O Período Homérico representa uma nova fase na estruturação da sociedade grega em decorrência da invasão dos dórios no período anterior. O novo povo encerrou a cultura creto-micênica que esteve presente por séculos e em seu lugar deu início a cultura gentílica.
No final do Período Pré-Homérico os dórios, povo indo-europeu, invadiram violentamente a Hélade, destruindo a estrutura comercial existente, a cultura que lá estava estabilizada e causando a migração de tal população como alternativa para sobreviver. A invasão dos dórios fez com que surgissem novas colônias gregas em novos territórios, mas alterou radicalmente a estrutura existente na Grécia.
O novo período da história da Grécia Antiga recebe a denominação de Homérico por causa do poeta Homero, que escreveu e revelou muitas informações sobre esta fase da história grega. A estrutura que havia na Grécia foi toda distorcida e deu lugar para uma sociedade baseada nos Genos. Os membros dos Genos eram chamados de Gens e dependiam da unidade familiar. Como uma organização fechada, os Genos tinham uma grande independência econômica.
Os Genos conquistaram grande autonomia política em consequência da independência econômica, mesmo a nova organização tendo base familiar, toda a população era favorecida. O trabalho desenvolvido na nova sociedade era de cunho individual, mas o bem da comunidade era sempre almejado. Havia um chefe que determinava o papel de cada um, tudo que era produzido era dividido igualmente entre os Gens. A estrutura garantia que nenhum Genos se desenvolvesse mais que outros, as famílias que tinham dificuldade na produção eram livres para utilizar escravos ou o trabalho de artesãos.
É claro que em toda relação humana, por mais que se preze pela igualdade social, sempre há expressões que favorecem a determinados indivíduos, o que é efeito das relações políticas. Apesar da sociedade ser igualitária, a proximidade familiar com o chefe do Genos era que determinava o grau de importância do indivíduo na sociedade. O chefe do Genos era respeitado por ser considerado como detentor de ‘fórmulas secretas’ que lhe permitiam fazer contato com os ancestrais e com os deuses que protegiam as famílias.
A organização econômica e social do Genos não foi capaz de resistir por muito tempo, as técnicas arcaicas não davam mais conta de sustentar a população. A tendência era de que o Genos se dividisse em estruturas menores, o rompimento dos laços familiares causava sua fragilização. Esse processo favoreceu aos possuidores de maior importância social, ou seja, os parentes mais próximos do chefe do Genos. A sociedade ficou extremamente fragmentada e formada por um grupo detentor das melhores condições sociais e econômicas, a maioria passou a viver de míseros salários e esmolas.
A nova estrutura social era baseada em três níveis. Em primeiro lugar estavam os eupátridas (bem-nascidos), que por serem mais próximos no parentesco do chefe do antigo Genos ficaram com as melhores terras, monopolizaram os equipamentos de guerra e ficaram com todo o poder formando uma aristocracia baseada na terra. Em segundo lugar estavam os georgoi (agricultores), enquadrados em um patamar médio, ficaram com a periferia. E na camada mais baixa da nova sociedade estavam os Thetas (marginais), desprovidos de terras e completamente marginalizados.
A nova aristocracia ficou com o poder e era denominada de fratrias, que formavam em grupo as tribos. A união destas tribos fez surgir as cidades-estado chamadas de Pólis. Nos século IX e VIII a.C. surgiram aproximadamente 160 pólis na Grécia, sendo que cada uma possuía seu templo em uma região elevada da cidade, o qual era chamado de Acrópole. Os Basileus eram os governantes da pólis, mas tinham o poder limitado pelos eupátridas. Tentaram dar um golpe para tomar o poder máximo, mas foram impedidos e substituídos pelos Arcondes, que eram indicados anualmente pelo Conselho dos Aristocratas.
Assim o período Homérico teve início substituindo a cultura micênica pela gentílica, mas se encerrou com a aniquilação também desta.
Fonte: InfoEscola
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