos, em vez de falar-te-ei aos ouvidos.
Fonte: Brasil Escola
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