ESCOLHA DE SEDE
Demorou para a Alemanha receber uma Copa do Mundo. Desde sempre uma das principais potências do esporte, o país foi prejudicado pelo regime nazista e seu consequente envolvimento na Segunda Guerra Mundial. Seria natural que recebesse uma Copa nas décadas de 40 e 50, mas o próprio conflito e depois a necessidade de reconstrução da nação germânica adiaram o objetivo. Acabou acontecendo em 1974. A Espanha chegou a concorrer com a Alemanha, mas retirou a candidatura em troca de apoio oito anos depois.
OS ESTÁDIOS
Nove estádios, em nove diferentes cidades, receberam a Copa do Mundo de 1974. Alguns deles foram construídos para o Mundial - caso do Westfalenstadion, de Dortmund.
AS ELIMINATÓRIAS
Alemanha, por ser a sede, e Brasil, atual campeão, tiveram classificação direta. O Chile avançou na repescagem, batendo a União Soviética. Na Europa, equipes fortes, como Inglaterra, Espanha e França, ficaram fora, ao passo que Itália, Holanda, Alemanha Oriental e Bulgária tiveram caminhada sólida. Na América do Sul, Argentina e Uruguai confirmaram o favoritismo e asseguraram vaga.
O MASCOTE
Tip e Tap: união das Alemanhas (Foto: Reprodução) |
Dois garotos, Tip e Tap, foram os mascotes da Copa de 1974, em gesto que foi encarado como um símbolo de união esportiva entre as duas Alemanhas, a Ocidental e a Oriental, na época separadas.
O CAMPEÃO
A Alemanha Ocidental fez valer o fator local e uma geração talentosa, com craques como Franz Beckenbauer e Gerd Müller, para ganhar o Mundial. A caminhada começou trôpega, com derrota para a vizinha oriental na primeira fase, mas depois o time deslanchou. Na segunda etapa do torneio, venceu seus três jogos: 2 a 0 na Iugoslávia, 4 a 2 na Suécia e 1 a 0 na Polônia. Na final, superou a genial Laranja Mecânica, melhor Holanda de todos os tempos, com vitória por 2 a 1.
Alemanha supera Holanda na final da Copa e conquista o Mundial de 1974 (Foto: Agência AP )
O ARTILHEIRO
A Copa de 74 foi pródiga em grandes seleções, e uma delas foi a Polônia, de Grzegorz Lato, o artilheiro daquele Mundial, com sete gols. Extremamente rápido, muito difícil de marcar, o campeão olímpico de dois anos antes deixou sua tatuagem inclusive no Brasil, em que fez o gol que deu a sua equipe o terceiro lugar no torneio. Antes, marcara duas vezes na vitória de 3 a 2 sobre a Argentina, outras duas na goleada de 7 a 0 sobre o Haiti, uma no triunfo de 1 a 0 contra a Suécia e outra na vitória de 2 a 1 na Iugoslávia.
O CRAQUE
Johan Cruyff virou um sinônimo daquela Holanda assombrosa. Técnico e tático, genial e disciplinado, o craque holandês ainda hoje é lembrado como o principal símbolo de um time que encantou o mundo. Era tão diferenciado que usou o número 14, fugindo da ordem numérica, e teve uma marca diferente em seu uniforme, visto que era patrocinado por uma empresa diferente da do restante do elenco. Ele foi o condutor máximo do Carrossel Holandês até a final contra a Alemanha. Fez três gols, espalhados em duas das vitórias mais impressionantes da Holanda: dois na goleada de 4 a 0 sobre a Argentina e outro no triunfo de 2 a 0 contra o Brasil. Na final, porém, não foi tão bem e acabou superado por outro craque daquela Copa, o alemão Franz Beckenbauer.
A SELEÇÃO BRASILEIRA
Treinado novamente por Zagallo, a seleção brasileira iniciou a Copa de 1974 com dois empates por 0 a 0: contra a Iugoslávia e a Escócia. A primeira vitória veio apenas na terceira partida: 3 a 0 sobre o Zaire, gols de Jairzinho, Rivelino e Valdomiro. Foi o suficiente para garantir classificação. Na segunda fase, o Brasil largou com vitória de 1 a 0 sobre a Alemanha Oriental, gol de Rivelino. Em seguida, novo triunfo: 2 a 1 na Argentina, com mais um gol de Rivelino, acompanhado por Jairzinho. O jogo seguinte foi o último: derrota de 2 a 0 para a Holanda.
A DECEPÇÃO
Vice-campeã na Copa anterior, a Itália não passou da primeira fase em 1974. Ficou em terceiro no Grupo D, atrás de Polônia e Argentina, com uma vitória (3 a 1 no Haiti), um empate (1 a 1 com a Argentina) e uma derrota (2 a 1 para a Polônia).
PARA A HISTÓRIA
O dia 3 de julho de 1974 teve uma espécie de passagem de bastão entre duas seleções que viraram símbolo de futebol bonito: o Brasil, encantador no Mundial anterior, mas agora com uma equipe renovada e bem menos talentosa, e a Holanda, com um time revolucionário, de movimentação constante, de inversão de posições. Curiosamente, aquele encontro acabou sendo bastante violento, contrariando a vocação ofensiva das duas equipes. Fato é que a Laranja Mecânica era melhor. No primeiro tempo, o Brasil suportou bem a qualidade do adversário e até foi melhor em boa parte do tempo, mas depois sucumbiu na etapa final. Neeskens e Cruyff fizeram os gols que levaram a equipe europeia para a final.
A DECISÃO
Beckenbauer, o Kaiser, primeiro a levantar a Taça Fifa (Foto: Agência Estado) |
Foi impressionante. Na saída de bola, durante um minuto, a Holanda tocou a bola de pé em pé. Só parou quando Cruyff foi derrubado na área. Era apenas o início da partida, e a equipe laranja tinha um pênalti a seu favor sem que os alemães sequer tivessem tocado na bola. Neeskens bateu e fez 1 a 0. Parecia que a Holanda atropelaria a Alemanha e seria campeã mundial pela primeira vez. Só parecia. Os donos da casa equilibraram a partida, conseguiram controlar Cruyff e viraram o jogo. Breitner, também de pênalti, e Gerd Müller marcaram. Todos os gols saíram no primeiro tempo. Depois, Franz Beckenbauer, o Kaiser alemão, foi o primeiro a levantar o novo troféu, a Taça Fifa.
Fonte: Globo Esporte