Se você já pensou em seguir carreira diplomática,
então está na hora de conferir algumas informações sobre o tema. Em
relação a essa carreira é importante conhecer alguns mitos e saber
exatamente o que, de fato, o diplomata faz, o que pode fazer e o que não
tem nada a ver com a sua realidade.
É por isso que preparamos este texto. Fique atento a ele e tire todas
as suas dúvidas antes de se preparar para ingressar na área. Confira.
Carreira diplomática: o que é?
De maneira mais geral, podemos dizer que o diplomata é um funcionário
público que tem entre as suas atribuições o relacionamento com outras
nações. Isso quer dizer que ele representa o Brasil em negociações,
presta auxílio a brasileiros que estejam em situação de necessidade em
outros países (serviço consular), além de poder colher informações
relevantes para a política externa brasileira.
Trata-se de um profissional a serviço de sua nação, tendo sua atuação
basicamente sustentada no bom relacionamento com outros povos.
Ao longo de nossa história tivemos diplomatas que se destacaram em
suas funções. Entre eles podemos citar nomes como os de José Bonifácio
de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”, o Visconde do Rio
Branco, de nome real José Maria da Silva Paranhos, seu filho, José Maria
da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, e Rui Barbosa de
Oliveira, um dos nomes mais importantes da história brasileira entre o
fim do século XIX e início do século XX.
Como seguir a carreira diplomática?
Você não precisa ter uma formação específica para ser diplomata.
Entre os requisitos da carreira está a formação superior, mas não há uma
determinação de que o diplomata deva ter se graduado em Direito ou
qualquer outra área. Carreiras em Economia, História e até Cinema podem
servir como base para quem deseja ingressar na diplomacia.
O ideal é que o interessado em entrar no Itamaraty, faça disso um projeto de longo prazo, preparando-se para o concurso
ao longo dos anos. Como as provas seguem sempre o mesmo modelo, é
possível usar as diferentes edições do exame para se familiarizar com a
abordagem e assim pavimentar um caminho mais seguro para o sucesso.
O primeiro passo para a carreira diplomática é ser aprovado no
concurso realizado pelo famoso Instituto Rio Branco (IRBr). Este
concurso, de Admissão à Carreira de Diplomata, tem origem no ano de 1940
e é dividido em fases: a primeira, com questões objetivas, conhecida
como TPS, e a segunda, com questões dissertativas. Também é possível que
existam três ou até quatro fases, mas não é o caso em 2019.
Qual é a idade para iniciar a carreira diplomática?
O mais comum é que universitários recém-formados em Direito passem a
se dedicar ao concurso do Instituto Rio Branco, entretanto, a graduação
não precisa ser recente, muito menos na área jurídica. O fato é que não
existem grandes restrições a esse tipo de atuação, a não ser o fato de o
diplomata ter concluído o ensino superior. Por lei, é possível
trabalhar no Itamaraty dos 18 até os 70 anos de idade.
Como se preparar para a diplomacia?
O ideal é que a carreira diplomática seja encarada como um projeto de
longo prazo. Isso porque, além da aprovação em um dos concursos mais
disputados do país, você precisará também se dedicar bastante para
evoluir na carreira e atingir patamares mais elevados. Para tanto é
preciso reunir habilidades como o pensamento crítico, a capacidade de
interconectar conhecimentos e muita disciplina. O segredo é construir um
projeto que trará retorno com o tempo em vez de se dedicar a algo
pontual.
Quais os cargos da carreira diplomática?
Uma vez aprovado no famoso Concurso de Admissão e Carreira
Diplomática (CACD), o candidato torna-se terceiro secretário, que é o
cargo de entrada na carreira de diplomata. Sendo promovido, ele passa a
segundo secretário, na sequência, primeiro secretário, então ele passa
para conselheiro, Ministro Segunda Classe e então Ministro Primeira
Classe.
A promoção de terceiro secretário para segundo secretário considera
fundamentalmente o tempo de casa do servidor. Já as demais consideram o
tempo e também a conclusão de cursos de atualização e o período de atuação no exterior.
Qual é o salário de um diplomata?
Os salários são atrativos nessa área. Mesmo os diplomatas iniciantes
já conseguem uma remuneração muito acima da média nacional, podendo
progredir com o passar do tempo.
De acordo com os dados de 2019, o Terceiro Secretário ganha R$
19.199,06, o Segundo Secretário, R$ 21.226,79 e o Primeiro Secretário,
R$ 22.802,63. O Conselheiro, por sua vez, recebe R$ 24.500,44, enquanto o
Ministro de Segunda Classe ganha R$ 26.319,29 e o Ministro de Primeira
Classe ganha R$ 27.368,67.
Como é a carreira diplomática no Brasil?
O Itamaraty é o nome como o Ministério das Relações Exteriores do
Brasil é conhecido. Trata-se de um órgão vinculado ao Poder Executivo
brasileiro, ou seja, à Presidência da República. De fato, o Itamaraty
atua no assessoramento do presidente quando existem relações com outros
países e entidades estrangeiras.
Cabe ao Itamaraty atuar política, comercial, econômica e
financeiramente nas relações internacionais, negociando, informando e
representando o país e seus interesses.
O corpo do Itamaraty é formado por um conjunto de profissionais que
se dedicam a diferentes atividades. Acima de todos está o Gabinete do
Ministro de Estado e a Secretaria-Geral das Relações Exteriores. A eles
estão subordinadas diferentes Secretarias, que são:
- Subsecretaria-Geral da Europa e América do Norte (SGEAN);
- Subsecretaria-Geral da Ásia e do Pacífico (SGAP);
- Subsecretaria-Geral da África e do Oriente Médio (SGAOM);
- Subsecretaria-Geral da América do Sul, Central e Caribe (SGAS);
- Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros (SGEF);
- Subsecretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia (SGAET);
- Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB);
- Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial (SGEC);
- Subsecretaria-Geral do Serviço Exterior (SGEX).
Hierarquicamente, a divisão é a seguinte:
- Ministro das Relações Exteriores;
- Secretário-Geral das Relações Exteriores;
- Subsecretário-Geral da Europa e América do Norte;
- Subsecretário-Geral da Ásia e do Pacífico;
- Subsecretário-Geral da África e do Oriente Médio;
- Subsecretário-Geral da América do Sul, Central e do Caribe;
- Subsecretário-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior;
- Subsecretário-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial;
- Subsecretário-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros;
- Subsecretário-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia;
- Subsecretária-Geral do Serviço Exterior.
É muito comum a ideia de que o diplomata atua fora do país,
entretanto, isso também não é uma regra. Existe espaço para diplomatas
em órgãos ligados ao Itamaraty nos estados brasileiros e em Brasília. O
Palácio do Itamaraty, por exemplo, abriga esses profissionais no Rio de
Janeiro.
Como o diplomata pode defender interesses pessoais ou nacionais,
dizemos que agindo com foco no primeiro objetivo, ele segue uma linha
consular, enquanto que, defendendo a nação, sua linha é diplomática. A
partir de então, surgem diversas subdivisões em sua atuação, podendo ele
atuar junto a outros países, ocupando espaço em consulados e
embaixadas, em organismos chamados de multilaterais, como é o caso da
Organização das Nações Unidas (ONU) e também no Brasil.
Quais são as atividades de um diplomata que atua no Brasil?
É possível atuar no monitoramento e no acompanhamento de assuntos
envolvendo outras nações em Brasília. O diplomata que atua no Brasil
pode ficar encarregado de se relacionar com consulados, embaixadas e
missões estrangeiras no país.
Além disso, cabe ao diploma lotado em seu próprio país, a busca por
captação de investimentos junto a empresas nacionais, visando a promoção
comercial. Além disso, existem setores administrativos do Ministério
das Relações Exteriores espalhados pelo país, como é o caso da
Coordenação de Licitações. Nesses espaços, o diplomata pode exercer suas
atividades sem precisar sair do país.
Mitos sobre a carreira diplomática
O primeiro, e talvez o mais conhecido mito, é dizer que é preciso ser formado em Direito para a carreira
diplomática. Como visto, isso não é necessário. Além disso, também
vimos que o diplomata não atua somente fora do país, podendo ocupar
cargos em diferentes locais do território nacional.
Outro ponto importante é dissociar o diplomata da figura do
bon-vivant. Fato é que o diplomata é um funcionário público com todas as
atribuições de sua área. Assim, ele precisa ter uma rotina profissional
como boa parte da população. Isso quer dizer que trabalha em
escritórios, participa de reuniões, faz despachos com superiores e
convive com a burocracia.
Também existe a ideia de que para ser diplomata é preciso ter uma
inteligência acima da média. Isso não é verdade. Diplomatas precisam sim
estudar muito, algo que tem mais a ver com empenho e força de vontade
do que com genialidade.
Enfim, a carreira diplomática é uma opção muito atrativa para quem se
interessa por temas como relações internacionais e política. Se você
ficou interessado em seguir esse caminho, o ideal é começar a estudar
desde já, pois os concursos são bastante concorridos.
Texto escrito por: PRAVALER